domingo, 30 de outubro de 2022

Apresentação da coletânea SOMBRAS - Adriana Mayrinck


Tempos irreconhecíveis estes nossos, que em um piscar de olhos, deixamos a nossa zona de conforto, as expectativas e perspectivas de um amanhã sem grandes sobressaltos e nos vimos aprisionados em casa, distantes de tudo e de todos, com dificuldades em respirar, assistindo a vida como um filme sem percebermos o limite entre a ficção que se revestia de realidade. Perdas, dor, desesperança, tempos sombrios onde o dia se fazia noite, continuadamente.
Mas haviam aqueles que resistiam, que iluminavam, que davam às mãos e transformavam o impalpável em força para resistir e seguir.
E as sombras eram formadas pelos passos, atitudes e sentimentos de cada um. As incertezas eram iluminadas pela solidariedade, integrados ou alheios ao que se passava ultrapassamos estes dois anos de pandemia. Mas a escuridão não passou, ainda insistia em ofuscar o brilho da paz. E foi ao meio de todos estes questionamentos coletivos e individuais que convidamos autores de diversos gêneros literários para fazerem parte da coletânea SOMBRAS e dialogarmos sobre esses tempos de escuridão, tempos de luz e a sombra que se fez no mundo e em cada um de nós.
Este livro surgiu com a ideia da contadora de histórias e professora Zezé Matos em uma conversa corriqueira, na qual de imediato alinhei, achei que seria simples reunir autores e criar lives e momentos de discussão sobre esta temática, entre as duas margens do Oceano Atlântico, com as particularidades de cada continente mas com tantas coisas em comum. Não foi fácil e o projeto se arrastou por mais tempo do que pretendíamos. Resistências pelo tema proposto, momentos de vidas que impediram autores a estarem aqui connosco, problemas dos mais variados foram impedindo ou adiando a construção desta obra e todas as iniciativas propostas. Mas como acredito que tudo o que é mais difícil, tem um significado ainda mais especial, estamos aqui, trazendo as nossas apreciações, sentimentos e esperanças. Com prosas, versos ou contos espero que cada palavra possa ser um ponto de luz no meio da escuridão. Um grande bem-haja!

ADRIANA MAYRINCK

A partir de Novembro divulgação dos textos nos blogues TOCA A ESCREVER e TOCA A FALAR DISSO

SOMBRAS - TEMPOS DE ESCURIDÃO. TEMPOS DE LUZ - COLETÂNEA - IN-FINITA

sábado, 29 de outubro de 2022

SOMBRAS - TEMPOS DE ESCURIDÃO. TEMPOS DE LUZ (Colectânea) - Sinopse

Em tempos de escuridão a vida clama por luz! Em meio ao caos a que chegamos, um grito é urgente! A preservação da vida inspirada pela luz que recria a harmonia e faz a existência humana ter valido a pena. Entretanto, sabemos ser a jornada humana um misto paradoxal entre a busca da luz e a escuridão. Muitos de nós insistem, com nossas ações, trazer ao mundo o pior de nós. Em meio às sombras a pairar imobilizando o fluir vital de sermos luz. Assim prosseguimos escrevendo nossas memórias por meio da épica batalha. A divina arte de existir está em extinção? Arrazoemos.

Zezé Matos

A partir de Novembro divulgação dos textos nos blogues TOCA A ESCREVER e TOCA A FALAR DISSO

SOMBRAS - TEMPOS DE ESCURIDÃO. TEMPOS DE LUZ - COLETÂNEA - IN-FINITA

sexta-feira, 28 de outubro de 2022

CONTOS E CASOS de Terezinha Pereira - Sinopse

Com uma linguagem simples e quase poética, Terezinha Pereira com seus contos, casos e causos nos brinda com a leveza da arte da escrita, em narrativas que levam os leitores e leitoras a uma viagem a cotidianos, vivências e sentimentos que despertam o nosso imaginário conduzindo-nos a um passeio por palavras que se revestem de cenas quase concretas. Pequenas novelas que vão criando enredos e despertando empatias e simpatias, nos breves personagens descritos. Um livro que retrata a vida com suas pequenas cenas cotidianas, que envolve, enternece, grita, silencia, denuncia, revolta, cuida, convida… mas acima de tudo, nos faz mais sensíveis a tudo o que diz respeito ao SER humano.

A partir de Novembro divulgação de textos no blogue TOCA A FALAR DISSO

CONTOS E CASOS - TEREZINHA PEREIRA - IN-FINITA

quinta-feira, 27 de outubro de 2022

ALMANAQUE PALHAÇO de JackMichel - Sinopse

Neste livro nomeado Almanaque Palhaço de JackMichel a Escritora 2 em 1 homenageia a imagem do palhaço, personagem mítico que povoa nosso imaginário de sonhos. A artista que, há muito, já transpôs os confins da literatura e chegou ao das belas artes, mostra aqui sua produção de contos, poemas, crônicas e pinturas com giz de cera na temática da palhaçaria. Atenção: o livro tem a pretensão de ser instrutivo como os almanaques de variedades que eram vendidos antigamente nas bancas de revistas. Como é doce recordar!

A partir de Novembro divulgação de textos aqui no blogue TOCA A FALAR DISSO

ALMANAQUE PALHAÇO - JACKMICHEL - IN-FINITA

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Incendiários e seus efeitos - RUTH COLLAÇO

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Por vezes também eu incendeio, e confesso que me dá muito prazer. Para mim quero os incêndios de chamas vivas, de corações iluminados e vibrantes. Mentes acesas com acendalha da partilha, do conhecimento partilhado e com a busca constante do esclarecimento. Gosto que pegar fogo a paixões, mas falo de paixões pela vida, pela força da vida, pela garra de vencer! Das outras elas próprias se encarregam de entrar em combustão e acabam por se extinguir sozinhas. Para mim o fogo da vida, a chama que nos molda e nos ensina, aquela que derrete o ouro e o transforma num valor... não em joia, mas no metal puro que ele é e tudo o que ele representa.
Em verdade vos digo que eu gosto de incendiar, mas no que diz respeito a “fogo posto”... entristece-me vê-los queimar os próprios dedos...
Refletindo melhor, há também quem seja egoísta nos seus fogos, que preferem arder sozinhos, por incompetência de espalhar fogo e calor à sua volta, por medo de perder ou partilhar. Todo o mal fosse esse.... chama-se um bombeiro, ou a esquadra toda, problema resolvido.!
Porque afinal de contas, quem brinca com fogo, acaba por se queimar... ou chama os bombeiros.

EM - BEIJOS E CONTOS - RUTH COLLAÇO E HETERÓNIMOS - IN-FINITA

(E)TERNA SENSUALIDADE de Nicoleta Peceli - Sinopse

Posfácio

Chegados ao final desta obra da autora Nicoleta Peceli, ficamos com a certeza de que estamos perante uma obra diferenciada.

O trabalho de qualquer artista está sempre, de certo modo, dependente de como o seu público o entende e aprecia. É precisamente aqui, neste ponto, que em meu entender se encontra a mestria e a dificuldade de quem escreve.

A mensagem que se pretende passar tem de ser objectiva, sem margem para enviesamentos ou críticas despropositadas.

Nesse âmbito, escrever uma obra de cariz sensual e/ou erótico, obriga a uma enorme clarividência por parte de quem escreve, sob pena de os seus autores correrem o risco de verem a sua obra como vulgar ou próxima  do pornográfico.

Importa, por estas razões, exultar o trabalho da autora Nicoleta Peceli que, mesmo sendo mulher num país ainda algo machista, teve a coragem de escrever sobre um tema tantas vezes tabú, não só para muitas mulheres que ainda não se libertaram de uma educação patriarcal, mas também para a sociedade em geral, ainda presa aos valores religiosos e castradores.

Será, porventura, um choque para muitos homens e muitas mulheres, que uma mulher expresse, de uma forma liberta e descomplexada, pensamentos, devaneios, desejos e comportamentos mais íntimos.

E é neste ponto que julgo que a obra de Nicoleta Peceli é encorajadora e libertária, sobretudo para as mulheres, perante os outros, mas essencialmente perante si próprias.

Esta (E)terna Sensualidade, com que a autora nos presenteia, é um exercício de libertação para as mentes ainda retrógradas que pululam na sociedade portuguesa.

Assim, cabe ao leitor/a reflectir sobre a obra que agora finda, sem fazer juízos de valor e, acima de tudo, sem a entender como uma obra autobiográfica acerca da sua autora.

Se leu esta obra, então está de parabéns. Valerá a pena ponderar sobre tudo aquilo que leu, liberte-se, liberte quem está à sua volta e seja feliz, porque ninguém poderá sê-lo sentindo-se culpado.

O prazer não pode ser uma forma de culpa, mas uma escapatória para aquilo a que chamamos Paraíso.

Raul Tomé

A partir de Novembro divulgação dos textos nos blogues TOCA A ESCREVER

(E)TERNA SENSUALIDADE - NICOLETA PECELI - IN-FINITA

sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Desconstrução, processo lento (excerto) - RUTH COLLAÇO

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Toda a "construção" de um ser humano, de um conceito é para mim um processo maravilhosamente lento ao mesmo tempo que, a menos que estejamos alerta, é também assustadoramente lento ao ponto de apenas percebermos a mudança quando batemos de frente com ela.
Não pretendo com isto que entendam a minha humilde confissão, como um medo de mudança ou de reviravoltas do destino (aliás... o meu segundo nome é reviravolta e o primeiro poderia ser ventania).
Assusta-me, contudo, que não esteja(mos) atent@s às subtis mudanças e alterações que nos rodeiam e que aos poucos transformam o nosso mundo e desconstroem o nosso dia a dia. A nossa forma de estar e conviver, de partilhar e comunicar.
Assoberba-me a ideia de quant@s de nós ficarão excluídos nesta gigantesca e lenta transição que o mundo atravessa, e à qual todos aceitamos, como se verdadeiramente acreditássemos que "Vai tudo ficar bem".

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domingo, 16 de outubro de 2022

Cheiro a espera - RUTH COLLAÇO

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Cheira a medo e a espera. No fim da fila espero a vez, enquanto o sol desenha um mapa com um risco de suor, percorrendo de norte a sul a curva das minhas costas.
E estou só, tão só...
À minha frente estende-se uma serpente de gente que tal como eu anseia resguardar-se à sombra, desfaleço. Não tanto pelo sol e pelo calor, mas pela impaciência que me obriga a (re)aprender a paciência. Método jocoso este que o universo usou para nos fazer desacelerar...
(E logo hoje esqueci-me de trazer o leque...).
Conspiro para comigo uma estratégia diabólica para furar a fila, passar à frente, sei lá, até pela janela me dá ganas de entrar.
Percebo então que a serpente se contorce e encolhe.
Volta a esperança, o sol já não me castiga e o meu corpo deixa de ser mapa... Sabe bem a brisa fresca que se enfia na manga da túnica e me apaga o mapa que o sol, sonolento desenhou.
Estou só, tão só.
Estou farta, tão farta.
Nesta solidão de gente que espera, e neste silêncio de quem já não grita, espero... Desespero.... Enquanto a esperança me faz companhia e me lembra que a vida é feita de esperas....

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terça-feira, 11 de outubro de 2022

Chá da tarde e o mar (excerto) - RUTH COLLAÇO

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Naquele dia os joelhos recusavam-se a obedecer com a leveza que ela necessitava. Não era do frio, nem do dia de trabalho que ela já conquistara, mas das vezes que tivera que os dobrar perante tantas regras impostas pelas leis da vida.
Tentou alcançar com o olhar o seu lugar predileto na esplanada, sabendo com uma cega certeza que ele já lá estaria à sua espera.
E estava, sereno, discreto, com aquele brilho no olhar sempre que a via, capaz de iluminar toda a passadeira da estrada só para ela passar. Guiada pelo seu sorriso, ganhou força e direção. Era urgente abraçá-lo.
E foi o sorriso que os embrulhou no abraço, foram os braços que sorriam quando os corpos de encaixaram por breves momentos.
Para ele, era sempre como se os braços não lhe chegassem para a envolver. Queria cobrir o seu corpo, encaixá-la entre os ombros na conchinha que tentava fazer no peito. Ela sentindo-se uma pérola daquele oceano que era o corpo que a acolhia, deixava-se prender, e ficava… só queria ficar.
Ele suspirou ela inspirou.

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quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Segredos da mesa 13 (excerto) - RUTH COLLAÇO

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Chegaram quase ao mesmo tempo. A saudade que sentiam era já tão mais forte que a sede.
O dia estava quente, lá fora o sol já lançava o seu mistério sobre os rostos que se encontraram à porta do lugar marcado. os reflexos de luz incendiavam os ruivos caracóis que ela trazia das longas tardes de verão, de corpo moreno e brilho na pele ela sorriu-lhe oferecendo-se ao abraço que ele trazia guardado há dias. Ele trazia o olhar vestido de alegria e o brilho que irradiavam iluminavam-lhe o rosto, como ele era belo, ali à luz do por do sol. Numa cumplicidade serena de corpos sussurrados, entraram e já a sua mesa la estava.
Seria o feito do número da mesa (era a 13), ou seria apenas uma efêmera musa que os encantava?
O calor que se fazia sentir, solicitou a saída do leque e num espasmo rápido, foi atirado em abertura, e escondeu a sede e desejo de um beijo com o qual ela sonhava.... teve que o abanar para não se denunciar.

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sábado, 1 de outubro de 2022

Leva-me... e era doce. - RUTH COLLAÇO

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Enquanto os lábios se descolaram de um beijo, pediu-lhe num tom rouco, grave e quase carente "leva-me nos teus beijos".
Sua boca colhera dois lábios suaves que minutos antes o tinham beijado o rosto, o pescoço, os ombros, as mãos. De narinas apuradas tinha inspirado do sândalo a essência que o embriagava sempre que a tinha nos braços, sabendo que se não parasse para respirar, perderia todo o comando e autoridade sobre as suas mãos que inquietas permitiam que na pele fossem desenhadas nuvens e contornado sonhos.
De olhos fechados, entregava-se a cada grau de calor que do corpo escaldante emanava, como era doce!
Acolhia o hálito morno e faminto que lhe depositava, húmido, no pescoço, instintivamente erguia-se um ombro fazendo com o pescoço um ninho onde aceitava e guardava cada respirar, e era doce!
Suas pernas tremeram, seu corpo emergiu e colados um ao outro sentiram que auras e almas e todo um universo se movia envolta de centro que eram.
Devagar, quase perdendo o equilíbrio, abriu os olhos e disse baixinho, ainda seus lábios roçavam na boca molhada....
Quem me dera meu amor, quem em dera levar-te no meu beijo!!

EM - BEIJOS E CONTOS - RUTH COLLAÇO E HETERÓNIMOS - IN-FINITA