segunda-feira, 31 de agosto de 2020

DEZ PERGUNTAS MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL... ENAIDE ALENCAR VIDAL PIRES


Agradecemos à autora ENAIDE ALENCAR VIDAL PIRES pela disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Qual a sua percepção para essa pandemia mundial?

Tenho, sobre esta pandemia, duas opiniões: pelo lado humano, como uma pessoa de fé, acho que essa pandemia é um grito de BASTA para a humanidade, dado por Deus ou pela Natureza, pela correria humana desenfreada, em busca de conquistas, dinheiro, poder, prestígio e tantas outras coisas, que nem sempre são dignas de luta para conquistá-las;  pelo lado cientifico, concordo com os cientistas, que esta Pandemia foi causada por mais um vírus a fugir do seu “habitat”, para invadir o “habitat” humano, que sempre invade as “searas alheias”, de acordo com seus interesses. E assim, estamos pagando um preço muito alto pela nossa própria impotência e ganância.

2 - Enquanto autora, esse momento afetou o seu processo produtivo? Em tempo de quarentena está mais ou menos inspirada?

Não me considero escritora e poeta. Apenas escrevinho o que vem à minha velha cabeça de oitenta e cinco anos, ainda muito lúcida e antenada com o mundo. Não é fácil ter inspiração e disposição para escrever, nessa fase angustiante e triste, que estamos vivenciando. Infectados, mortos, governos inoperantes, inescrupulosos, panaceia de remédios, fake news, promessa de vacina, inundam dia e noite nossos olhos e ouvidos. É difícil produzir bons textos, ou poesias nessas circunstâncias. Mas, como sou teimosa, escrevo. Se valer à pena esses escritos, só o tempo dirá. Temas e assuntos  não faltam.

3 - Quando isso passar, qual a lição que fica?

Que o nosso país é a terra, que somos todos filhos dela, e, consequentemente, irmãos, nas alegrias e dores, na pandemia e nos tempos saudáveis, nas guerras e na paz e que as fronteiras são apenas linhas traçadas pelo homem para exercer seu poder sobre os outros; que a FRATERNIDADE, deve ser o lema de todos que nela habitam, e, que  a GENEROSIDADE prevaleça entre os povos.
Que saiamos dessa pandemia melhor e mais humanos.
        
4 - Os Movimentos de Integração da Mulher influenciaram ser solidário?

Sempre apoiei, dentro das minhas possibilidades, todos os movimentos pela integração da mulher. Apesar da minha idade, fui sempre adepta da mulher participativa, com direitos e deveres iguais aos dos homens, consciente das suas responsabilidades, quer como mulher, como mãe, esposa, profissional, em quaisquer das opções que ela, escolher.
O meu cotidiano foi, sempre, pautado nessas responsabilidades.  Sempre gozei de liberdade de fazer e escolher, mesmo casada, por quarenta e seis anos, e mãe de oito filhos, dezassete netos e quatro bisnetos.

5 - Como você faz para divulgar seus escritos ou sua obra? Percebe retorno nas suas ações?

A minha obra literária é modesta e não busco voos muito altos para ela. Tenho quatro livros publicados, mais conhecidos por amigos e familiares, pois as editoras e distribuidoras não têm lugar para os pequenos e iniciantes na literatura. Ganhei um prêmio da Academia Pernambucana de Letras ACPL, com o livro de poesias, contos, crônicas, e cartas que escrevi, para comemorar meus oitenta anos – RETALHOS DE VIDA COSTURADOS DE SAUDADE. Tenho um livro infantil pronto para ser publicado e escrevo atualmente, um livro de memórias sobre minha cidade natal. Participo de um Grupo Literário e de Antologias, inclusive do Mulherio das Letras / 2020.        Pretendo publicar um livro de poesias, se Deus e a pandemia permitirem. Gostaria muito de ver mais divulgada a minha escrita.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita para a mulher.

Nós mulheres, avançamos muito nesse ponto. Fomos à luta, não esperamos acontecer e conseguimos dizer: nós mulheres escrevemos, e bem, modéstia à parte.
O lado negativo melhorou, mas persiste. O homem escritor tem mais destaque por grande parte de leitores, editoras, distribuidoras e até da mídia. Mas, não esmorecemos. Estamos avançando, sempre.

7 -  O que pretende alcançar enquanto autora? Cite um projeto a curto e um a longo prazo.

Não pretendo alcançar os píncaros da glória literária. Sou modesta. Quero apenas, merecer a aceitação e o respeito no meio literário e entre meus familiares e amigos. A curto prazo, desejo publicar o que tenho pronto e o livro que estou escrevendo. A longo prazo, na minha idade, não se pode fazer projetos para muito distante, visto que nosso tempo já é muito exíguo. Mas, confiante na bondade de Deus, espero continuar viva e lúcida por mais um bom tempo e quem sabe, ocupar um dia, uma cadeira na Academia Pernambucana de Letras. Já pertenço à Academia Literária Virtual do Clube da Poesia Nordestina – ALCPN. Sonhar não nos é proibido, não é mesmo?

8 - Quais os temas que gostaria que fossem abordados nos Encontros Mulherio das Letras, Portugal?

Temas sociais como, a realidade durante e pós-pandemia, a fragilidade humana diante desta, a fraternidade entre os homens, críticas construtivas para medidas tomadas pelo poder público, defesa dos direitos conquistados e a conquistar pelas mulheres, a educação e os efeitos da pandemia sobre a humanidade.

9 - Sugira um autor e um livro que lhe inspira na escrita.

O que escrevo, é, talvez, fruto de uma mistura de livros, de poetas, e escritores que li durante esta minha longa caminhada. Tive duas irmãs professoras, que faziam versos e nos faziam ler e recitá-los, nas festas escolares. Gosto muito dos poetas do passado e de alguns da atualidade, e dos poetas nordestinos que cantam e choram as belezas e dores da nossa região. Escrevo versos também. Mas não me considero poeta, apenas, nasci, na terra da poesia, a Paraíba, como dizia o conterrâneo Alcides Carneiro. O que escrevo tem um pouco do que escreveram Graciliano Ramos, Clarice Lispector, Zélia Gatai, Jorge Amado, Machado de Assis, Flaubert, J.Cronin, José Saramago, Fernando Pessoa, Florbela Espanca. Talvez, Cora Coralina me inspire mais. Depois de idosa, depois de exercer a missão de educar, sobrou-lhe tempo para escrever, como também aconteceu comigo. Não sei dizer qual o livro que me inspirou mais. Escrevo aquilo que sinto vontade de escrever e me vem à cabeça. Sou portanto, uma escrevinhante que admira todos que escrevem.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem e qual a sua resposta?

- Você conhece Lisboa?
- Sim. Há mais de quinze anos estive aí. Mas gostaria de voltar ainda, conhecer cidades que não conheci e suas lindas aldeias.

DEZ PERGUNTAS CONEXÕES ATLÂNTICAS A... LUÍS FERNANDES


Agradecemos ao autor LUÍS FERNANDES pela disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Como se define enquanto pessoa?

Suspeito sou, porém, diria que seria das pessoas com melhor coração a entrar na vida de alguém. Fiel amigo, altruísta, dou tudo por quem merece, relegando, muitas vezes, a minha vida para segundo plano em prol do outro. Mente criativa, com vontade de aprender e ensinar a cada segundo. Guerreiro e lutador, para trás ficaram mágoas, privações, decepções, a cada queda consigo reinventar-me. Um sonhador, brincalhão, "fora da caixa", romântico, ambicioso jovem, ávido de mudar o mundo. Apaixonado pelas artes, desporto e fotografia. Nem tudo são rosas, também tenho defeitos, desde a teimosia, perfeccionismo excessivo, ideias e ideais fixos, desconfiado, stressado e apressado por natureza. Este sou, uns amam, outros nem tanto...

2 - Escrever é uma necessidade ou um passatempo?

Preencher uma folha em branco é uma necessidade urgente de deitar para fora aquilo que não é possível transmitir verbalmente.

3 - O que é mais importante na escrita, a espontaneidade ou o cuidado linguístico?

O processo criativo não deverá ser hipotecado por regras linguísticas e normas bacocas que não deixam fluir a originalidade. Cuidado linguístico é um campo sério, destinado a áreas como a educação, justiça, política, etc. Os autores expressam-se da forma que melhor sabem, não são robôs, dicionários, teclados pré-formatados. Escritor é o povo.

4 - Em que género literário se sente mais confortável e porquê?

Escrevo nos mais diversos estilos literários, contudo a poesia cativou-me, especialmente, ela é ritmo, luz, sonoridade, rima sobre rima, versos de alerta, amor, natureza, crítica voraz à sociedade. Pura magia, a poesia pode ser tudo, chegar a todo lado e a todos, dela nascem as outras vertentes, influenciando pintura, escultura, etc.

5 - O que pretende transmitir com o que escreve?

Meus escritos têm na génese várias missões. Primeiramente, equiparar o valor da literatura às outras variantes artísticas. Seguidamente, atrair juventude para a poesia, particularmente, e restantes artes. Por fim, colocar no mapa cultural nacional as minhas terras (Crucifixo, Tramagal, Abrantes) e para isso em cada linha deposito toda a sabedoria, esperança, genialidade, inquietude, revolta... No fundo transmito o que sou e aquilo que vejo.

6 - Quais as suas referências literárias?

O meu percurso literário é único, contudo são múltiplas as referências às quais apelido por "pais". Camões, Pessoa, Botto, Cesário Verde e Manuel Alegre destacam - se neste lote. Por outro lado, os autores/amigos com os quais contacto, diariamente, no meu grupo, "Aldeia dos artistas lusos", têm cota parte de influência...

7 - O que acredita ser essencial na divulgação de obras literárias?

Mais que qualquer plataforma digital, jornal, meio televisivo, canal de rádio, o preponderante é a qualidade da obra. Se um livro apresentar características diferenciadoras o leitor/apreciador será, inegavelmente, o melhor veículo divulgador.

8 - O que ambiciona alcançar no universo da escrita?

Tenho a ambição de ficar na história, ser recordado por gerações e gerações, ver as minhas criações estudadas nas escolas e no dia da minha partida em nota de abertura televisiva "faleceu o homem do povo, das palavras que tornou a sociedade num lugar justo, igualitário, seguro", repousando, finalmente, um corpo de lutas num qualquer Panteão Nacional lado a lado com os grandes...

9 - Porque participa em trabalhos colectivos?

As coletâneas serão um legado riquíssimo para aqueles que estudarem a história deste presente século. Participar num trabalho coletivo é estar entre os melhores, valorizar a língua lusa, a lusofonia, cultivar o sistema de "juntos somos mais fortes" num mundo literário dividido. Grato fico aos heróis e mentores responsáveis por estes movimentos culturais.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

Como foi o teu dia?
Se encontrar tal questão num chat, caixa de mensagens ou à mesa serei o homem mais realizado do mundo...

domingo, 30 de agosto de 2020

DEZ PERGUNTAS MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL... SUZANA D'EÇA


Agradecemos à autora SUZANA D'EÇA pela disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Qual a sua percepção para essa pandemia mundial?

Ui, esta pergunta tem mil rastilhos, e implica uma abordagem em si mesma de várias questões, nem sei bem por onde começar, na medida em esta pandemia teve implicações não só a nível da saúde publica, mas implicações socioeconómicas e climatéricas. A minha perceção é primeiro o mundo não estava preparado para um vírus deste nível, uma vez que se multiplica com grande facilidade velocidade, o qual infelizmente provocou e está a provocar muitas mortes, assim como pessoas infetadas e em muitos casos com gravidade. Este novo vírus - COVID 19, tem provocado em muitos países o caos, em termos de capacidade de resposta em tempo útil por parte das entidades responsáveis pela saúde publica. Não havia camas suficientes, ventiladores e outras ferramentas para o combate a este vírus. Em alguns casos foi dramático porque se assistiu, por uma questão de sobrevivência da espécie humana, a escolha sectária de doentes que podiam viver e aqueles que não podiam, escolha essa baseada na idade dos pacientes, como uma espécie de eutanásia repentina e não consentida. Inarrável e penoso. Com episódios sórdidos, em alguns casos e em alguns países, no que diz respeito ao acolhimento dos seus maiores. É evidente que esta pandemia também gerou muita solidariedade entre pessoas que não se conheciam e que se assistiu, a muitas palmas das janelas e varandas em homenagem aos profissionais, (em diferentes áreas) que estavam e estão a lutar contra este vírus, digamos que esse facto per si é nobre e meritório, mas não gera riqueza e é preciso o empenho dos governos e não só a boa intenção dos cidadãos, estamos a assistir ao colapso da economia, na medida em que muita gente está perdendo os seus empregos e outra parte viu os salários reduzidos com o lay-off, os trabalhadores independentes arriscam-se a perder empregos, não está fácil.
No que respeita à Cultura, em todas as suas vertentes, se por um lado está complicado porque é muito baseada, na maior parte dos casos, no mercado livre, por outro lado assistiu-se a uma descentralização da mesma em período de pandemia de uma forma positiva, na medida em que aproximou o publico dos seus artistas favoritos, num interação de mais intimidade , embora com respeito e admiração, o que permitiu que através das redes sociais se conhecessem novos valores. Assistiu-se, portanto, a uma democratização da Cultura e uma valorização da mesma face a este estado de emergência, como ferramenta fundamental para combater a depressão, a angústia e a ansiedade das pessoas em confinamento, e posteriormente em semi-confinamento. Ou se quiserem em desconfinamento, eu prefiro usar a primeira que penso que será o comportamento mais eficaz. É evidente que terá que ser uma Cultura sustentável e terá haver políticas assertivas para que tal possa ser uma realidade num futuro a curto prazo. “Nem só de pão vive o homem” E é importante o papel dos artistas e nomeadamente dos autores, não só como agentes sociais no combate à solidão depressão, como no processo de globalização.
Agora entraria na fase conversar sobre a globalização e a resposta estendia-se. Por isso vou só dizer que neste processo, temos muito ainda que aprender e encontrar pontes e há também ilações a tirar face à climatização e meio ambiente, não podemos virar as costas ao facto de a poluição ter sido reduzida, durante o confinamento e ao estado comportamental da natureza, quer na flora quer no mundo animal- lições de vida que devemos reter e pensar. O futuro passará por compromissos e inclusão e por abordagens de união e de democracia. No que respeita à escrita é fundamental o papel relevante das palavras como forma de afeto, assim como o sorriso e atitude positivismo, em prol dos outros pois a curto prazo, isso substituirá o toque, é importante tomarmos consciência o impacto que pode ter no outro. O Respeito e Palavra ganham dimensões, nunca antes vistas e importa perder um pouco de tempo para refletir sobre novas formas de transmitir amor (para além da própria solidariedade e da proatividade que não está em causa) pois infelizmente esta pandemia veio para ficar mais tempo do que desejaríamos. Sejamos, pois, indivíduos de esperança na coletividade.

2 - Enquanto autora, esse momento afetou o seu processo produtivo? Em tempos de quarentena, está menos ou mais inspirada?

Eu sou uma pessoa que gosta de ser sincera, não gosto de dizer o que os outros estão à espera de que eu diga, mas o que sinto, de forma que para ser honesta não me senti muito inspirada, mas é importante elevar o sonho.
E não há livro sem trabalho. É necessário salivar as emoções, torná-las palavras, namorá-las no papel, escrever porque sim, porque há uma parte nós que guarda as palavras e há outra parte de nós que nos impele a escrevê-las. Nem sempre ambas coincidem de forma que para se encontrar o equilíbrio, é difícil sair por vezes da letargia, porque isso meus amigos, requer amor, labor e alguma técnica. No meu caso, eu refugio-me no meu trabalho que também em grande parte é escrever, embora não poemas e textos literários e vou refutando, a parte criativa e a escrita poética, guardo todo o sentir cá dentro e não a deixo sair, vou como fugindo de mim mesma. Mas há que reagir e a resposta é viver o dia a dia e aprender e sorver e não desistir do sonho.

3 - Quando isso passar, qual a lição que fica?

O Mundo precisa de globalização, mas esta pandemia tem trazido, muito nacionalismo exacerbado, assiste-se a mudanças mundiais de liderança, ao mesmo tempo que se assiste a posições extremistas de racismo e de xenofobia de várias partes político-sociais. O problema da crise económica veio a agravar o estado de pobreza e as migrações são cada vez maiores e sem soluções de higienização e alimentação eficazes, ou de soluções alternativas e com raízes de sustentabilidade nos locais de origem. O problema ambiental e da desflorestação na natureza mãe, é outra questão grave, em termos reciprocidade nos níveis desejáveis de oxigénio, na realidade falando de meio ambiente percebemos que é necessário e urgente rever políticas ambientais. Mas tudo começa no individuo, como parte integrante de uma sociedade que terá de superar os seus problemas comportamentais, ou seja cada um de nós tem que rever o seu comportamento face ao outro, para que esteja integrado numa sociedade mais justa e mais alternativa. Acho que deve haver uma mudança global em que se deve aprofundar as nossas posições, não deve prevalecer o mediatismo, mas sim a responsabilização de cada um e a credibilidade na liderança, a qual que deve ser mais credível e célere. Mas começa por cada um desmantelar o narcisismo e o egoísmo, é um trabalho que cabe a cada individuo, mas como juntos criamos um todo, obrigará a repensar em todos as áreas, um futuro de um mundo mais são, mais tolerante, mais coerente.
Estar confinado pode gerar depressão, mas num desconfinamento controlado e no futuro sem vírus, uma das respostas ao problema da falta de tempo, por exemplo para a família, e também  para o problema de um meio ambiente mais saudável,  pode ser o teletrabalho, em todos os casos em que se possa concretizar este tipo de trabalho, obviamente com idas regulares, ao local de trabalho para  que não se perca o espírito da empresa. Uma migração das cidades para o campo, pode também ser, a par com o teletrabalho, uma boa solução, assim como criar transportes públicos mais ecológicos e com outras fontes de energia.
Mas há que forçosamente perceber a carga de trabalho que cada um deve poder executar, hoje em dia toda a gente se queixa que trabalha quase o dobro em regime de teletrabalho, porque por vezes a chefia não tem noção do tempo de pesquisa e execução do trabalho requisitado. Por fim acho que os ordenados devem ser distribuídos de uma forma mais linear. Há diferença abismais entre ordenados. Nesta crise temos vindo a apercebendo-nos de que há trabalhos meritórios e fundamentais que com esta pandemia ficaram em destaque e que até agora eram praticamente invisíveis, como por exemplo os auxiliares de saúde e os trabalhadores da higiene urbana, assim como os pequenos agricultores, etc. Note-se que não estou a falar de riqueza e pobreza, porque há muita gente que trabalhou muito para criar impérios que geram trabalho e há quem não faça rigorosamente nada, estou a falar simplesmente da disparidade de ordenados que é escandalosa em muitos casos e que requer uma distribuição mais cuidadosa e justa.  Enfim há que restabelecer uma nova ordem no mundo com destaque também para o papel essencial da Cultura que não só pode ser uma companhia para a questão da solidão como também educa e abre horizontes, onde por vezes se “fecha janela”.

4 - Os movimentos de integração da mulher influenciam no seu cotidiano? 

Sim. Procuro estar atenta, ainda há muita discriminação e mesmo violência contra a Mulher a nível mundial. E sim estou ligada emocionalmente a alguns destes movimentos, com os quais já tenho participado através da escrita.

5 - Como você faz para divulgar os seus escritos ou a sua obra? Percebe retorno nas suas ações?

Bom é uma pergunta algo embaraçosa, embora prática e simples, porque eu não sou muito ambiciosa, às vezes devia ser mais e o meu feitio engana à primeira vista, devido ao facto de ser extrovertida, pois na verdade sou muito low-profile. Não uso todas as ferramentas de que disponho, em termos de mediatismo e media e não em outros termos,  porque existe uma dualidade em mim , não fosse eu gémeos: se por um lado gosto que me leiam e gostava muito que os meu livros fossem conhecidos do grande público, por outro lado gosto e privilegio a minha intimidade e a minha vida privada e como implicitamente ambas estão ligadas, digamos que na verdade não divulgo muito o meu trabalho. Faço apresentações quando sai uma obra, tenho a graça de que estão sempre cheias, pelo menos até agora nas quais vendo muito bem e esse facto tenho que agradecer aos meus leitores, amigos e família; tenho duas paginas no Facebook uma como autora e outra dos meus livros infantis @SuzanaDEca e @Matilde a Noite e a Lua, mas não tenho site, instagram, etc, como autora. Claro que também tenho a minha página pessoal e tenho devo confessar que estão inúmeros pedidos de amizades pendentes, muitos de colegas que não conheço ou que conheço mal, apenas como colegas, os quais gostaria que me contatassem pela minha página de autora e que fosse uma relação literária, respeitosa e feliz, uma vez que a minha pagina pessoal é para quem conheço e é meu amigo, o que acho que se entende dado que gosto do meu canto e intimidade. Portanto tenho duas páginas no Facebook, onde volta e meia divulgo o meu trabalho para além de outros conteúdos que dizem respeito à Cultura, gosto muito de ter estas páginas e tenho muito carinho pelos meus leitores, alguns já são como amigos virtuais; também  conto com os meus editores e com páginas de leitura amigas que gostam o meu trabalho e me divulgam e a quem estou muito grata; colaboro com algumas revistas online e dou sempre que me pedem entrevistas, já dei para rádios, televisão RTP, revistas, páginas literárias. Sou coautora em livros solidários, antologias, coletâneas, vou por vezes concursos, tenho alguns traillers com o meu trabalho no canal youtube, enfim um manancial de diversas formas de divulgação, agora por exemplo, estou a responder a uma entrevista, muito completa para o Mulherio das Letras e para o Toca a Escrever. Mas não uso muitos outros recursos, fujo de lóbis e não tenho agente. Claro que quando me empenho ou se alguém se empenha por mim e a quem fico muito grata percebo o retorno e isso traz-me mais do que satisfação, uma enorme felicidade interior e deixa um sorriso na minha face e quase que voo. Mas para mim tudo tem que ser muito natural, embora com esforço da minha parte nada se concretiza sem trabalho como disse no início desta entrevista. Porém o retorno tem que surgir com naturalidade porque mereci e não porque eu quero, não espero nada, se tiver que ser, será. Eu escrevo porque está na minha natureza e porque um dia se não estiver cá quero que fique algo de mim, neste mundo como uma pegada suave na areia que o mar namora, mas que não atinge com a sua orla de espuma e só beija e por isso não chega nunca a apagar.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita para a mulher?

Se queremos igualdade em termos de globalidade, independentemente do género sexual, temos que nos ver como autores independentemente do género sexual.  Pontos positivos a grande perspicácia e intuição feminina. Negativo penso que ainda vivemos numa sociedade com uma cultura masculina muito enraizada, pelo que o homem continua a ter em termos media, mais atenção e a ser considerado mais credível infelizmente, e pode-se constatar através dos tempos gerindo os livros que foram sendo publicados e publicitados como grandes escritores da humanidade; na sua maioria homens.

7 - O que pretende alcançar enquanto autora? Cite um projeto a curto prazo e um a longo prazo.

A curto prazo é importante divulgar o meu novo livro infantil Matilde, a Noite e João Pestana.  No Reino Dos Animais Fantásticos, das Edições Vieira da Silva. Na aérea da poesia participei numa interessante Antologia que reúne poetas galegos e portugueses e também numa coletânea que reúne poetas brasileiros e lusos. Acho importante rasgarmos fronteiras e abraçar outras culturas e interagir.  A médio prazo gostava de publicar outro livro de poesia e um de prosa onde reúna os meus vários contos e a longo prazo um livro…, mas não vou desvendar a forma.

8 - Quais os temas que gostaria que fossem discutidos nos Encontros Mulherio das Letras em Portugal?

Livros que futuro? E qual o papel da Mulher neste futuro enquanto escritora? Qual o contributo que a literatura feminina pode dar, num futuro próximo e qual a sua viabilidade em termos pessoais e de mercado?

9 - Sugira uma autora e um livro que lhe inspira ou influencia na escrita.

Poderia citar vários nomes de escritores e escritoras que gosto, mas mais uma vez a sinceridade leva-me a dizer que de certa forma a escrita de Isabel Allendre me influenciou no que respeita à prosa, assim como o Eça de Queiróz. Tem graça porque acho os dois muito diferentes e há uma disparidade entre a escritas dos dois escritores, Tormes, Paris e Chile são distintos, assim como as épocas históricas. Digamos que o tempo, "esse grande escultor” e o meio geográfico são fatores determinantes para a escrita, agora ficava aqui a dissecar este tema...   Mas as figuras de estilo do Eça e o seu realismo e o erotismo da Isabel Allendre e um certo despudor, no sentido de liberdade de escrita de escrever o que sente, de facto são pilares na minha escrita, embora surjam espontâneos. Diria mais depressa que não tenho influências, mas se quisermos ir buscar referências, elas estão ali nos autores que citei, no que respeita à prosa. No que respeita à minha poesia, não sei bem, embora uma poetiza contemporânea que admiro, a Lília Tavares, uma vez me tenha dito que no que respeita à minha poesia achava que era um misto da poesia de Vasco Graça Moura e da Rosa Lobato Faria que conheci muito bem e por quem tenho um enorme carinho e saudade.
Agora vamos ao Livro. Um livro que me tenha influenciado, tenho que dizer o Principezinho de Saint Exupery, pois é sempre uma fonte inesgotável de inspiração quando escrevo os meus livros infantis e por vezes também alguns dos meus poemas.
Mas a ideia aqui era citar um livro que tivesse marcado e escrito por uma mulher/ autora, pelo que vou escolher o livro “O tempo esse grande escultor “de Marguerritte Yeucenar.
Uma autora que me tenha influenciado, já tive oportunidade de referir em cima: a Isabel Allendre. No Entanto no que respeita à poesia a maioria dos poemas brotam de mim, sem recorra a outro poeta, simplesmente chegam num rasgo e sou impelida a escrever.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

A Pergunta que gostaria que me fizessem seria “Qual a sua maior paixão”?
E a resposta é sem dúvida a vida. Na vida cabem todas as outras paixões, na vida cabe tudo e é o maior dom que temos. 

DEZ PERGUNTAS CONEXÕES ATLÂNTICAS A... MANUEL A. RODRIGUES


Agradecemos ao autor MANUEL A. RODRIGUES pela disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Como se define enquanto pessoa?

Sou um ser humano que valoriza as relações interpessoais, no que concerne à boa convivência com os meus semelhantes. Nesse sentido, sou um ser errante, que trava uma busca constante, na procura de uma melhor aprendizagem das emoções e dos sentidos da vida.
No sentir da vida, considero-me um sentimentalista, que vive e sente as emoções com alguma intensidade, daí, manifestar-se em mim com alguma turbulência de espírito, que me leva a ser irrequieto nos comportamentos e nos pensamentos.

2 - Escrever é uma necessidade ou um passatempo?

Escrever para mim, é mais uma necessidade, considerando que sinto uma obrigação interior de esvaziar de mim o “copo da inspiração” que me vai enchendo a mente. Sentindo em mim, a necessidade de materializar na escrita os meus pensamentos e sentimentos, de determinado momento, querendo-os preservar pelo tempo.

3 - O que é mais importante na escrita, a espontaneidade ou o cuidado linguístico?

Por norma, a minha escrita provém da inspiração do momento e não da premeditação do querer escrever sobre determinado tema. Mas, o cuidado linguístico merece destaque primordial, sendo no meu ponto de vista, a pedra basilar para quem escreve, tentando dar a quem lê, uma clara transmissão das mensagens que se pretendem dar a conhecer ao leitor. Sendo que, é através da prática da escrita cuidada em termos linguísticos, que se verifica a credibilidade, e a maior ou menor aceitação do prestígio do escritor.
Considerando a vasta quantidade de cuidados linguísticos a ter em conta na nossa gramática, penso que escrever em bom português respeitando todos as regras, é uma tarefa de grande cuidado e de algum grau de complexidade. Penso até, que a escrita dos mais doutos, não é de todo isenta de se encontrarem alguns erros. Situação que penso, se veio a tornar mais complexa com a introdução do acordo ortográfico e a negação da sua utilização por parte de um número considerado de escritores.
Na escrita, não pode ser só dada a ideia de ser bonita e até melodiosa, os erros linguísticos, rotulam quem escreve. Sendo a forma como escrevemos um factor identificador de quem escreve, estando nesse cuidado a marca de diferenciação das demais pessoas que escrevem.

4 - Em que género literário se sente mais confortável e porquê?

A poesia é sem dúvida a minha rainha na escrita, é por ela que maioritariamente deixo fluir de mim pensamentos e sentimentos, e é por ela que se me abre a torneira da inspiração, sem que exista maioritariamente pensamento prévio ou premeditação.

5 - O que pretende transmitir com o que escreve?

Com a minha escrita, tento dar conhecimento do que habita no mais íntimo do meu ser, dando a conhecer o meu mundo interior, fora da observação directa da minha pessoa.

6 - Quais as suas referências literárias?

Das minhas referências literárias posso citar algumas, tais como: Eça de Queirós, Camilo Castelo Branco, Miguel Torga, Luís de Camões, Bocage, Fernando Pessoa e António Aleixo, entre outros.

7 - O que acredita ser essencial na divulgação de obras literárias? 

O autor para poder ser divulgado tem que, em primeiro lugar, ter um cuidado aprimorado na sua forma de escrita, escrevendo com rigor linguístico, para que de uma forma clara a sua escrita possa ser mostrada e ser aceite socialmente. O autor tem que fazer parte interessada e motivada na sua obra, e pretender dá-la a conhecimento. Depois tem o dever de tentar viabilizar todos os meios possíveis que poderão estar, ou vir a estar, à sua disposição, prontificando-se a trabalhar todas as oportunidades possíveis, quer individualmente, quer em trabalho conjunto com pessoas ou entidades para esse efeito.
Pode depois escolher das opções possíveis, aquelas que poderão melhor ajudar na prévia preparação de todo o seu trabalho, quer nas diversas apresentações de divulgação pelos diversos meios, que poderá organizar para uma melhor e mais ampla divulgação.

8 - O que ambiciona alcançar no universo da escrita? 

Com a minha escrita, não vislumbro alcançar nada de especial, nenhum título, nenhum destaque, nenhuma fama. A minha primordial ambição enquanto autor, é preservar pela escrita o meu EU interior na sua forma de pensar, de ver, e de sentir as minhas vivências da vida, enquanto ser pensante provido de emoções e sensações.

9 - Porque participa em trabalhos colectivos?

A minha participação em trabalhos colectivos, quer em antologias, quer em colectâneas, quer em tertúlias e outros eventos literários; para além do convívio, gerando por vezes amizades, prende-se com uma possibilidade de me poder dar a conhecer enquanto autor, interagindo com outros autores. A participação de outros autores, que pelas suas diversidades de formas de escrita, podem levar-me a assimilar mais e melhores conhecimentos literários, que me poderão levar a um melhor aperfeiçoamento pessoal na minha forma de escrita.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

- O que seria da vida sem a Poesia?
- A vida sem poesia, por certo seria uma vida desprovida de sentimentos e de emoções, seria apenas a vivência de meros acontecimentos desprovida de emotividade, fantasias e das belezas da vida. Seriamos meros figurantes neste teatro da vida, sem inspirações, sem ambições, sem importar os actos; seriamos actores com retalhos nos fatos. A vida, seria um enorme vazio, não existiria o sorriso, não existiria o brilho no olhar, não existira a magia do viver, do sentir, do sonhar, e não existira o verbo amar.
- Seria como pintar um quadro sem qualquer cor, ficando um quadro vazio e triste.

sábado, 29 de agosto de 2020

DEZ PERGUNTAS MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL... ROSÁRIO PEDROSO


Agradecemos à autora ROSÁRIO PEDROSO pela disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Qual a sua percepção para essa pandemia mundial?

A minha percepção sobre tudo o que se está a passar é de que a ciência não tem resolvido os problemas das pessoas: sociais, morais, sanitários. Está aquém do que é necessário. Também não estamos preparados para lidar com a imensa diversidade de identidades culturais num mundo cada vez mais globalizado, bem como com as suas consequências.

2 - Enquanto autora, esse momento afetou o seu processo produtivo? Em tempos de quarentena, está menos ou mais inspirada?

A quarentena é propícia ao trabalho da escrita. Escrevi muita poesia, mas também me apareceu a prosa, o conto. Já tinha publicado anteriormente dois contos de Natal, mas agora a narrativa curta começa a aparecer, começam a surgir personagens com vida própria, um tipo de escrita que diz melhor o tempo que atravessamos. A poesia é a síntese, o conto permite chamar a atenção para os detalhes de uma forma mais direta.

3 - Quando isso passar, qual a lição que ficou?

Tudo o que se passa confirma as fragilidades sociais e económicas e o pouco desenvolvimento humano. É necessário promover o desenvolvimento humano e estar atento aos políticos para perceber o que pode ser alterado no nosso estilo de vida.

4 - Os movimentos de integração da mulher, influenciam no seu cotidiano?

Acompanhei os movimentos feministas em Portugal, depois de abril de 1974, a revista “Mulheres”.
Sim. Penso que se nota na minha poesia, há todo um discurso sobre o feminino. Como exemplo, há o poema sobre Helena que fugiu, no livro Sombras Rock pelos montes. Tenho outros também no livro. Na atualidade, as mulheres quando correm risco de vida em determinados países, devido às suas escolhas, fogem. São perseguidas!

5 - Como você faz para divulgar os seus escritos ou a sua obra? Percebe retorno nas suas ações?

Divulgo no Facebook e faço apresentações (neste momento não é possível), dou entrevistas. Tenho tido algum retorno, mas o meu sonho é ser lida, gostava de ter mais leitores.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita para a mulher?

Há mais aspetos negativos do que positivos, as mulheres são mais competitivas, os homens mais solidários. A comunicação entre homens e mulheres é muito desequilibrada!!! De qualquer modo é uma forma de exprimir o controverso universo feminino e de ser ouvida, certamente por minorias.

7 - O que pretende alcançar enquanto autora? Cite um projeto a curto prazo e um a longo prazo.

Continuar a escrever sobre a minha percepção da atualidade em Portugal e no mundo. Atingir um maior número de leitores. A curto prazo gostaria de publicar um novo livro de poesia, a longo prazo, um livro de contos e reflexões.

8 - Quais os temas que gostaria que fossem discutidos nos Encontros Mulherio das Letras em Portugal?

A importância da escolaridade para a emancipação feminina, a independência económica da mulher para escrever, publicar, fazer-se ouvir, denunciar. Uma ética do escritor!!!

9 - Sugira uma autora e um livro que lhe inspira ou influencia na escrita.

O Marinheiro de Gibraltar de Marguerite Duras.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

O que mata mais mulheres?
A violência doméstica, o acesso à saúde.

DEZ PERGUNTAS CONEXÕES ATLÂNTICAS A... SIMÃO ASCENÇÃO


Agradecemos ao autor SIMÃO ASCENÇÃO pela disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Como se define enquanto pessoa?

Um todo em evolução composto por tudo aquilo que me desperta a curiosidade. Uma pessoa viciada em outras e as suas reacções/formas de pensar. Dou valor à minha singularidade e às perspectivas com que posso contribuir. Atrai-me o diferente e o pouco comum. Diria, um eclético muito curioso, mas triste com a falta geral de refinamento e cuidado com a nossa complexa e rica Língua Portuguesa.

2 - Escrever é uma necessidade ou um passatempo?

É o meu passatempo erudito. Como eclético assumido, misturo todos os meus interesses e crio novas perspectivas. E sim, em determinados momentos da minha vida, a escrita torna-se mais frequente e necessária.

3 - O que é mais importante na escrita, a espontaneidade ou o cuidado linguístico?

Cuidado linguístico sempre! Por outro lado, a espontaneidade torna o escritor mais vulnerável, o que normalmente leva a uma escrita mais sentida e íntima, algo que aprecio muito. No meu caso, ambos coexistem com a mesma importância.

4 - Em que género literário se sente mais confortável e porquê?

Tanto poesia como prosa, mas mais espontâneo na poesia. Desenvolveu-se naturalmente, dei por mim a assumir a poesia como veículo rápido de expressar o meu interior no papel. E dependendo do meu estado de espírito, assume qualquer tipo de temática.

5 - O que pretende transmitir com o que escreve?

O objectivo é sempre que o leitor sinta exactamente o que eu senti quando escrevi, independentemente de ser frustração, tristeza, amor ou qualquer outro sentimento. Levar as pessoas a uma introspecção é algo que me dá imenso prazer e acredito ser fundamental para o crescimento cognitivo humano.

6 - Quais as suas referências literárias?

De entre muitas e variadas, exalto as obras de João Tordo e Filipa Martins, a meu ver, exemplos de bons escritores pós 25 de Abril. Mas na poesia, guardo com um carinho especial nomes como Jorge de Sena e Mário de Sá-Carneiro.

7 - O que acredita ser essencial na divulgação de obras literárias?

A participação activa dos escritores na divulgação. Por exemplo, através das redes sociais. Não basta só doar o trabalho para o livro, há que anunciá-lo e expô-lo.

8 - O que ambiciona alcançar no universo da escrita?

Paz interior. E não quero com isto dizer que estou em permanente caos, mas na real verdade, escrevo para mim e simplesmente partilho. Se neste percurso conseguir cativar mais alguém ou levar à reflexão, ainda melhor.

9 - Porque participa em trabalhos colectivos?

É uma forma de partilha de conhecimentos que enriquece todas as partes envolvidas. Um dar e receber que se transforma num trabalho rico de louvor à Língua Portuguesa. É também uma forma de homenagem que presto ao meu país, assim como orgulho assumido em ser português.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

Onde e como te imaginas daqui a 10 anos?
Espero estar feliz e com saúde, num lugar que possa chamar “meu”.