quinta-feira, 21 de abril de 2022

29 Setembro 1995 (excerto) - FRANCIS RAPOSO FERREIRA

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
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Olá meu querido e leal amigo.
Desculpa por só agora, a esta hora tardia, vir ter contigo, mas, acredita-me, não o pude fazer antes, apesar de bem o desejar. O outro, do qual não me apetece nem sequer pronunciar, ou escrever, o nome, pois vejo-o mais como meu carrasco que como meu marido, parece andar desconfiado de alguma coisa. Hoje, contrariando tudo o que é habitual nele, chegou cedo a casa, antes não o tivesse feito, e parecia que iria ficar, toda a noite, a controlar os meus passos e a vaguear por casa, ao mesmo tempo que me ia dirigindo acusações completamente infundadas, mas que qualquer um destes dias, talvez deixem de ser puras invenções daquela mente suja e se transformem em realidade.
É verdade, sinto-me tão infeliz com tudo o que estou a sofrer que já nada me preocupa, por isso, falem bem ou mal de mim, acusem-me de ser isto ou aquilo, sinto-me cada vez mais tentada a dar-lhe razão quando me acusa de ser uma oferecida a tudo quanto seja homem, isto é, sinto-me cada vez mais próxima de ceder às tentações e aos desejos do corpo e arranjar um, ou mais, amantes. Confesso-te, só não o fiz já, por medo de poder vir a arranjar problemas para quem não tenha culpa de nada, pois não duvido que se ele vier a descobrir, não descansará enquanto não se vingar, começando em mim e só acabando quando o conseguir naquele a quem decidir entregar-me.
Como te dizia ontem, o dia do meu casamento, previsivelmente um dia de festa, acabaria por ser assolado por um verdadeiro temporal, que transformaria a festa em pesadelo, para mim, como é lógico. Se tiveres paciência para me ouvir, contar-te-ei tudo, exactamente como se passou, pois apesar de já ter passado um ano, as imagens continuam vivas na minha mente, suspeitando mesmo que nunca as conseguirei apagar, até porque ele, por puro masoquismo, mo está constantemente a recordar.

EM - DIÁRIO DE MEL - FRANCIS RAPOSO FERREIRA - IN-FINITA

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