quarta-feira, 22 de março de 2017

EU FALO DE... MAIS UM CASTIGO


Já perdi a conta às vezes que fui castigado no FB.

Verdade seja dita que, para a maioria, sei quais foram as razões e nem me declarei inocente porquanto estavam relacionadas, quase todas com denúncias públicas que fiz de perfis onde abundava o plágio. Outras foram o prémio por dizer/escrever aquilo que penso sobre algumas atitudes que proliferam nos cantos sombrios das redes sociais e que estão associadas ao universo da escrita.

Não me custa absolutamente nada compreender o incómodo que muitos sentem por eu estar, de forma constante e persistente, a apontar o dedo e a tocar nas feridas. Não me custa absolutamente nada entender que há quem seja apologista de dar-se bem com Deus e o Diabo. Também não me custa absolutamente nada perceber as razões que levam certas pessoas a agir cobardemente e pela calada, a galope no anonimato que as redes sociais permitem.

No entanto, compreender tudo isso não é sinónimo de concordância nem, tampouco, de virar a cara para o lado como se nada tivesse acontecido.

E como me recuso virar a cara para o lado continuarei a dizer/escrever aquilo que, sempre sob o meu ponto de vista e consciente que é apenas a minha opinião, achar errado.

Posto isto e porque quem me conhece sabe que não sou menino de ficar calado perante evidências resta-me identificar as razões pelas quais voltei a ficar castigado, desta vez sem possibilidade de aderir, partilhar e/ou comentar em grupos do FB.

Ao contrário do que se possa pensar, por este castigo aparecer aquando das partilhas que estava a fazer de um poema meu, este castigo surge como consequência das partilhas que faço, através do meu blogue TOCA A ESCREVER, de poesias de outros autores.

E como posso ter a certeza disso? Muito fácil. De algum tempo a esta parte, tenho sido confrontado com o aparecimento de caixa de verificação de caracteres, sempre que partilho os poemas do dia em determinados grupos, aos quais fui adicionado, cujos administradores pertencem a uma editora, ou pseudo-editora.

Ora, essas caixas de verificação de caracteres só aparecem em caso das publicações de uma determinada fonte (neste caso o meu blogue TOCA A ESCREVER) forem denunciadas como spam. A partir do momento da denúncia, todas as publicações dessa fonte são confrontadas com as ditas caixas de verificação de caracteres, sempre que tentar partilhar nesses grupos.

Compreendo que o facto de mencionar o nome das editoras que patrocinam cada poema possa causar algum desconforto, mais ainda quando são editoras que actuam no mesmo segmento de mercado, no entanto, os poemas que divulgo nesse blogue pertencem a autores que, muitas vezes, contribuem para as antologias dessa mesma editora/pseudo-editora.

Por outro lado, e aqui quero deixar publicamente expresso, se não divulgo poemas dos livros de algumas editoras a razão é apenas uma... não responderam à minha proposta de patrocínio como as outras fizeram; inclusive algumas tiveram a frontalidade de anunciar a sua indisponibilidade e desinteresse em patrocinar o blogue e nem por isso me impediram de partilhar os poemas das outras editoras, nos grupos por elas geridos.

Podem perguntar: se apareciam essas caixas de verificação, porque não deixaste de partilhar nesses grupos? A pergunta pode parecer legítima, contudo, agir dessa forma era aceitar que a divulgação que faço dos poemas de outros autores fosse considerada spam, e isso eu nunca poderei aceitar. Por outro lado, não ficaria bem comigo mesmo se continuasse a partilhar a minha poesia nesses grupos (nunca me apareceram as caixas de verificação) abdicando de partilhar os poemas dos outros autores (mesmo com caixas de verificação).

Posto isto e para que não restem dúvidas, mal acabe este castigo voltarei a fazer tudo do mesmo modo. Para se verem livre de mim e da divulgação do TOCA A ESCREVER terão de excluir-me dos grupos e, dessa forma, denunciarem-se publicamente do acto despropositado, mesquinho e cobarde que tiveram, não para comigo mas para todos os autores cuja poesia tenho o gosto de partilhar e divulgar.


MANU DIXIT

sexta-feira, 17 de março de 2017

EU FALO DE... MUSA VIAJANTE

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR CHIADO EDITORA
Saibam sobre o autor neste link
Saibam sobre o livro neste link
Conheçam a editora neste link

Se, em algumas ocasiões, torna-se difícil para mim escrever sobre um ou outro livro, pela uniformidade estilística e de conteúdo da grande maioria dos autores, outras há em que a tarefa afigura-se mais fácil e tranquila pela escrita diferenciada. É o caso deste MUSA VIAJANTE de Frassino Machado.

Não sendo para mim um autor completamente desconhecido, não deixa de ser verdade que o volume dos seus textos que passou pelo meu crivo de leitor era reduzido e não me permitia ter uma opinião formada com forte base de fundamento.

Neste momento e após a leitura deste MUSA VIAJANTE, sabendo de antemão que é apenas um de vários livros do autor, já consigo afirmar, sem correr o risco de errar estrondosamente, que estamos perante um autor com elevada consciência do seu ofício e, acima de tudo, com a capacidade de transportar para as criações, com enorme fluência e rigor, todo o seu saber, tanto da vida como da arte poética.

E se da vida cada um adquire as suas próprias experiências e reage nas suas próprias condições e termos, já na vertente poética torna-se evidente quem é que "sabe da poda" e/ou "estudou as lições" que nos foram deixadas em legado.

À primeira vista pode parecer que as duas vertentes são gémeas na concepção, no entanto existem mais diferenças que semelhanças.

Para exemplificar esta minha ideia façamos uma analogia:

Todos nós, numa qualquer altura da nossa vida (nem todos da mesma forma) ficámos a saber que o fogo queima - esse conhecimento foi-nos dado pela experiência de vida. No entanto, só alguns conseguem distinguir diferenças entre as origens de cada fogo - esse conhecimento é transmitido pelo estudo. O mesmo acontece com a arte da escrita. Todos sabemos, em maior ou menor grau, o que é poesia e como se faz, mas nem todos sabem distinguir as diferentes tendências, as distintas fórmulas, e tampouco as sabem executar. Para isso é preciso estudar a fundo a matéria.

E é precisamente esta distinção que consegui observar na leitura deste MUSA VIAJANTE.

Neste livro, o autor Frassino Machado faz uso de uma das ferramentas mais clássicas da poesia portuguesa, e, por consequência, lusófona; a redondilha maior. Direi mesmo que em certos momentos essa particularidade quase nos transporta ao tempo das trovas, cantigas de amigo, de escárnio e mal-dizer. E essa capacidade só a pode ter quem estudou a matéria exaustivamente.

O mesmo posso dizer, e porventura com mais propriedade, da inclinação, que me parece natural neste autor, do uso do soneto clássico (petrarquiano), do soneto inglês (shakespeariano) e do soneto estrambótico, que, diga-se em abono da verdade, quase ninguém conhece e poucos ouviram falar, não sendo por isso menos clássico.

Contudo e apesar das abordagens mais clássicas e uma ou outra referência de cunho histórico, a poesia em MUSA VIAJANTE é transversal no tempo e bem moderna pela actualidade - essa sim baseada na experiência do homem, que empresta o corpo ao autor.

Tudo o que acabei de escrever serve para garantir que, MUSA VIAJANTE de Frassino Machado, é um livro que recomendo vivamente, não só pelo conteúdo temático muito diversificado mas também, e em maior relevo, por ser um excelente manual de como poetar usando estruturas clássicas sem deixar de criar modernidade.

MANU DIXIT