sábado, 30 de abril de 2022

Oh, ela não usa Louboutin! (excerto) - IONE MORAIS

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Agora eu uso!... Oi, meu nome é Clara Durães!
Ora, esse é um nome bem sugestivo dado às condições que vim ao mundo. Mas isso mudou, e mudou umas semanas atrás quando estava em frente à uma casa lotérica. Um grande anúncio chamou minha atenção: “MEGA SENA DE ANO NOVO”. Senti um comichãozinho na mão. Pensei: Por que não? Arrisquei os poucos trocados que tinha. Não deu outra. Ganhei! Ganheeiê! Já pude comprar um colchão daqueles que a gente se afunda toda. Sonho de pobre né, gente! Agora tenho grana e vou aproveitar ao máximo esse passaporte para a vida cult. Nada de andar a pé ou de buzu, ah, eu nem sei como se escreve, mas vocês entenderam, são inteligentes, gostam de criticar a escrita dos outros aí nas redes.
Bom, de volta às minhas ideias do que fazer com meu tutu. Daqui por diante, meu bem, é salto alto e muita badalação. Pastelão dormido, nem pensar! Chinelinho de dedo, bye bye! Quero um Lobotam, ou melhor, Louboutin, que é mais chique. Fui pesquisar, pois é para isso que o professor Google serve. Para dizer a verdade, o Google serve para tudo, daí vocês podem imaginar de como meus parentezinhos me acharam. E como tenho parente, é cada prima!

EM - INTUIÇÃO - COLETÂNEA - IN-FINITA

Gosto quando me chamas - VÍTOR PAIVA DUARTE

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Gosto quando me chamas e dizes que me amas, falas-me de amor, com sorrisos de encantar, deixas-me com os olhos a brilhar, e o coração, em nítida aceleração, como se os pássaros amarelos, fizessem voos mais belos ou o canto da cotovia, repetisse todos os “amo-te” que eu te dizia!
Gosto quando me chamas, me mostras o quanto me amas, me dizes ao ouvido, palavras doces sem sentido, para me fazer perceber o amor, como se o mundo fosse uma bola chamada coração, a fazer bate-bate quando tu me dás a mão!
Gosto quando me chamas, olhas para mim e me amas, sabes que me deixas feliz, com esse amor que nunca fiz, na tua boca, flor-de-lis, com as tuas pernas nuas, e é como se do céu caíssem luas, nas minhas mãos... e nas tuas!
Gosto quando me amas, e dos nomes que me chamas, em segredo e com carinho, e eu cedo de mansinho, vou sem medo, sirvo um vinho, toco um dedo no teu ninho, e dou-te beijos pelo caminho, até chegar à borda dela... e bate a chuva na janela!

EM - POETIZAÇÔES EM PROSA - VÍTOR PAIVA DUARTE - IN-FINITA

sexta-feira, 29 de abril de 2022

O fantasma do fantasma (excerto) - VÍTOR COSTEIRA

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Há um chavão popular que diz que todos nós temos os nossos fantasmas! A sabedoria do povo é proverbialmente conhecida como acertada (às vezes…) e assim continuaria a ser se eu não conhecesse alguém que não tem fantasmas, de nenhuma espécie, que adormece bem a qualquer hora, que não pensa naquilo que já passou, que convive bem com a história ou, simplesmente, pouca atenção lhe dá! A vida faz-se de trás para a frente e não o oposto! Acho que esta pessoa é feliz, bem mais do que aquilo que eu consigo ser, nas mesmas condições.
Mas eu não. Eu não sou assim. Vivo muito com as pessoas que já cá não estão e, para além destes, não consigo viver sem os “meus” fantasmas! Aqueles que eu concebo, dependendo de cada situação. Devo dizer já, que tenho imensos, diria, até, que tenho alguns de estimação e em grande estima: alguns vivem comigo desde sempre e outros… invento-os! Para quê? Não há um objectivo para existirem, há antes uma causa que me leva a criá-los. E a causa está em mim, logo, o fantasma está em mim, eu sei-o. Provavelmente, por muito menos, já terá havido alguém considerado louco…
No entanto, mesmo sendo eu a criá-los, ou talvez por isso mesmo, não acredito em fantasmas. Não! Eu não acredito em fantasmas! É paradoxal, mas é a minha posição perante eles, logo perante mim próprio: aqueles que eu invento, invento por necessidade, mas não me fio neles. É como um sistema de auto-defesa!

EM - CONTOS E CRÓNICAS (IN)TEMPORAIS - VÍTOR COSTEIRA - IN-FINITA

quinta-feira, 28 de abril de 2022

Grinalda de emoções (excerto 6) - MARIA ANTONIETA OLIVEIRA

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Devagar, quase a medo, abri a porta… o que estaria por detrás dela? Desviei as teias de aranha que, de imediato, cobriram a minha cara e o meu corpo. Senti um arrepio, como numa corrente de ar, onde o vento forte entrasse e fosse rei do espaço. O hall encontrava-se apinhado de lenha e sacos com velharias. Tropecei, quase caí, olhei e no chão estava o boneco de louça que outrora fora o meu bebé, empoeirado e maltratado, tendo ficado ainda pior com o toque que lhe dei. O cheiro a humidade e a mofo, agoniavam-me. A escuridão, assustava-me. Com cuidado, para não voltar a tropeçar e ainda acabar por cair, dirigi-me à janela, abri as portadas de madeira, pesadas, já não me lembrava que eram tão pesadas! Depois, puxei o estore exterior e só de seguida abri a janela de par em par. O sol espreitou surpreso… há tanto que não via aquela janela aberta! Entrou alegrando aquele lugar nefasto e sombrio, esquecido no tempo pelos que outrora lá viveram.
Aos poucos, fui entrando e deixando que o sol penetrasse, aquecesse e renovasse aquele ar nauseabundo. A casa, aquela casa, onde outrora também fora feliz, estava fria e oca. Completamente oca e vazia. Vazia de amor, vazia de gente, vazia de nós, família.

EM - GRINALDA DE EMOÇÕES - MARIA ANTONIETA OLIVEIRA - IN-FINITA

quarta-feira, 27 de abril de 2022

Relâmpago (excerto) - GABRIELA LUÍS

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Tínhamos finalmente saído para um jantar romântico e o desejo pairava no ar.
A nossa amizade era muito recente, mas a química era intensa, ele fazia-me rir e lançava-me um olhar maroto, desafiante, de que eu gostava.
De forma inteligente, trocávamos mensagens, falávamos de música e de livros que nos marcaram, histórias das aventuras que vivemos, países e locais que conhecemos, pessoas e qualidades que enaltecemos, não esquecendo um pouco de brincadeira, pois essa era a sua maneira de me manter a pensar nele, de o ter na minha cabeça.
Estivemos a dançar, mas tinha chegado a hora de avançar para algo mais, e, à saída de um bar, uma discussão entre rapazes criando receio e confusão, serviu de pretexto para ele me dar a mão e abraçar-me, senti o seu corpo.
No elevador olhei-me no espelho, havia algo ali no meio, uma espécie de carência. Senti o meu telefone vibrar, como se me dissesse para parar, mas não quis atender, já sabia o resultado e não iria fugir, pois no fundo era tudo o que eu queria viver, uma noite de prazer, doar-me àquele ser, era uma sorte imensa, poder ter a sua presença e a oportunidade surgiu.

EM - INTUIÇÃO - COLETÂNEA - IN-FINITA

Meninos do bairro (excerto 8) - LUÍS VASCONCELOS

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Entrar no recinto da Feira, nos dias em que era paga tornava-se um enorme desafio para nós. Mas não apenas porque não havia dinheiro para o bilhete, mas sobretudo porque era algo que nos divertia imenso. Além disso, era quando vinham ao palco da Feira os mais famosos e consagrados artistas do nosso mundo do espetáculo nacional. Tínhamos de lá entrar, fosse como fosse. Planeávamos as mais subtis estratégias e a verdade é que com um pouco de inteligência, perspicácia e acima de tudo paciência, muita mesmo, e cuidadosamente lá conseguíamos iludir os vigilantes. Bom, há que admitir que alguns deles eram gajos porreiros, e mesmo apercebendo-se das nossas descaradas tentativas de assalto, até fechavam os olhos, assobiavam para o lado, e facilitavam-nos a vida. É que esses ainda não se haviam esquecido que também foram putos um dia, e que igualmente queriam entrar na Feira sem pagar!

EM - NINHO DE CUCOS - LUÍS VASCONCELOS - IN-FINITA

Muito Obrigada - Asante Sana (excerto) - ISABEL SOFIA DOS REIS-FLOOD

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Em Mombaça, há um forte português que retira o seu nome à terra onde o viu nascer. Trata-se de um forte, construído aquando da passagem de Vasco da Gama para a Índia. Tem uma zona exterior, ajardinada que contrasta com a interior muito decaída, apesar de ter estado sob a tutela (creio eu) de conservação por parte do museu Calouste Gulbenkian, durante muito tempo. O guia falou do infante Dom Henrique, o propulsionador dos descobrimentos portugueses com um chorrilho de mentiras sobre a sua biografia que me deixou toda arrepiada.
Assim, Vasco da Gama foi o primeiro europeu conhecido a visitar Mombaça em 1498. Apesar de todas as vicissitudes, Malindi permaneceu sempre leal aos portugueses. Aquando da tomada da cidade, pela terceira vez em 1589, quatro anos depois, os portugueses construíram o Forte Jesus para administrar a região, o qual passou a ser governado pela família que estava a reinar em Malindi, durante um certo período de tempo.

EM - KIPEPEO SAFARI (A VIAGEM DA BORBOLETA) - ISABEL SOFIA DOS REIS-FLOOD - IN-FINITA

terça-feira, 26 de abril de 2022

Poesia Universal (excerto) - ANA MENDES

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Era África livre, descontraída longe da agitação. Na mão um fio de prata, que segurava um papagaio de papel. No chão, um menino descalço que corria por ilusão e paixão. Ele acreditava que apenas com a sua vontade, ele voaria sem baixar, que subiria até alcançar o Luar. Nele colou desejos de doces e bombons coloridos, de dias melhores e carinhos perdidos.
Sem saber que com este simples pedido, ele daria a volta à terra e veria um outro menino a brincar, com um barco de papel que o fazia navegar. Era a Ásia na (E)monção que esperava a tempestade passar, que agora engrossava rios e os punha a transbordar.
E do outro lado da terra o menino de olhos rasgados sorria do efeito do vento no rio, que nas ondas transportava o seu barco de papel, para bem longe até ao mar. Nele depositara sonhos de marinheiro de calças curtas, de presentes para o futuro, mais justo e um abrigo seguro.

EM - PELO FIO DE ARIANA - ANA MENDES - IN-FINITA

24 Setembro 2018 (excerto) - FRANCIS RAPOSO FERREIRA

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Lourenço, sempre a intercalar a leitura com desvios de olhar na direcção de Mel, apercebe-se do esforço que ela vai fazendo para tentar esconder uma lágrima que espreita mesmo no canto dos bonitos olhos cor de mel. Quem sabe não seja a mesma lágrima que não chegou a chorar naquela manhã do dia do seu casamento.
Levanta-se, pousa o diário na cadeira onde estivera sentado, dirige-se a ela, abraça-a pelas costas, acariciando-lhe os desnudados braços, beija-lhe os brilhantes cabelos e pergunta-lhe se quer mesmo que ele continue com a leitura.
Mel, não conseguindo controlar o choro provocado por tais recordações, por mais tempo, gira sobre os calcanhares, até ficar de frente para ele, aconchega-se ao seu corpo, beija-o e propõe-lhe que façam um brinde a uma nova vida.
O que ela pretende, na verdade, é algum tempo para se recompor, ao mesmo tempo que volta a saborear o delicioso licor que a deixa orgulhosa de si mesma, pois se há coisas de que tem a certeza, uma delas é que nunca bebeu um licor tão bom como aquele, nem mesmo os outros que bebera daquela mesma garrafa, isto é, a presença dele a seu lado, até o licor melhorara.
A verdade se diga, é que nem sequer lhe está a apetecer mais licor, pelo menos assim ao natural, pelo que lhe pede que vá buscar uma ou duas pedras de gelo, aproveitando esses breves segundos para secar os olhos e ultimar os preparativos do suculento lanche.
Lourenço, percebendo tudo, prolonga o tempo necessário para lhe satisfazer o desejo, alegando ter de esperar que uma breve permuta de temperaturas se produza, isto é, que o gelo consiga arrefecer, um pouco, o licor, só então se decidindo a levar-lhe o cálice aos lábios, num gesto de grande carinho. Mel, já recomposta do medo provocado pelo recordar de tão distante dia 24 de Setembro de 1994, sonha que em vez do cálice, são os lábios dele que se aproximam dos dela.

EM - DIÁRIO DE MEL - FRANCIS RAPOSO FERREIRA - IN-FINITA

Um paradigma eco-ético social (excerto) - JOAQUIM SILVA

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As catástrofes ecológicas que seguem são determinantes para o cimentar da ideia do caminho para o desastre: Seveso, Bhopal, Three Miles Island, Chenobyl, seca do Mar Aral, poluição do Lago Baical, cidades no limite da asfixia (México, Atenas). Percebe-se que a ameaça ecológica ultrapassa fronteiras: p.e. a poluição do Reno diz respeito à Suíça, à Alemanha, Holanda, França, Mar do Norte. Chernobyl invadiu e ultrapassou o continente europeu, etc...
Contaminação das águas, envenenamento dos solos, chuvas ácidas, depósitos de resíduos perigosos, desflorestação, urbanização maciça das zonas costeiras, as emissões de CO2, intensificando de estufa e diminuindo a camada de ozono, aumentando o buraco de ozono na Antártida, enfim um mundo em completo perigo pela via de uma descontrolada tecnologização e em nome de um tipo de desenvolvimento, de uma via só.

EM - A VIA DA SÍNTESE III - JOAQUIM SILVA - IN-FINITA

segunda-feira, 25 de abril de 2022

A primeira dança (excerto) - FÁTIMA SOARES

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Era carnaval, ela tinha dúvida se ainda gostava do mela-mela, molha-molhas das crianças. A irmã mais velha em frenesi se preparava a noite. O baile no clube popular. A grande sensação seria a chegada dos convidados, rapazes mascarados.
Com muito custo, conseguiu autorização da mãe para uma olhadinha, devia voltar antes das 10 da noite. E nada de dançar com homem feito. Não tinha fantasia, usou o mesmo vestidinho simples das tardes de domingos. Sapatilha. Um pouco de batom e uma tiara colorida, conceções da mãe em dia especial.
Foi das primeiras a chegar no clube. A música tocava alto, o discotecário no pequeno palco aquecia a máquina.
Algumas moças já estavam no terraço esperando os convidados. Quantos seriam? Palhaços, Pierrôs, Arlequins... Quem dançou, quem beijou um mascarado ano passado? Cochichos e risos. Naquela conversa não cabia a menina com dúvidas se já havia crescido.
Entrou no salão quase vazio... Deu uma volta observando os enfeites nas paredes, forma de espantar a timidez ou estranhamento. Capiba se calou, discotecário anunciou Zé Kéty, Máscara Negra.

EM - INTUIÇÃO - COLETÂNEA - IN-FINITA

Tu és... Mim - VÍTOR PAIVA DUARTE

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Eu queria tanto ser normal. Mas não consigo, pelo menos enquanto o teu sorriso me tiver cativo, e o brilho dos teus olhos me guiar por este labirinto de emoções, sem ter outros padrões, como se toda a loucura se medisse pelo tamanho dos corações!
Eu queria ser normal, mas afinal, tu és a tal, e eu devo estar mesmo mal, para, coisa e tal, e sempre igual, apaixonado por ti, quero-te aqui e quero sentir o que já senti, reviver o que já vivi, ouvir outra vez o que já ouvi e oferecer-me todo a ti, porque, definitivamente... eu gosto de ti.
Eu queria ser normal, mas contigo. A emoção domina a razão, a pressa comanda as vontades e tu és em mim todas as tempestades. Sabes, apesar de tudo eu não sou louco, sou apenas um romântico apaixonado... pouco a pouco!
Eu já não sei se quero ser normal. Prefiro ser louco pelo toque da tua pele, sabe-me tão bem o mel dos teus beijos, e ser o objeto dos teus desejos. Fico sem chão se não me chamas “amor” e dói-me o coração se não me chama a tua 'flor'... não quero ser normal, prefiro o desassossego louco de estar apaixonado por ti, de ser tudo em ti, e de ser... TI, porque sinto que, definitivamente, enfim, tu és... MIM.

EM - POETIZAÇÔES EM PROSA - VÍTOR PAIVA DUARTE - IN-FINITA

domingo, 24 de abril de 2022

Crónica de um silêncio ido (excerto) - VÍTOR COSTEIRA

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Silêncio.

Foi em silêncio ensanguentado que um dia se apresentou à vida, retirado de um desesperado ventre que gritava liberdade e agarrado por mãos desconhecidas que agitaram e rasgaram o momento, com um primeiro choro magoado, e que, depois, depositaram a sua vida noutras mãos das quais nunca soube ternura, apenas o irrequietismo esquizofrénico de uma vida perturbada e sem direito a um silêncio de revolta!

Tinha sido também em silêncio que o seu ser fora gerado. Um silêncio envergonhado, contido, sem muitas palavras para dizer... apenas gestos, tempo e despedida.

Durante toda a sua melancólica existência foi aprendendo a viver no silêncio e a aceitá-lo como guarida, confessor e confessionário, ombro amigo, compreensivo, acolhedor abrigo onde se protegia do ruído de um mundo com regras espartanas que não entendia e onde não lhe foi permitido ser criança.

Foram muitas, mas todas vãs, as tentativas de viver fora e para além daquele universo cada vez mais estreito mas, sempre que lá regressava, levava consigo o peso, a carga, a culpa e a dor, de não ter sabido estar mais tempo distante!

EM - CONTOS E CRÓNICAS (IN)TEMPORAIS - VÍTOR COSTEIRA - IN-FINITA

sábado, 23 de abril de 2022

Grinalda de emoções (excerto 5) - MARIA ANTONIETA OLIVEIRA

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Há muito que a Suzete tinha um problema coronário que eu desconhecia, era mais um segredo entre ela e o doutor Alberto e nada me diziam para não me apoquentarem. Por vezes, eu notava-a abatida e cansada, mas, quando a questionava, ela limitava-se a dizer que era impressão minha, ou inventava algo que tinha feito de excesso, para justificar o cansaço. Eu acreditava, até um dia que ouvi um barulho estranho vindo do lado da cozinha e fui dar com ela caída no chão. De imediato telefonei para o doutor Alberto e de seguida para o 112. Chegaram quase ao mesmo tempo, mas já não havia nada a fazer… a Suzete tinha partido para sempre. Também a Suzete me tinha deixado sozinha. E agora? E agora?
O doutor Alberto, que até aqui tinha sido mais que um médico, um grande amigo, foi incansável e era raro o dia em que não passava lá por casa, entrava, sentava-se no “seu” cadeirão, pois há anos que era naquele e só naquele, que ele gostava de se sentar, e conversávamos de tudo e de todos; era uma forma de me fazer sentir que não estava só. Mas eu sentia que já não fazia sentido viver naquela casa. Era demasiado passado para mim, guardava nela muitos momentos bons e maus, muitos sonhos realizados e outros desfeitos. Sentia que se ali continuasse ia deixar de viver e eu queria continuar a viver, para poder conhecer o meu neto que vinha a caminho. O Rodrigo ia dar-me um neto. Tinha que sair dali. Se bem pensei, melhor o fiz.

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sexta-feira, 22 de abril de 2022

Meninos do bairro (excerto 7) - LUÍS VASCONCELOS

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Não poderia deixar de falar do mago, mestre das tesouras, o inigualável e insuperável barbeiro, não de Sevilha, mas da freguesia S. José, Viseu, sr. Celestino, A sua barbearia ficava situada junto ao Bairro Como devem imaginar, todos os putos que viviam por ali, era lá que se apresentavam para a tosquia costumeira. Lá nos sentávamos na cadeira e ele nem perguntava como queríamos o corte. A gente bem explicava, ele já de pente e tesoura na mão apenas ia dizendo: “Sim, sim, pá, não te preocupes. Estás em boas mãos! Vai ser como queres. Aqui o cliente é que manda! Já sabes como é, pá!”. Pois é, o problema é que nós sabíamos. Nunca era como nós queríamos e pedíamos. O pobre homem, manquejando à volta da cadeira, pois tinha um pequeno defeito numa perna, além de ser algo mouco e de poucas falas, lá ia entre uma tesourada e outra, fazendo o seu corte top. Sempre o mesmo, para os putos todos. Pelo menos não era xenófobo. Terminado o serviço, enquanto nos dava uma escova para tirar os cabelos da roupa, lá ia dizendo: “Então, pá, está ou não impecável. Exatamente como pediste. Eu bem te disse. São muitos anos a virar frangos. Não falha!”. Mas falhava, o pior é que falhava. Pior ainda, não conseguia perceber e reconhecer que sim! Acho até, sinceramente, não sabia fazer outro penteado à tesoura. Especializara-se naquele. A não ser quando decidia recorrer aos pentes da máquina! E essa não era definitivamente uma alternativa para nós, os meninos do bairro, da Estação!

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Muito Obrigada - Asante Sana (excerto) - ISABEL SOFIA DOS REIS-FLOOD

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Eu e as minhas três amigas dinamarquesas que trabalham em Gigiri, fomos numa viagem que durou aproximadamente uma hora, ao monte Longonot que é um vulcão inativo. O monte Longonot é um estrato vulcão, localizado no sudeste do lago Naivasha, no grande Rift Valley, a sua última erupção data de 1860. O seu nome deriva da palavra Masai Oloonong’ot, significando «montanhas de muitas esporas e cumes». Consiste num percurso de 3.1 quilómetros, desde a entrada do parque até à cratera, e continua num loop em volta da cratera cerca de oito a nove quilómetros de extensão, permitido pausas para descanso, apesar de partes do percurso estarem erodidas e serem muito íngremes. O pico está a cerca de 2780 metros de altitude e a cratera tem no seu solo uma floresta de pequenas árvores e aberturas de vapor são encontradas espaçadamente nas paredes da mesma. A montanha alberga várias espécies de vida selvagem, notavelmente a girafa, zebra, a gazela Thomson e búfalos.

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quinta-feira, 21 de abril de 2022

29 Setembro 1995 (excerto) - FRANCIS RAPOSO FERREIRA

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Olá meu querido e leal amigo.
Desculpa por só agora, a esta hora tardia, vir ter contigo, mas, acredita-me, não o pude fazer antes, apesar de bem o desejar. O outro, do qual não me apetece nem sequer pronunciar, ou escrever, o nome, pois vejo-o mais como meu carrasco que como meu marido, parece andar desconfiado de alguma coisa. Hoje, contrariando tudo o que é habitual nele, chegou cedo a casa, antes não o tivesse feito, e parecia que iria ficar, toda a noite, a controlar os meus passos e a vaguear por casa, ao mesmo tempo que me ia dirigindo acusações completamente infundadas, mas que qualquer um destes dias, talvez deixem de ser puras invenções daquela mente suja e se transformem em realidade.
É verdade, sinto-me tão infeliz com tudo o que estou a sofrer que já nada me preocupa, por isso, falem bem ou mal de mim, acusem-me de ser isto ou aquilo, sinto-me cada vez mais tentada a dar-lhe razão quando me acusa de ser uma oferecida a tudo quanto seja homem, isto é, sinto-me cada vez mais próxima de ceder às tentações e aos desejos do corpo e arranjar um, ou mais, amantes. Confesso-te, só não o fiz já, por medo de poder vir a arranjar problemas para quem não tenha culpa de nada, pois não duvido que se ele vier a descobrir, não descansará enquanto não se vingar, começando em mim e só acabando quando o conseguir naquele a quem decidir entregar-me.
Como te dizia ontem, o dia do meu casamento, previsivelmente um dia de festa, acabaria por ser assolado por um verdadeiro temporal, que transformaria a festa em pesadelo, para mim, como é lógico. Se tiveres paciência para me ouvir, contar-te-ei tudo, exactamente como se passou, pois apesar de já ter passado um ano, as imagens continuam vivas na minha mente, suspeitando mesmo que nunca as conseguirei apagar, até porque ele, por puro masoquismo, mo está constantemente a recordar.

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Um paradigma eco-ético social (excerto) - JOAQUIM SILVA

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- A Desregulação Demográfica Mundial
A desregulação demográfica é um dos fatores mais importantes, neste processo civilizacional agonizante.
O crescimento populacional foi de tal ordem – em 1800 a humanidade situava-se nos mil milhões de seres humanos, hoje andará pelos 7 mil milhões, em apenas 200 anos cresceu milhões de vezes mais que toda a história humana neste planeta.
As possibilidades de subsistência da humanidade face aos recursos e exigências tecnológicas começam a escassear, com a previsão de fomes generalizadas, falta de recursos potáveis, migrações em massa, convulsões sociais e políticas em consequência.
Esta situação mais grave é quando a subida demográfica se verifica nos países em desenvolvimento, ou pouco desenvolvidos e portanto “obrigados” a empurrar o mundo para a combustão fóssil, que destrói a nossa biosfera...

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quarta-feira, 20 de abril de 2022

Adoro contar-te os meus segredos - VÍTOR PAIVA DUARTE

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É nas noites de inverno, frias e longas, que quero pousar a cabeça nos teus ombros macios e fingir que adormeço. Finjo que sonho e que, a sonhar, viajo contigo pelos mundos imaginários da paixão até nos perdemos da realidade para viver aventuras nos nossos corpos famintos de nós!
Gosto de sentir o odor exalado pelo teu corpo perfumado e nu, como quem sente o cheiro das chuvas férteis na terra rasgada, e recentemente lavrada. Gosto de te sentir aberta e oferecida ao arado da minha loucura que sonha fazer em ti sementeiras de esperança, para que floresças na primavera e voltes para mim em forma de flor!
Adoro guardar-me em ti no silêncio das palavras que calo à nascença, nos teus lábios doces pela urgência dos beijos que te roubo sem medida, porque sei que em cada beijo roubado estão mil promessas de amor sem fim, e esse amor é todo para mim!
Gosto de ir devagar, passeando docemente os meus dedos pelas elevações arredondadas do teu corpo, sentindo a aveludada doçura da tua pele, como se fosse possível estar mil vezes apaixonado por ti, e ainda assim me apaixonar outra vez, quando a tua voz se atreve a invadir o meu coração na forma de suspiros!
Adoro contar-te os segredos da minha mente para que conheças o meu lado obscuro e descubras que há em mim aventuras que devaneiam pela sensualidade da tua pele desnuda que me incendeia os sentidos com a fome das sensações que o teu toque me provoca e me dá vontade de te invadir o corpo em toda a profundidade, até te chegar à alma e te fazer apaixonar por mim!

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terça-feira, 19 de abril de 2022

O menino que não ria (excerto) - VÍTOR COSTEIRA

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Chegava à porta, assomava o rosto dócil ao postigo, pedia autorização com o olhar e ali ficava, olhar meigo, algo triste e ausente, olhando para as mãos, agulhas, linhas, roupas e parava no sorriso que o acolhia, como se já o esperasse.
– Olá! Bom-dia! - saudava-o uma voz amiga que já se habituara ao som pouco audível da resposta, numa fuga envergonhada do olhar.
– Bom-dia, dona Natércia!...
E a azáfama que dava vida ao que vida dava a quem as vestia, prosseguia durante algum tempo sem que os intervenientes alterassem o ritmo dos seus gestos. A costureira acelerava a faina, para que mais breve recebesse o valor pré-acordado com a cliente e o menino era personagem de histórias que a senhora conhecia dele e das razões que faziam dele aquele menino tão parado, frágil e quase assustado, mas doce, educado e paciente.
– Então, não vais brincar? – despertava-o aquela voz serena e gentil de mundos e fantasias que apenas ele poderia deles falar. Mas a sua boca apenas se abria para dizer algo que a dona Natércia dificilmente ouvia e concluía que a resposta seria negativa.
Entretanto, enxurrada atrás de enxurrada, grossas gotas de alegria e de liberdade franca passavam-lhe nas costas, rua abaixo, rua acima, e ele voltava-se de frente para o murmurejar irrequieto da miudagem que pontualmente o convidava e incitava a fazer parte da louca felicidade sem peias.
– Olá, “tara” linda! - chegava até ele a voz inconfundível e divertida da única filha da costureira, oriunda dos fundos escuros da casa que ele imaginava sem fim.

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segunda-feira, 18 de abril de 2022

Grinalda de emoções (excerto 4) - MARIA ANTONIETA OLIVEIRA

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Quando me controlei um pouco, já tinha a meu lado a Suzete com um copo de água e um comprimido que o doutor lhe tinha dito para ir buscar ao armário dos medicamentos que foram do Miguel. Bebi a água e o comprimido seguiu pela garganta abaixo. Olhei-os com carinho e agradecimento.
Suzete era uma boa amiga que me acompanhava desde a infância. Foi para casa dos meus pais, para cuidar de mim, tinha eu cinco anos, e ela era também uma menina, com apenas quinze anos. Brincávamos juntas e tornámo-nos amigas inseparáveis. Quando casei, ficou comigo. Quando fui viver para a Figueira da Foz, levei-a comigo e esteve sempre a meu lado nos bons e nos maus momentos, até que também ela resolveu deixar-me.
Voltando àquele dia… acalmei, relaxei e prometi, a ambos, que me iria portar bem. Prometi e cumpri. Voltei a comer, a cuidar de mim e até voltei a passear pelo paredão junto ao mar.

EM - GRINALDA DE EMOÇÕES - MARIA ANTONIETA OLIVEIRA - IN-FINITA

domingo, 17 de abril de 2022

Meninos do bairro (excerto 6) - LUÍS VASCONCELOS

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
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Foi esse o espírito que motivou a formação de um grupo de jovens aventureiros que designámos por “Colorido”. Nas traseiras da SAPEC havia uma oficina de reparação de autocarros, ou camionetas. Depois de fecharem, fazíamos, já de noite, usando roupa escura, pequenos furtos, sobretudo latas de tintas e pinceis, que usávamos para pintar os campos onde jogávamos caricas, as bicicletas quando a tinta ficava mais raspada e destoada, e a nossa mesa de ping pong. Fomos nós que a fizemos, uma pequena obra de arte, o nosso orgulho! Arranjámos a madeira, a rede, as tintas e saiu algo semelhante às mais apreciadas esculturas gregas. Pronto aqui admito que exagerei um pouco! A nossa mesa era muito mais bonita! Era nossa, feita por nós, o que a tornava tão única, inimitável, especial e inconfundível! O “Colorido”, este nosso gang de perigosos vilões psicopatas, rapidamente se desmembrou. Porquê? É simples. Fomos apanhados, denunciados aos nossos pais, e eles encarregaram-se com muito empenho, de uma forma bem clara, que não queriam mais brincadeiras semelhantes!

EM - NINHO DE CUCOS - LUÍS VASCONCELOS - IN-FINITA

Muito Obrigada - Asante Sana (excerto) - ISABEL SOFIA DOS REIS-FLOOD

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
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Infelizmente, nos tempos que correm, a população de flamingos tem decrescido, provavelmente por causa do turismo e poluição industrial. Em anos recentes tem uma havido variação abrupta entre as épocas secas e húmidas, o que afeta os níveis da água. Suspeita-se que tal seja causado pela conversão das áreas do lago em produção de cultivo intensiva e a urbanização. A poluição e a seca destroem a comida dos flamingos, é uma mudança fruto das alterações climáticas.
Depois desta visita, voltei mais tarde a Nakuru. Chegámos nessa altura ao cair da noite para um jantar muito especial. A máquina fotográfica da Arouko, uma das minhas melhores amigas em Gigiri, tinha desaparecido e finalmente alguém foi convencido a devolvê-la e em sinal de respeito para com ela assou-se um cabrito na fogueira e comeu-se um delicioso manjar na companhia de alguns quicuios e masai. Foi de facto muito agradável o convívio. Em seguida tivemos de partir pois Nakuru estava sob recolher obrigatório, a partir da meia-noite, pois houve alguns tumultos sociais nessa área e para prevenir males maiores as autoridades decidiram agir.

EM - KIPEPEO SAFARI (A VIAGEM DA BORBOLETA) - ISABEL SOFIA DOS REIS-FLOOD - IN-FINITA

sábado, 16 de abril de 2022

24 Setembro 2018 (excerto) - FRANCIS RAPOSO FERREIRA

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
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Mel, pela primeira vez nos seus últimos vinte cinco anos de vida, sente-se uma mulher feliz, receosa quanto ao futuro, mas feliz. Uma decisão já ela tomou, no dia seguinte irá telefonar à sua psicóloga, contar-lhe, sem rodeios, tudo quanto está a viver e pedir-lhe a sua opinião. Há muito que Mel aprendeu a confiar na Dra. Inês, como, nestes últimos tempos, só o fizera com Lúcia, o que não foi minimamente beliscado nem pelo facto de ter plena consciência que a amiga se aproveitou de um momento em que se encontrava mais débil emocionalmente falando, para a levar para a cama.
Lourenço, já de copos na mão e com o diário debaixo do braço, não consegue disfarçar todo o encanto que aquele corpo sob os já ténues raios de sol lhe provoca. Mel é, sem dúvida alguma, dona de um corpo perfeito, a que os longos cabelos pretos só dão mais, ainda mais, beleza. Deixa-se ficar alguns minutos a observá-la:
– Oh, licor de tangerina, o meu preferido.
– Poderia dizer-te que foi pura intuição masculina, mas seria mentira, pois, a verdade é que ao verificar que essa garrafa era a que estava mais vazia, deduzi que deveria ser aquele que mais aprecias.
– Obrigado pela sinceridade. Outros, talvez se tivessem posto a inventar com palavras bonitas, dizendo que era o amor e mais não sei o quê, mas, muito provavelmente, muitas delas só isso mesmo, palavras isentas de qualquer sentimento.

EM - DIÁRIO DE MEL - FRANCIS RAPOSO FERREIRA - IN-FINITA

Um paradigma eco-ético social (excerto) - JOAQUIM SILVA

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
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O mercado mundial pode ser considerado como um sistema auto-eco-organizador (Morin, 1993). Ou seja, produz as sua própria organizações e interage com outros sistemas. O problema é que o mercado, como saber económico, se fechou na sua própria bolha, ignorando as demais dimensões antropológicas, sociais, psicológicas e políticas, pelo contrário pela força atractora impõe-se às outras dimensões, desregulando as mesmas.
Numa dialógica mundial a economia mundialização, por entre forças de integração e desintegração, culturais, psíquicas, sociais, políticas, derivadas do próprio sistema neo liberal, ou seja desde 1973, da crise petrolífera que prenunciou este nova era mundializada, de economias interdependentes, aonde o poder das nações transita para os grandes centros financeiros, criando, simultaneamente igualdades e desigualdades, mas sobretudo as desigualdades de larga escala mundial entre países e zonas do globo, cavando um fosso enorme entre 10% da população mundial e os outros 90%. Sem regulação é uma espécie de “cavalo doido” que destrói vidas à toa, culturas, economias nacionais e o próprio Estado Social...

EM - A VIA DA SÍNTESE III - JOAQUIM SILVA - IN-FINITA

sexta-feira, 15 de abril de 2022

O menino perdido (excerto) - CARLA GISELE BATISTA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Meu sobrinho Antônio tinha 5 anos quando o convidei a vir passar uns dias em Recife. Achei lindo quando disse decidido, antes que consultássemos pai e mãe, que viria.
Eu, ele, e um casal de amigos, fomos passar o final de semana em um hotel perto do Forte Orange, na ilha de Itamaracá. Crianças adoram piscina quando se cansam do mar. Teríamos opções.
No sábado de manhã nos sentamos em uma das mesas nas barracas em frente ao Forte Orange, e dá-lhe comer besteirinhas que ele não conhecia. Antônio então me disse tia, quero ir ao banheiro. Eu, que nunca convivera mais de perto com crianças, respondi displicentemente que ele fosse ao banheiro da nossa barraca, que estava ao fundo, em frente à mesa.
Quando ele saiu andando, olhei pr'aquele menininho e me dei conta “você está louca!? como é que diz para uma criança deste tamanho ir ao banheiro sozinha!?”. Levantei e fui atrás. Quando cheguei na barraca-bar, e já não via Antônio, perguntei onde estava o banheiro. O rapaz me disse que os banheiros de todas as barracas eram comuns, apontando a direção.

EM - INTUIÇÃO - COLETÂNEA - IN-FINITA