Agradecemos à autora LIZ RABELLO pela disponibilidade em responder ao nosso questionário
1 - Qual a sua
percepção para essa pandemia mundial?
Vivemos o fim do “Capetalismo”, a
degradação da humanidade. O lucro nefasto acima das vidas humanas. Sou da
capital de São Paulo, Brasil. Estamos com mais de cem mil infectados e quase
9000 óbitos, mas o Presidente prega a teoria do negacionismo. Os governadores e
prefeitos em plena guerra política ideológica contra o governo federal. E nós,
o povo, no meio da tragédia. Meu estado é o mais afetado. Noventa por cento dos
leitos em hospitais estão sendo usados. Minha percepção é a pior possível.
Assustada, por vezes, esperanças desaparecem, mas a fé em Deus e na vida ainda
prevalece.
2 - Enquanto
autora, esse momento afetou o seu processo produtivo? Em tempos de quarentena,
está menos ou mais inspirada?
Tenho escrito muito pouco, poemas
contundentes e desesperadores.
3 - Quando
isso passar, qual a lição que ficou?
Para mim, uma lição é básica. Preciso de
muito pouco para ser feliz. Posso viver sem shoppings, sem roupas caras, sem
viagens, sem maquiagens. Sem um montão de coisas que estão entulhadas num
guarda-roupa sem uso. Mas não posso viver sem a música, sem a Arte, sem a
Poesia, sem meus familiares e muito menos, sem amigos.
4 - Os
movimentos de integração da mulher influenciam no seu cotidiano?
Sempre. Sou ativista. E me pego muitas
vezes orando, (já que neste momento pouco posso fazer), pelas mulheres que
sofrem, neste instante, violência doméstica.
5 - Como você
faz para divulgar os seus escritos ou a sua obra? Percebe retorno nas suas
ações?
Tenho um blog. Escrevo e publico.
Participo de Antologias. Amigos do face book sempre me dão retorno. No momento,
está tudo parado, mas antes participava de vários saraus poéticos.
6 - Quais os
pontos positivos e negativos do universo da escrita para a mulher?
Temos vários canais de divulgação, como
o Mulherio das Letras. Isto é muito positivo. Mas ainda é difícil quebrar
barreiras até mesmo dentre as mulheres. Percebo que quando um poeta homem
publica, centenas vão ler e comentar. Não acontece o mesmo com as mulheres
escritoras. Em lançamentos como em Feiras de Livros, Porto Alegre ou Bienais em
São Paulo e Rio de Janeiro, homens escritores são muito mais badalados pelas
mulheres do que as próprias escritoras. Ainda não alcançamos este patamar com
os leitores comuns.
7 - O que
pretende alcançar enquanto autora? Cite um projeto a curto prazo e um a longo
prazo.
Tenho um Projeto em andamento: “ADOTE,
DOE, NÃO ABANDONE!” A ideia é uma campanha: Antes de comprar um pedigree, adote
um Vira Latinha. Tenho quatro livros já publicados, dentro deste Projeto. A
curto prazo quero levar minha poesia para mais escolas, não só da minha região,
como de outros estados do Brasil. Pretendo continuar com visitas a escolas,
asilos, hospitais. O contato escritor x leitor é fundamental. Olho no olho.
Poesia ao pé do ouvido. Magia.
A longo prazo, eu não sei. Tinha sonhos
de viagens, principalmente ao exterior, Portugal, Itália. Mas após a pandemia,
não sei como estarão minhas possibilidades financeiras para cobrir estes
gastos. Veremos.
8 - Quais os
temas que gostaria que fossem discutidos nos Encontros Mulherio das Letras em
Portugal?
Tenho acompanhado pela página do
Mulherio das Letras. No momento, a pandemia é o teor central de todas as nossas
preocupações. Penso que com esta entrevista estamos acolhendo o tema.
9 - Sugira uma
autora e um livro que lhe inspira ou influencia na escrita.
Cora Coralina. Comecei a escrever tão
tarde quanto ela. A obra que mais aprecio é póstuma: “O Tesouro da Casa Velha”,
contos belíssimos! Prosa poética repleta de imagens vividas, costuradas com
agulhas de sua imaginação.
10 - Qual a
pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?
"Se tivesse outra oportunidade para
recomeçar a sua existência aqui na Terra, você escolheria qual profissão?"
“Se isto me fosse dado de volta, eu
escolheria novamente ser PROFESSORA, porque foi esta a atividade profissional
que permeou os meus dias, que garantiu o meu pão e a minha sobrevivência. E,
por pior que sejam os percalços, a realização que consegui superam todas as
barreiras financeiras. Cada pedra que me jogaram me fez mais forte. Fiz parte
de uma jornada de conquistas para a mulher valiosa e muito importante para a
construção de uma sociedade melhor. Ser professor é cultivar sementes. Eu adoro
jardins.”
Sou Liz Rabello, escritora por acaso.
Professora por opção. Lecionei durante muitos anos e lia para meus alunos obras
dos famosos e dos não tão famosos assim. Ao me aposentar já estava escrevendo.
Pertenço a três Academias: ALPAS/RS, ALP/ Professores de SP e
ANLPPB/Campinas/SP. Escrevo como quem salga páginas de tinta com lágrimas.
Escrevo memórias, fatos reais ou fictícios quando a fantasia se une à
realidade. Escrevo utopias, esperanças inatingíveis que só me servem para
caminhar. Escrevo lutas, para me dar mais forças para guerrear. Uso armas
palavras.