sábado, 30 de junho de 2018

EU FALO DE... SEMENTES DE HUMANIDADE


LIVRO GENTILMENTE ENVIADO PELA EDITORA
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Numa altura em que as correntes literárias parecem ter caído em desuso, ou está fora de moda catalogarem-se as criações e os autores desta era digital, arrisco dizer, embora de forma simplificada, que os autores de poesia, na hora de escreverem, dividem-se em duas tendências: de um lado os neo-românticos, de outro lado os universalistas.

Na leitura que fiz dos poemas deste SEMENTES DE HUMANIDADE, de José Carlos Pereira, não consegui deixar de me lembrar dos fundamentos bases do movimento romântico do século XIX. Contudo, e porque já se passaram duzentos anos e vivemos numa era bem distinta, existem elementos usados nos textos deste livro que, noutro período, seriam considerados inadequados e, talvez mesmo, contrários ao romantismo. Por essa razão, no primeiro parágrafo, eu identifiquei os neo-românticos.

Tal como há dois séculos, os poemas deste livro retratam o drama humano, as questões do EU, a religiosidade, a paixão, os sentimentos pelo outro e pela natureza, baseando-se nos momentos de inspiração fugaz que a vida proporciona. Ao mesmo tempo somos brindados com os tais elementos contrário à corrente literária original que, no meu escasso conhecimento académico, remeteu-me mais para o realismo e até para o humanismo.

O enfoque do autor na busca pelo entendimento, através dos sentimentos e emoções; a extrema sensibilidade sobre os aspectos mais frágeis do outro; e a presença constante do elemento divino como rumo e/ou explicação para os desafios que a vida coloca, dão-nos a ideia clara sobre os propósitos de José Carlos Pereira ao compilar os textos que compõem o livro.

SEMENTES DE HUMANIDADE, mais que um livro de poemas, é um compêndio de textos com forte dose de valores morais, gritos de esperança, escritos por alguém que apenas dá às suas palavras o cunho e testemunho daquilo que aprendeu durante todo o seu percurso académico, aliado à experiência adquirida ao longo da vida.

MANU DIXIT

DEZ PERGUNTAS A... ANDREA PELAGAGI


Agradecemos à autora ANDREA PELAGAGI pela disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Como se define enquanto autora e pessoa?

Que difícil se definir! Vou roubar algumas citações para me ajudar.
A primeira, do Pessoa, no Livro do Desassossego: Mover-se é viver, dizer-se é sobreviver.
A segunda, do Beckett, em Esperando Godot: A gente está sempre inventando alguma coisa (hein, didi) para dar a impressão de que a gente existe.
A terceira, do Van Gogh, em uma das cartas a seu irmão Theo: Ache belo tudo o que puder, a maior parte das pessoas não acha belo o suficiente.
Essas três primeiras dizem muito para mim e por mim!
A quarta é minha, está no livro “As amigas que fiz”: É coisa difícil descrever as pessoas, elas não cabem nelas mesmas, mas eu descobri um segredo: pequenas porções das pessoas cabem em suas histórias.
A autora e a pessoa são uma só.

2 - O que a inspira?

Pessoas e relações entre pessoas. Encontros.
A natureza.
A linguagem (e os limites da linguagem).
O cotidiano.
As vozes particulares.
O silêncio.
Qualquer coisa inominada num instante de atenção.
Enxergar poesia além dos versos.

3 - Existem tabus na sua escrita? Porquê?

Se existem, ainda não os identifiquei. Não no sentido de deixar de abordar algum assunto que seja um tabu para mim. Há temas que me são mais afins. Tenho notado que identidade e família são dois deles. E há temas e abordagens que não falam tanto comigo, como o erótico, por exemplo. Em outro sentido, procuro escrever com naturalidade, sem juízo de valor sobre o que é humano. Um caso engraçado é o do meu primeiro livro infantil publicado – (Im)previsível. Uma amiga comprou o livro durante a campanha de lançamento. Quando recebeu, me disse em tom de brincadeira: acho que só vou entregar este livro para o P* (seu filho com 10 ano na época) quando ele fizer 18 anos! Isto porque, na história que tem guarda chuvas como personagens, um dos guarda-chuvas “cai no mundo” e não volta para casa e outros dois personagens, um guarda-chuva e uma sombrinha, resolvem morar juntos, sem casamento. Os tabus estão em muitos lugares, depende da leitura de cada um.

4 - Que importância dá às antologias e colectâneas?

Têm sido, para mim, oportunidades de levar minha escrita a mais pessoas, de conhecer melhor o mercado editorial e o trabalho de outros autores contemporâneos. Muitas vezes, através de um encontro numa antologia -  de um pequeno texto - surge o interesse pela obra de um autor até então desconhecido. São, portanto, frestas convidativas.

5 - Que impacto têm as redes sociais no seu percurso?

As redes sociais são ferramentas, acho importante reforçar que não são outra coisa. Mas são também as ferramentas atuais mais democráticas e acessíveis. Neste meu percurso literário elas estão muito presentes – através delas tenho acesso a outros escritores, a editores e a leitores. Conheci o projeto Conexões Atlânticas, por exemplo, através das redes sociais. Meus dois primeiros livros infantis foram impressos através de financiamento coletivo. Sem uso de plataformas comerciais de crowdfunding tradicionais. Criamos um perfil, plugamos um meio de pagamento e fizemos postagens de forma independente.
Quando digo que as redes sociais são ferramentas, o que quero dizer é que não acredito que estejam criando novos comportamentos, mas apenas traduzindo para o mundo digital os comportamentos que já temos fora dele. Tenho um pequeno artigo, já antigo agora, sobre esta grande questão que atormenta (atormentou mais no passado recente) a todos nós: como incentivar a leitura neste mundo tão digital e audiovisual? E a resposta me parece simples (talvez eu esteja sendo simplista, é um risco): curtindo, comentando e compartilhando histórias e livros.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita?

No universo da escrita não vejo pontos negativos. Talvez eu seja capaz de apontar desafios se extrapolarmos para o universo da escrita como negócio - como trabalho e meio de sustento. Mas este não é o meu caso, não me dedico exclusivamente.
E escrever é muitas coisas, nenhuma delas negativas para mim. Tenho uma pequena série (ainda sem destino) que chamo de “Escrever é...”, inspirada na antiga “Amar é”.
Escrever é ... desejar estar à altura das epígrafes que você escolheu.
Escrever é... derivar.
Escrever é... enfrentar.
Escrever é... inventar uma história, um narrador, um personagem, um escritor.
Assim continua, mas acho que aqui consigo responder sobre o ponto positivo: escrever me permite (ou tem me permitido) me (re)inventar. E a perceber melhor o mundo.

7 - O que acredita ser essencial na divulgação de um autor?

Acredito ser importante estar atento tanto aos meios tradicionais quanto aos mais disruptivos. E focar na qualidade do trabalho, na natureza da obra mais do que no autor propriamente dito. Promover a interlocução entre obras que o permitam, sem ficar preso a rótulos, bandeiras e nichos. Sei que do ponto de vista de marketing é mais fácil pegar carona em tudo isso, mas acredito que empobrece a literatura.
No caso da literatura infantil vejo um desafio muito grande de divulgação especialmente porque entre o autor e o leitor (criança), há muitos intermediários: pais/responsáveis, professores, pedagogos, livreiros, distribuidores, etc.

8 - Quais os projectos para o futuro?

Projetos são muitos, sempre!
Tenho um livro infantojuvenil sendo lançado agora no segundo semestre, no Brasil e na Alemanha, dentro de um projeto de português como língua de herança. O livro se chama “Paisagens e outras histórias de ler junto”, tem cinco contos, cada um ilustrado por um artista diferente.
Participo também com um conto do projeto “Natu – Contos das Árvores” que está com lançamento previsto para breve. Trata-se de um aplicativo que convida adultos e crianças, passeando pelos parques e praças do projeto (em São Paulo), a encontrar espécies de árvores da mata atlântica e, através da realidade aumentada, assistirem a uma animação e lerem uma história. É um projeto lindo, que conta com grandes escritores brasileiros de Literatura Infantojuvenil e grandes artistas (bem conhecidos do público geral) como dubladores. Não sei se posso adiantar os nomes.
Estou terminando um livro de contos (adulto) e também meu primeiro romance.
Tenho um segundo livro de poemas em longa gestação. Coisa para os próximos cinco anos ainda.
Também alguns infantojuvenis escritos em diferentes etapas do ciclo de publicação (ilustração, negociação com editora, inscrição em prêmio literário).
Gostaria de escrever um livro de viagens e alguns ensaios. Tenho o enredo e os temas, mas ainda não tenho experiência com estes gênero e subgênero. Costumo dizer que não sou eu quem defino se vou escrever um romance ou crônicas... é o tema, o próprio texto que escolhe o que vai ser. Estes escolheram ser algo novo para mim como escritora.

9 - Sugira um autor e um livro!

Para onde vão os guarda chuvas, de Afonso Cruz - um autor português contemporâneo. O livro é um espanto! Li há mais ou menos cinco anos e desde então não consigo esquecer. Recomendo a todo mundo que posso. Infelizmente me parece que não há edição ainda no Brasil.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

Não sei exatamente a pergunta a ser feita para esta resposta que eu gostaria de dar: sou uma mineira-paulistana-portuguesa e essa minha geografia particular (cidade São Paulo, estado Minas Gerais e país Portugal) parece dizer mais sobre mim (e sobre a minha literatura) a cada dia.
Também podem me perguntar: vamos tomar um vinho? A resposta muito provavelmente será sim.

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DEZ PERGUNTAS A... ANTERO JERÓNIMO


Agradecemos ao autor ANTERO JERÓNIMO a disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Como se define enquanto autor e pessoa?

Autodidata em aprendizagem contínua, seduzido pela complexidade e multiplicidade do Eu. Julgo-me uma pessoa sensível e imbuído de sólidos valores morais.

2 - O que o inspira?

A transcendência do Cosmos e da natureza humana. Os elementos da Natureza, a fotografia, a pintura, a música e outras formas de arte no geral.

3 - Existem tabus na sua escrita? Porquê?

Não existem tabus. Apenas pela minha forma de sentir, há temáticas que abordo mais em detrimento de outras. Escrita é liberdade de expressão.

4 - Que importância dá às antologias e colectâneas?

São de muita importância para a divulgação e interação entre autores, quer sejam valores emergentes ou autores já consagrados. Devem ser objecto e casos de estudo por pessoas devidamente habilitadas.

5 - Que impacto têm as redes sociais no seu percurso?

As redes sociais e particularmente o Facebook, foram a minha rampa de lançamento nesta aventura da escrita. No acreditar das minhas capacidades, fruto do feedack positivo, incentivos e críticas construtivas que fui recebendo.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita?

A escrita é liberdade e universalidade. Uma forma de aproximação de pessoas e culturas, pela procura de um mundo mais justo, mais fraterno.
Pela negativa destaco a falta de sinceridade e imparcialidade que muitas vezes existe na relação editor-autor.

7 - O que acredita ser essencial na divulgação de um autor?

Todas as formas de disseminação e análise do seu trabalho. Nos mídia, em eventos culturais, nas redes sociais, etc...

8 - Quais os projectos para o futuro?

A curto/médio prazo, a possibilidade de edição de um segundo livro de poesia e eventualmente a publicação de um livro de mini-contos (em projecto).

9 - Sugira um autor e um livro!

Fernando Pessoa, o Livro do Desassossego.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

A perfeição existe? A vida é um permanente teste de aprendizagem e crescimento.
Evoluímos por tentativa e erro.

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sexta-feira, 29 de junho de 2018

ADRIANA FALA DE... PRODUÇÃO DE LIVROS IN-FINITA



Com a produção das Antologias TOCA A ESCREVER e CONEXÕES ATLÂNTICAS, pude perceber que conseguíamos fazer um trabalho exatamente como sempre desejei, em consonância e total integração com o pensamento também de Emanuel Lomelino. Uma obra simples, sem erros de paginação e ortografia, atenta aos detalhes estruturais da poesia e regras gramaticais. Ficamos satisfeitos, com tão pouco, trabalhando no limite, sentimo-nos realizados por concretizar o ideal de divulgação, além de outras ferramentas que compõem o nosso trabalho. Com esse ponto de partida, uma porta se abriu, ao recebermos o contato do Miguel Curado, entre cafés e orientações, chegamos ao primeiro livro individual produzido pela IN-FINITA, ABRIR OS OLHOS ATÉ AO BRANCO, primeiro livro do autor, e por ser o primeiro, demos uma consultoria de como acreditamos que uma obra deve ser conduzida e agradecidos à escuta atenta e simplicidade do autor, Emanuel Lomelino deu uma aula, inclusive para mim, de várias situações que depõem contra a poesia e finalizamos esse encontro, mais atentos e com certeza, enriquecidos pelos conhecimentos partilhados. Com uma capa padrão, opção do autor, recebemos o resultado final, também com imensa satisfação de ambas as partes. E assim queremos prosseguir, criando possibilidades para produzir um livro acessível e sempre atentos para evitar erros.

E como pássaro que voa quer ir sempre mais além, em conversa com João Dordio, surgiu a ideia de assumirmos também uma colecção com dez autores portugueses. E com o empenho do nosso Coordenador, a COLECÇÃO POIESIS, está em vias de lançamento, com o livro número I, VIVÊNCIAS, de Margarida Cimbolini. E temos mais novidades vindo por aí.

A antologia CONEXÕES ATLÂNTICAS, que faz parte de um projeto continuado de divulgação de autores brasileiros e portugueses, nos dois países, segue navegando para uma segunda produção, com autores que participaram do primeiro livro e tantos outros que foram embarcando junto com a gente.

Tudo isso é para dizer que não somos e não temos pretensão de ser uma editora. Possibilidades e oportunidades nunca faltaram. Mas a IN-FINITA, pretende manter o propósito que a fez acontecer, e que também vem de encontro com o trabalho realizado pelo TOCA A ESCREVER. Divulgar os autores e as editoras, prestar serviços para ambos, tanto no Brasil ou em Portugal, pois acreditamos que no mercado, há espaço para todos, e queremos preencher lacunas e dar o nosso melhor, em assessoria e divulgação. Em 2017, quando decidimos os caminhos que a empresa iria seguir, optamos pela produção literária e tudo o que isso implica, de acordo com a necessidade do autor, editora e de quem contrata os nossos serviços. Por isso, agimos assim, sempre de braços abertos. Indicamos autores para editoras, se querem participar de grandes plataformas e ter um selo editorial. E damos todo o tipo de suporte, antes, durante e após lançamento. Fazemos assessoria literária, social media, edição de vídeos e todo o trabalho que o autor necessitar, seja de paginação, revisão, resenhas, convites, capas, e o que mais desejar. Também fazemos eventos para fomentar, divulgar e despertar a integração de todos. Coordenamos antologias, concursos, coleções para editoras, damos também suporte e trabalhamos em parceria em feiras, festivais e eventos literários. E no meio de tudo isso, temos os nossos projetos, além de atender autores que queiram publicar suas obras, de uma forma justa, bem elaborada e de baixo custo. Não temos concorrentes e amigos dos nossos inimigos (se é que temos) também são nossos amigos. Por isso, repito, não somos editora, produzimos livros e estamos no mercado para agregar e ocupar determinados espaços. Queremos manter sempre o nosso fio condutor e mola propulsora que nos faz ser quem somos: atender com excelência aqueles que nos procuram, e criar oportunidades para divulgar o que temos de mais precioso, o poder criativo da escrita e a nossa língua portuguesa.

Sejam todos bem-vindos!


DRIKKA INQUIT

DEZ PERGUNTAS A... LINDEVANIA MARTINS

Agradecemos à autora LINDEVANIA MARTINS a disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Como se define enquanto autora e pessoa?

Interessante a pergunta porque ela já promove uma diferenciação, uma dissociação. Acho mesmo que quando escrevo me distancio de meus outros modos de existência e acho que essa distância é fundamental porque me permite experimentar outras posições de sujeito, menos presa às limitações que os papéis tradicionais que ocupamos nos impõem. Então, enquanto autora, quero exercitar esses prazeres que Wislawa Szymborska diz que fazem “a alegria da escrita”: o prazer de preservar, construindo memória, e prazer de ser essa mão mortal, essa mão onipotente que brinca de ser Deus, determinando caminhos e distribuindo amor e morte. Afinal, na ficção tudo podemos!. Enquanto pessoa, estou sempre incompleta, em busca de sentido e lutando por um modo de existência em que minha humanidade não seja engolida por uma vida maquinal e inconsciente.
2 - O que a inspira?
São muitas coisas que me levam a escrever. Resistência, transgressão, beleza e sensualidade. Mas também o oposto de tudo isso: conservadorismo, ausência de liberdade, maldade e desumanização. Esses conjuntos dão origem a escritas muito diferentes entre si. Porque uma surge como celebração de vida e outra como reação a tudo isso que nos encolhe, que nos mata. Me inspiram também as coisas que não compreendo e a escrita que nasce daí, principalmente a poesia, é pura tentativa de compreensão.
3 - Existem tabus na sua escrita? Porquê?
Vivemos em sociedade e nossas vidas são permeadas por interdições. Levamos essas interdições para nossas vivências e práticas cotidianas, mesmo a nível inconsciente, até porque esses tabus e interdições não nos dizem apenas que não devemos experienciar e escrever sobre certos temas. Eles dizem que não podemos sequer pensar sobre eles. Por isso desconfio de quem diz que não obedece a tabus. Também não acredito em liberdades absolutas, porque nós também criamos nossas próprias regras. Ainda que fujam dos padrões, são regras baseadas naquilo que julgamos importante, baseadas numa ética própria. Toda escrita possui tabus, que são os seus limites, são as suas regras internas. Então, não quero escrever nada que promova ignorância e fascismo. Nem quero escrever nada que seja fácil e bonitinho apenas por não querer incomodar. São os meus limites, os meus tabus.
4 - Que importância dá às antologias e colectâneas?
Muito importantes. Elas não só promovem a divulgação de nossos trabalhos, mas permitem novos encontros, descobertas e novas potencialidades. Permitem, sobretudo, contaminação, na medida em que trabalhos muitos diferentes podem ser ali encontrados e nos contaminamos, positivamente, uns aos outros com as diferenças, nos tornando melhores. Além disso, muitas delas marcam momentos muito especiais do campo literário, momento de rupturas mais profundas e de quebra de paradigmas.
5 - Que impacto têm as redes sociais no seu percurso?
As redes sociais têm feito toda diferença. Venho de um processo de escrita que, por questões pessoais, sofreu uma parada brusca por mais de uma dezena anos. Então, ao retomar esse  envolvimento com as letras, percebo claramente o que era escrever em uma era pré-redes sociais e o que é escrever num momento pós-redes sociais. As redes significam, por exemplo, a redução de um isolamento que sempre experimentei. Permitiram que eu descobrisse pertencimento e comunidades vibrantes de autores e leitores, além de editores, agentes, revisores, ilustradores e muita gente lidando com a palavra de forma criativa e inovadora. Tudo isso impulsiona e aumenta o desejo de escrever.
6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita?
Como pontos positivos, tudo o que ela permite ao ampliar nossos horizontes, quando possibilita que experimentemos estar na pele e na mente de outra pessoa, ao inventar lugares de pertencimento no mundo, ao se permitir ser utilizada para criar espaços de resistência. Resistência ao embrutecimento, à objetificação, ao ódio e à destruição. E aponto que os principais rivais da escrita não são a pretensa “preguiça” ou “indisposição do brasileiro para a leitura”, mas modos de vida que julgam como inútil tudo que não privilegia a praticidade e a produção material de riqueza. Modos de vida que não nos permitem outros modos de expressão e querem nos amarrar à linguagem funcional que usamos no dia a dia. Modos de vida que não nos permitem espaços vazios que possam ser preenchidos com arte e literatura. Como pontos negativos, esses que são bem mostrados pela pesquisadora Regina Delcastagné: que o campo literário brasileiro é marcado por homogeneidade e concentração de escritores homens, brancos, heterossexuais e do sudeste pais, que produzem narrativas e textos autorreferentes, sendo pouco receptivo às identidades opostas. Contudo, são várias as iniciativas de ruptura com esse modelo e estou otimista!
7 - O que acredita ser essencial na divulgação de um autor?
Nunca é só uma coisa, não é? Um conjunto de elementos: boa distribuição das obras; ser referenciado positivamente por veículos formadores de opinião; fazer uso de mídias diversificadas, como rádio, TV, impresso e internet; existir resenhas sobre as obras; ter contato direto com o público leitor através de feiras de livros, palestras, etc.
8 - Quais os projectos para o futuro?
Tenho vários projetos em andamentos, em diferentes etapas. Para eu não me perder em meio à tanta coisa, estabeleço as prioridades. O material que tenho publicado é basicamente de contos, com algumas poesias bem pontuais. Então, a prioridade agora é finalizar meu primeiro romance, narrado por três protagonistas diferentes. Ele ainda não possui um nome definitivo, mas já está num estágio bem avançado. Um outro projeto que me entusiasma muito, que está guardado para depois do romance, é a publicação de uma graphic novel para a qual já iniciei pesquisa e busca de parcerias para ilustração.
9 - Sugira um autor e um livro!
Estou muito interessada nas autoras contemporâneas. Então, a obra que recomendo é “Nu Frontal com Tarja”, de Lúcia Santos, publicada pela Editora Reformatório. “Nu Frontal com Tarja” é um livro de poesias que permite vários níveis de leitura. Tanto uma leitura mais descompromissada e ingênua, quanto uma leitura mais aprofundada que permite encontrar sempre coisas novas, bem como permite à leitora e ao leitor se reconhecer através da voz de Lúcia Santos. E aí você vê como é engenhoso o trabalho da poeta, que consegue manejar muito bem recursos estilísticos para permitir leituras tão diferentes e saborosas.
10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?
A pergunta: “E como termina essa história?”
A resposta: “Pra saber, você vai ter que ler até o final!”
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DEZ PERGUNTAS A... LITAS RICARDO


Agradecemos à autora LITAS RICARDO a disponibilidade em responder ao nosso questionário
1 - Como se define enquanto autora e pessoa?
Sou uma eterna apaixonada pela vida, que brindo com alegria; em constante aprendizagem e busca de mim própria; simples nas palavras e atitudes; humilde e brincalhona sem deixar de me sentir bem na minha própria pele. Sou assim como autora e pessoa, sem qualquer distinção.
2 - O que a inspira?
A vida, o amor, as pessoas, o vento, a amizade, o convívio, as paisagens, as cores, enfim, a natureza na sua íntegra.
3 - Existem tabus na sua escrita? Porquê?
Para mim não existem tabus na palavra oral, logo não poderia haver na escrita. Considero que os tabus são crenças limitantes, e eu sou uma pessoa totalmente aberta, tanto de mente como de coração.
4 - Que importância dá às antologias e colectâneas?
Foi com a participação em uma antologia que iniciei o meu caminho pela poesia, pelo que, pessoalmente, tem muito significado. Permitiu-me perceber que as minhas palavras chegam ao coração de quem as lê; além de que significa convívio, pois adoro conhecer pessoas e histórias de vida, que representam reais inspirações na escrita; também me permitiu dar-me a conhecer, o que considero igualmente importante para a minha evolução enquanto pessoa e autora; além de que me deu a conhecer pessoas maravilhosas, sendo que muitas já moram no meu coração pelas melhores razões.
5 - Que impacto têm as redes sociais no seu percurso?
As redes sociais levam-me muitas vezes às lágrimas, pelo sentido positivo. É sem dúvida é um excelente meio de divulgação do que amo fazer, que é escrever. Em face das mensagens que me são reportadas, tanto publicamente como por mensagens privadas e até pessoalmente, percebo a minha evolução, além de que percebo que as minhas palavras chegam aos corações dos leitores, tendo até já feito amigos, no sentido de verdadeiros, dado que as pessoas se revêem em muito do que escrevo. Ou seja, só posso concluir que as redes sociais têm tido um impacto muito positivo no meu percurso.
6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita?
Sou uma pessoa que raramente vê algo negativo. A vida ensinou-me a festejar com o bom e a aceitar o menos bom, agradecendo, pois é assim que aprendo e evoluo como pessoa.
7 - O que acredita ser essencial na divulgação de um autor?
Hoje percebo que há muitos meios para divulgar um autor, ao contrário do que me foi passado há 3 anos, aquando o lançamento do meu primeiro livro. Confesso que não gosto muito de ouvir os autores queixarem-se, quando os meios existem, especialmente quando sei que as suas não presenças é que são constantes. Acredito que quem não aparece é esquecido; e quem aparece e não partilha, fica de lado. Bem haja pelo trabalho dos que promovem à divulgação dos autores e das suas obras.
8 - Quais os projectos para o futuro?
No meu percurso poético, tão diferente da escrita de ficção, tenho sido bastante apoiada para publicar os meus textos poéticos, pelo que é neste momento o meu projeto mais imediato. Contudo, amante de histórias de vida, tenho dois livros que gostaria imenso de lançar.
9 - Sugira um autor e um livro!
É impossível sugerir um autor e um livro, porquanto muitos me marcaram. Sugiro apenas que se leia, e também que se leia português, pois há autores portugueses maravilhosos.
10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?
Responder a esta questão, é pôr-me a pensar. Não faço ideia. Perguntem-me o que quiserem, e responderei como sempre: de coração.
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quinta-feira, 28 de junho de 2018

FALA AÍ BRASIL... TACIANA VALENÇA (XVI)

PIZZA E SOLIDÃO 

Despertou com um traço de luz sobre o braço. Esquecera de fechar toda a cortina antes de deitar. O corpo mole pedia um pouco mais de tempo. Aliás, tempo agora era o que não lhe faltava.

Do lado de fora a neblina coroava as montanhas. Desviou os olhos daquele paraíso que, de tão constante já não impressionava.

Olhava agora para os braços, franzindo a testa para pequenos sinais pretos que nunca percebera. Quando teriam surgido? A luz sobre os pelos loiros, queimados do sol e a pele flácida demonstrava o quanto o tempo havia passado desde que comprara a casa. Sim, a casa dos seus sonhos.

E agora todos se foram, apenas ele resistira às imposições da vida. Não arredaria o pé do seu chão, fruto de um sonho realizado. Já não havia paixão, muito menos visitas, que ficaram escassas quando filhos e depois os netos tomaram seus rumos. Um telefonema de vez em quando para eles já bastava.

Olhou a pizza sobre a mesa e a taça de vinho. Fazer uma boa pizza tinha se tornado um hobby, além de um grande prazer. Gostava de preparar a massa, os recheios, escolher um bom vinho. Variava nos molhos, ervas, experimentava misturas. Não era modesto ao ter ciência de que estava se tornando um grande pizzaiolo.

Foi até o terraço, acendeu um cigarro. Jogou no chão e pisou, esboçando um leve sorriso. Não tinha mais graça, afinal, não havia mais ninguém para repreendê-lo por tal vício.

Com o frio intenso, entrou e foi à biblioteca. Acabara mais um livro, não poderia haver melhor companhia. Na dúvida entre tantos, escolheu reler mais um, Cem Anos de Solidão. Sim, por que não?


Mini-Biografia:
Taciana Valença Administradora (Universidade Federal de Pernambuco), escritora, produtora cultural, editora da Revista Perto de Casa (Recife/PE/Brasil) e Diretora Social da União Brasileira de Escritores.

DEZ PERGUNTAS A... CARMEN LÚCIA DE QUEIROZ PIRES


Agradecemos à autora CARMEN LÚCIA DE QUEIROZ PIRES a disponibilidade em responder ao nosso questionário

1. COMO SE DEFINE ENQUANTO AUTORA E PESSOA?

Sou uma pessoa de hábitos simples e amizades eternas... Como autora de poesias uma romântica! Pela dificuldade de me fazer entender verbalmente, criei o hábito de escrever e nesse sentido me sinto mais à vontade...

2. O QUE A INSPIRA?

Por ser ligada as minhas raízes gosto de escrever sobre minha cidade Recife e  região Nordeste cujos costume e hábitos me emocionam... As árvores como: os oitizeiros, carnaubais, sombreiros entre outras me fascinam... E por fim o sentimento do Amor, que faz parte de todo o meu ser.

3. EXISTEM TABUS NA SUA ESCRITA? POR QUÊ?

Não diria que é um tabu, mas uma opção de não referir o amor mais carnal, sublimando-o por um amor romântico... Acho que fica mais delicado, toca mais  minha  alma e a de quem lê!

4. QUE IMPORTÂNCIA DÁ AS ANTOLOGIAS E COLECTÂNEAS?

Sem as Antologias e Coletâneas Carmen Lúcia não existiria em termos de divulgação dos seus escritos: poemas e poesias, pois até resolver buscar essa via não tinha como me situar num conjunto de obras e nele ter a possibilidade ocupar um lugar.

5. QUE IMPACTO TÊM AS REDES SOCIAIS NO SEU PERCURSO?

As redes sociais foram o termômetro que me impulsionaram na divulgação do que escrevo. Antes era uma produção que tinham o destino descartado. À medida que fui dando a conhecer aos amigos das redes pude constatar a aceitabilidade e ter outro olhar para esse meu lado artístico.

6. QUAIS OS PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS DO UNIVERSO DA ESCRITA?

De um modo geral não vejo negatividade, pois o escrever brota do âmago, é a individualidade do escritor e se bem contextualizado a tendência é obter uma boa repercussão junto aos leitores. O que talvez não seja legal é quando se escreve sobre temas polêmicos e controversos. Radicalizando podemos suscitar críticas infindáveis que só levam ao desgaste da obra e do autor.

7. O QUE ACREDITA SER ESSENCIAL NA DIVULGAÇÃO DE UM AUTOR?

Basicamente o conhecimento de sua obra e o reconhecimento por parte dos leitores.

8. QUAIS OS PROJECTOS PARA O FUTURO?

Não se trata de um projeto específico, mas um desejo de crescimento dentro desse caminho que abracei... Quero conseguir publicar um livro e ser reconhecida como uma escritora e poeta.

9. SUGIRA UM AUTOR E UM LIVRO.

Livro “O Interesse Humano” de N. Sri Ram (1889-1973) pensador da Índia. Foi durante vinte anos presidente internacional da Sociedade Teosófica e esteve intimamente ligado às atividades sociais, políticas e educacionais de seu País.

10. QUAL A PERGUNTA QUE GOSTARIA QUE LHE FIZESSEM? E COMO RESPONDERIA?

A pergunta seria: Por que você escreve? E a resposta será: - Escrevo porque por esta via consigo me fazer entender. Tenho dificuldades para me expressar oralmente, troco com freqüência a pronuncia das letras e é comum nessas oportunidades haver um bloqueio no curso do meu pensamento. Através da escrita me faço entender sem o tal bloqueio, as pessoas não me interrompem e posso concluir o meu pensamento com sucesso.     

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