A
minha aventura no "Reino da Literatura" começou efetivamente pela
poesia, embora curiosamente os meus três primeiros livros editados tenham sido
na vertente de Romance/Conto.
Apesar
de amar a poesia, a minha mente está sempre em ebulição e surgem-me ideias para
novas histórias com alguma facilidade, daí dar preferência aos contos.
2
- Quase um ano de pandemia, o que mudou na sua rotina, enquanto autora?
Em
ano de pandemia, praticamente não estive parada. No mês que por obrigatoriedade
estive em layoff, fechei um projeto literário infantil que já tinha começado,
mas que por falta de tempo ainda não tinha tido a oportunidade de concluir em
termos de ilustração. Por incrível que pareça, o ano de pandemia foi para mim
um ano bastante ativo, apesar de ter reservado tempo para estar comigo e para
deixar a vida fluir conforme ela se me apresentava, lancei dois livros, um
livro de romance "Ao Alc@nce de um Click", um livro infantil
"Qual é o valor da amizade?", concluí um novo romance e estou a
lançar o "benjamim da família" que é um livro de poesia. Por isso
realmente não me posso queixar, só tenho mesmo a agradecer e abençoar a minha
jornada.
3
- O que tem feito para se manter produtiva e dar continuidade aos projetos em
tempos tão restritos?
No
meu caso é colocar literalmente as mãos na massa, ou seja, se estamos à espera
de que a inspiração surja, ela por vezes faz greve... Faz hoje, amanhã, além e
por aí fora, mas quando nos dispomos todos os dias a desligar todas as
interferências exteriores nem que seja por dez ou quinze minutos, sentarmo-nos
diante do computador, inspirar profundamente e ir transcrevendo pensamentos,
ideias, etc. mesmo que não esteja exatamente de acordo com o trabalho que temos
em mãos no momento, a inspiração acaba por nos visitar.
4
- Pontos positivos e negativos na sua trajetória na escrita.
Os
pontos positivos são imensos: Fazer algo que gosto, isso só por si, já é
fantástico. Colocar a mente em funcionamento, isso sem dúvida. O cérebro é um
músculo que quanto mais se treina, mais ele trabalha a nosso favor. Hoje em dia
há aquela tendência para o comodismo e o imediatismo, tanto no falar como no
escrever e muitas vezes nem se faz um pequeno esforço para pensar muito bem o
que se está a fazer, não se lê, se escreve ou se pensa com a devida atenção. A
tendência do "consumo imediato" está em tudo e se não estivermos
atentos, é algo que nos começa a tirar aquele gosto de pegar na cana de pesca e
ir pescar, até que a determinada altura, se deixarmos de pescar, desaprendemos,
estaremos à mercê de quem o saiba e se esforce por o fazer. É mais fácil ideias
e opiniões pré-concebidas do que ter as suas próprias ideias e opiniões, vale
tudo desde que nos sintamos satisfeitos no imediato. Nada contra e de vez em
quando não vai daí tanto mal ao mundo, desde que não se entre nessa espiral de
forma contínua porque acredito que a longo prazo, terá as suas consequências.
Para
mim, a escrita inverte a tendência de me acomodar, quanto mais leio e escrevo
mais procuro conhecimento para o continuar a fazer. A escrita faz-me pensar,
repensar, observar tudo, rever, procurar, questionar, investigar, mas tudo a
seu tempo, não como forma de matar "a fome" no momento.
5
- O que pensa sobre essa nova forma de estar, onde tantas pessoas começaram a
utilizar LIVES e VÍDEOS para promover suas atividades?
Eu
tenho uma frase que me tem regido ao longo da vida que é: "árvores que
vergam, não partem". Devemos adaptar-nos às mudanças, ser flexíveis a elas
e perceber quais se enquadram ou não no fluxo da nossa vida. Não é por haver
imensas pessoas o fazerem algo que vamos todos fazer igual, mas se for uma
ferramenta que irá facilitar e impulsionar as nossas atividades e negócio, não
vejo inconveniente nenhum nisso. Temos de ir acompanhando as novas realidades,
desde que sejam coerentes com aquilo em que acreditamos, com a nossa forma de
ser e estar, além de que "as ferramentas" terão sempre a utilidade
que lhe dermos, nada é bom ou mau por si só.
6
- Acredita que o virtual, veio ocupar um espaço permanente, sobrepondo-se aos
encontros literários presenciais, pós pandemia?
Acredito
que poderá ser uma tendência sim, embora eu não acredite no
"permanente". Tudo está sempre em constante evolução. Daqui por dez
ou quinze anos, não sabemos se haverá algo de novo que venha tirar o lugar a
esta realidade que damos agora por adquirida e inevitável. Quanto a mim, o
contacto humano é algo que continuo a privilegiar sempre que tiver essa
oportunidade, nada é mais gratificante para um escritor do que ter esta
proximidade com quem lê e é impactado positivamente pelo nosso
trabalho. Quando deixar de haver o contacto humano em toda a sua essência,
a humanidade deixará de se chamar humanidade.
7
- Se pudesse mudar um acontecimento em sua vida literária, qual seria?
Todos
os acontecimentos que foram surgindo na minha vida literária, foram os que me
trouxeram até aqui, com todo o conhecimento e legitimidade de escrever sobre o
que escrevo, por isso nesse aspeto não mudaria absolutamente nada. Só reduziria
um pouco as dificuldades que os escritores que não são conhecidos do grande
público têm para divulgarem o seu trabalho e serem reconhecidos por ele.
8
- Indique-nos um livro que lhe inspirou
Foram
tantos... A cada momento específico da nossa vida, acredito que há sempre um
que se destaca quer pela experiência que vivemos num determinado momento, quer
pelo conhecimento que em determinada fase da vida necessitamos de absorver. Por
isso seria injusto citar apenas um e se fosse a citar todos os que me
inspiraram, não caberiam aqui.
9
- Quem é T. M. GRACE no reflexo do espelho?
T.
M. Grace é um ser humano, que faz o que está ao seu alcance para se tornar a
cada dia um ser melhor e que tenta deixar o mundo melhor à sua passagem e se eu
estiver a conseguir esse feito, mesmo que em determinada altura não tenha total
consciência disso, acho que já é um reflexo razoável de se ver.
10
- Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?
"O
que acha que poderia fazer mais enquanto escritora, para tornar o mundo, num
mundo melhor?"
Continuar
a colocar à disposição o meu dom da escrita para escrever sobre temas e
situações que se passam no mundo e que em nada dignificam o ser humano, para
que todos possamos sair da "redoma em que vivemos" e tenhamos uma
visão mais conscienciosa do que se passa na realidade e que a minha escrita
toque os corações de forma a que todos olhemos à nossa volta e se comece, cada
um à sua maneira, a fazer algo para mudar para melhor.
É
algo ambicioso, eu sei, mas tudo é possível.
Biografia T.M. GRACE
T. M. GRACE é filha de
emigrantes portugueses, nasceu em Lisieux – França e demonstrou desde cedo
interesse pelas artes. A sua formação centrou-se na área de design e desde os
16 anos exerce profissões não só no design gráfico mas também em outras
vertentes. Tem trabalhado até aos dias de hoje em várias empresas do ramo das
artes gráficas. Exerce a profissão de designer, terapeuta e de escritora.
Marcam o seu percurso profissional como escritora, algumas obras tais como:
"Atrevo-me a Amar-te", "Jangada de Cartão", "Ao
Alcance de m Click", Várias participações em coletivos de poesia, cartas
de Amor, etc. e por último "Qual é o valor da Amizade?" que é a sua
estreia como escritora de literatura infantil, livro este, que conta também com
as ilustrações a seu cargo.