Crônica para
uma manhã de Março ( I )
Contrair o
vírus COVID-19 não é uma sentença de morte, a maioria se recupera, o que morre
hoje, de certa forma, é a liberdade de ir e vir, a alegria de estarmos próximos
uns dos outros, os beijos e abraços. Os compromissos adiados, a falta da cura,
o isolamento social, que não sabemos como lidar, os noticiários, as previsões
em gráficos detalhados do caos, a contagem dos suspeitos e dos óbitos,
perfeitamente ordenados por continentes, tudo isso invadindo o emocional,
principalmente dos mais sensíveis e empatas. Tudo o que era inadiável há 15
dias ou uma esperada conquista, ficou em "stand-by". Nos comunicamos
via aplicativos e redes sociais para diminuir o impacto. A tal da curva do
contágio e o seu pico, quarentenas, alertas, parecem vindos de um filme de
ficção científica, só que agora fazemos parte dele, sem sermos consultados.
Quantos restarão para contar a história, quantos de nós ainda estará aqui em
três meses ou um ano, como proteger nossa família e filhos, que não podem ir ao
parque, a escola, ao cinema, namorar ou jogar bola, o que restará deste
cenário, afinal? Estamos na urgência de algo salvador da ciência, de
governantes competentes, não de abutres mercenários, falsos salvadores,
comercializando seus milagres em busca de dízimos, atrapalhando a verdade,
debochando da fé. Com certeza, esse novo invasor não vencerá a todos, mesmo que
eu seja vencida, tudo bem, saberei que a humanidade ficará mais forte e unida.
Tudo irá continuar. O sol, o mar, as noites de luar, a música, a poesia, os
monumentos do mundo serão preservados, pois não existem bombardeios, só
silêncios. A natureza, as artes, as flores, as catedrais e belas cachoeiras, o
Cristo Redentor, o amor e as quatro estações do ano, sempre permanecerão...!
BRASIL, SBC/SP - 22.03.2020
REGGINA MOON
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