domingo, 31 de maio de 2020

DEZ PERGUNTAS MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL - MARIA ANTONIETA OLIVEIRA


Agradecemos à autora MARIA ANTONIETA OLIVEIRA pela disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Qual a sua percepção para essa pandemia mundial?

Percepção? Gostava de saber responder a esta pergunta, infelizmente não sei. Tudo o que estamos a viver é uma incógnita.

2 - Enquanto autora, esse momento afetou o seu processo produtivo? Em tempos de quarentena, está menos ou mais inspirada?

Este tempo de quarentena, foi no início, mais produtivo, escrevi e li, como há muito não fazia. Agora, com o passar dos dias, a inspiração e a vontade, estão a ficar também de quarentena.

3 - Quando isso passar, qual a lição que ficou?

Que somos um grão de areia que qualquer lufada de ar faz voar e desaparecer.

4 - Os movimentos de integração da mulher influenciam no seu cotidiano?

Como mulher que sou, é evidente que sim.

5 - Como você faz para divulgar os seus escritos ou a sua obra? Percebe retorno nas suas ações?

Publico nas redes sociais e ultimamente, graças à In-Finita, a minha obra tem sido muito mais divulgada e com resultados positivos.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita para a mulher?

Actualmente já é mais fácil ser mulher e escrever sobre qualquer tema, mas ainda há um forte tabu entre a mulher e a sexualidade, o que faz com que a mesma ao escrever sobre este tema seja criticada.

7 - O que pretende alcançar enquanto autora? Cite um projeto a curto prazo e um a longo prazo.

A curto prazo, gostaria de editar um outro livro de poesia. A longo prazo, não queria morrer sem conseguir deixar escrita e editada, a minha biografia.

8 - Quais os temas que gostaria que fossem discutidos nos Encontros Mulherio das Letras em Portugal?

Não tenho preferência. Espero recolher um bom punhado de boas ideias.

9 - Sugira uma autora e um livro que lhe inspira ou influencia na escrita.

Comecei por gostar de ler Florbela Espanca. Todos os seus poemas, pareciam ter sido escritos por mim, todo aquele sofrer de amor, era o meu. Neste momento, não me influencio por nenhuma autora, sou eu e apenas eu.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

O que farias se pudesses voltar atrás? Resposta – Voaria.

sábado, 30 de maio de 2020

DEZ PERGUNTAS MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL - CARLA FÉLIX


Agradecemos à autora CARLA FÉLIX pela disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Qual a sua percepção para essa pandemia mundial?

Tenho uma percepção mutante da pandemia mundial, inicialmente tive dificuldade em perceber que teria mesmo de parar e estar em casa. Preocupa-me a não adoção de medidas internacionais que visam combater este inimigo invisível e universal.

2 - Enquanto autora, esse momento afetou o seu processo produtivo? Em tempos de quarentena, está menos ou mais inspirada?

A minha criatividade surge de dois mundos: dos problemas, da revolta pela desigualdade social e do contato com o mar. Tenho escrito menos. Aproveitei mais para reler o que já escrevi e já publiquei. Sendo um tempo de maior partilha poética.

3 - Quando isso passar, qual a lição que ficou?

Que não controlamos o mundo, o tempo, os acontecimentos… tudo é imprevisível!

4 - Os movimentos de integração da mulher influenciam no seu cotidiano?

A energia positiva e acolhedora de alguns movimentos são importantes. As mulheres são muito críticas e têm dificuldade por vezes em separar a mulher escrita e a mulher do dia a dia…

5 - Como você faz para divulgar os seus escritos ou a sua obra? Percebe retorno nas suas ações?

Faço divulgação na minha página do facebook Melodia nos Versos – Carla Félix, partilho poesia em vários grupos de poesia e/ou dos Açores dedicados à fotografia (partilhando poesia com fotografias).

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita para a mulher?

Uma mulher que escreve é uma mulher que pensa, que tem coragem de dizer o que sente, torna-se livre pelas palavras o que é positivo. Não encontro pontos negativos, faço da escrita um prazer e não espero muito…

7 - O que pretende alcançar enquanto autora? Cite um projeto a curto prazo e um a longo prazo.

O destino trouxe-me ao mundo da escrita. Desfruto desta aprendizagem diária e de evolução. Quero lançar um próximo livro contudo devido a toda esta situação as ideias que tinha a médio prazo, deixei para um longo prazo.

8 - Quais os temas que gostaria que fossem discutidos nos Encontros Mulherio das Letras em Portugal?

É sempre importante falar nos direitos das mulheres, na mulher com direito a uma voz, a uma opinião, à prevenção das questões da violência doméstica. Existem mulheres que ao lerem libertam-se e realizam actos de coragem.

9 - Sugira uma autora e um livro que lhe inspira ou influencia na escrita.

Todas as obras da poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen inspiram-me. 

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

Viver nos Açores é um limite ou ponto de partida?
Viver nos Açores limita a participação em imensas atividades de partilha e aprendizagem. A poesia é mais valorizada em verso livre além fronteiras. Nos Açores temos uma tradição enraizada das rimas populares ligadas as festividades. No entanto, viver aqui possibilita sentir a natureza em pleno e o silêncio embalado na maresia sendo inspirador.

sexta-feira, 29 de maio de 2020

DEZ PERGUNTAS MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL - VALLDA


Agradecemos à autora VALLDA pela disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Qual a sua percepção para essa pandemia mundial?

Estou consciente de que estamos perante uma das maiores calamidades de todos os tempos, a maior do nosso tempo. Olhei muito para isto como um castigo. Vejamos, o Humano mata, destrói, estraga... Generalizando o humano é um vândalo do planeta, enquanto uns estão a cumprir pena domiciliária outros, infelizmente, estão a sucumbir.

2 - Enquanto autora, esse momento afetou o seu processo produtivo? Em tempos de quarentena, está menos ou mais inspirada?

Prejudicou. Tenho uma tendência estranha. No início de cada ano tenho sempre uma quebra na inspiração que penso ter a ver com o facto de que o mês de janeiro para mim é enfadonho mas recupero sempre após essa fase. Este ano a quebra prolongou-se e claro, devido à situação atual até porque quem escreve, normalmente, precisa das emoções, das pessoas  e sobretudo da não-monotonia para conseguir conteúdo para os seus relatos, se bem que o poeta, por norma, é solitário e introspectivo e podíamos muito bem nos adaptar às circunstâncias, porém, o factor ansiedade provocou em mim um bloqueio autêntico.

3 - Quando isso passar, qual a lição que ficou?

Ficará uma lição, certamente para a humanidade. Espero sinceramente que se mude alguns comportamentos, porque este vírus também veio para ensinar! Quem for inteligente perceberá e saberá o que tem de fazer e o que tem que deixar de fazer. Quando tudo passar temos mesmo que olhar para trás como uma lição de vida. Pessoalmente, vou pôr em prática os planos que fiz nestes tempos difíceis e abdicar de outros que seriam supérfluos. Acredito que muitas pessoas mudarão.

4 - Os movimentos de integração da mulher influenciam no seu cotidiano?

Claro que sim. Se estou aqui hoje a responder a estas perguntas e ao ter acesso às redes sociais para publicar o que escrevo de forma livre e espontânea é porque a mulher se emancipou e ganhou um lugar de igualdade.

5 - Como você faz para divulgar os seus escritos ou a sua obra? Percebe retorno nas suas ações?

Os únicos meios que uso para divulgar os meus textos são a vulgar plataforma digital designada Facebook onde tenho uma página, no meu blog criado em 2012 onde vou publicando textos em prosa mais extensos, nas coletâneas em que vou participando, a publicação esporádica no jornal local e eventuais participações em saraus poéticos. Há um retorno na publicação de inéditos mas continuo ativamente a preencher esses espaços com poesia escrita doutros tempos, com desafios que me propõem, com projetos de criatividade com feedback sempre positivo.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita para a mulher?

Não consigo assimilar pontos negativos. Acho a mulher um ser com uma sensibilidade notável, capaz de partilhá-la com outras mulheres com muita facilidade, .

7 - O que pretende alcançar enquanto autora? Cite um projeto a curto prazo e um a longo prazo.

Como autora pretendo alcançar a publicação de, pelo menos, um livro pessoal. Não tenho um projeto ainda definido a curto, médio ou a longo prazo, até pode ser a médio.  Há um livro pronto a editar mas por várias razões, que por descuido ou por mera desmotivação, acaba sempre ficando pendente.

8 - Quais os temas que gostaria que fossem discutidos nos Encontros Mulherio das Letras em Portugal?

Há um assunto sobre o qual sempre busco saber algo e que me é curioso. A ligação da escrita com a depressão ou a ansiedade e o impacto que a doença psicológica tem numa mulher que escreve.

9 - Sugira uma autora e um livro que lhe inspira ou influencia na escrita.

Dizem que os meus sonetos são muito ao género de Florbela, realmente é uma referência e para mim uma grande inspiração.
Contudo, posso referir As Ondas, de Virginia Woolf, um livro intimista narrado por 6 monólogos onde a autora serve-se da natureza e da água para compôr um excelente jogo existencialista. Entranhou-me de tal forma que tive recorrer à escrita.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

Porque escreve poesia? E eu responderia: Não faço a mínima ideia.

quinta-feira, 28 de maio de 2020

DEZ PERGUNTAS MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL - AILA MAGALHÃES


Agradecemos à autora AILA MAGALHÃES pela disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Qual a sua percepção para essa pandemia mundial?

Uma tragédia. Uma oportunidade.
Muitas vezes, é nos momentos mais difíceis que são percebidas as invisibilidades e descobertas as melhores soluções,

2 - Enquanto autora, esse momento afetou o seu  processo produtivo? Em tempos de quarentena, está menos ou mais inspirada?

Menos inspirada, porém mais disciplinada.

3 - Quando isso passar, qual a lição que ficou?

A importância do afeto, da presença humana, do valor secundário de bens materiais.

4 - Os movimentos de integração da mulher influenciam no seu cotidiano?

Sempre.

5 - Como você faz para divulgar os seus escritos ou a sua obra? Percebe retorno nas suas ações?

Divulgo pouco... Redes sociais, basicamente. Não sou boa nesse campo.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita para a mulher?

Os negativos estão inseridos nas questões de sempre: barreiras impostas às mulheres, tanto pessoal quanto coletivamente (preconceitos, infelizmente ainda os há, jornadas duplas ou triplas, credibilidade, reconhecimento). A coragem de expor questões guardadas a sete chaves, incentivando outras tantas a também fazê-lo.

7 - O que pretende alcançar enquanto autora? Cite um projeto a curto prazo e um a longo prazo.

Pretendo escrever algo do qual me orgulhe profundamente. Gosto de muito do que escrevo, mas ainda não cheguei “lá”. A curto prazo, concluir um romance já iniciado. A longo prazo, investir em artes visuais, que também amo.

8 - Quais os temas que gostaria que fossem discutidos nos Encontros Mulherio das Letras em Portugal?

Devo me aposentar este ano e daqui a poucos anos me tornarei “sex”... rs. Gostaria de uma discussão acerca do envelhecimento feminino e a relação deste aspecto com a criação.

9 - Sugira uma autora e um livro que lhe inspira ou influencia na escrita.

Difícil... Pode ser duas? Hilda Hilst  me inspira... um misto de admiração e inveja, por motivos óbvios... rs  e Ana Cristina Cesar.
O livro talvez cause estranheza. Não que influencie diretamente a minha escrita, mas foi reflexo do que fui (e em parte ainda sou) em uma fase importante de minha vida.: Zen e a Arte de Manutenção de Motocicletas, de Robert Pirsig.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

O que encanta e assusta? O ser humano.

quarta-feira, 27 de maio de 2020

DEZ PERGUNTAS MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL - RENATA PENZANI


Agradecemos à autora RENATA PENZANI pela disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Qual a sua percepção para essa pandemia mundial?

Outro dia eu lembrei de uma fala do compositor baiano Mateus Aleluia dizendo que “sobre o tempo presente não se diz nada”, acho isso de uma sabedoria imensa que eu ainda não consigo ter. Tenho um ímpeto muito grande de querer avaliar as coisas no momento em que elas acontecem, mas tem um pedido de espera implícito em tudo isso que estamos vivendo, eu desconfio. Como disse o Guimarães Rosa “deus é paciência, o resto é o diabo”. Só saberemos o que foi quando tomarmos distância, e esse tempo ainda não é agora quando estamos mergulhados até os ossos nisso. O que sei é que todo dia preciso distrair meu medo, tentar vencê-lo, e às vezes perco feio. 

2 - Enquanto autora, esse momento afetou o seu  processo produtivo? Em tempos de quarentena, está menos ou mais inspirada?

Acho que consigo observar a minha escrita em dois lugares agora: o do exercício de desopilar e expurgar fantasmas, e o de potência criadora, que é uma outra coisa pra mim, de me conectar com as potências da vida e das belezas ocultas que existem em tudo. O primeiro tem sido um escape, e o segundo um mergulho. Oscilo entre os dois para sobreviver, mas sem me esquecer que talvez um estado não exista sem o outro - pra mim, claro, que é de quem eu posso falar. Não estou mais inspirada agora porque não acredito muito nisso de inspiração, acho que a escrita é um ofício como outro qualquer que se melhora enquanto se faz, mas acho que posso dizer que estou mais atenta, mais disposta a reparar. É desses longos instantes de observação, sensação e pensamento que nasce qualquer coisa que eu possa chamar de literatura, nesse sentido é bem-vindo o tempo para quem tem o enorme privilégio de tê-lo agora.

3 - Quando isso passar, qual a lição que ficou?

Ainda não sei… mas hoje li um poema do Drummond chamado “O sobrevivente” que eu não conhecia e me deu um estalo de aprendizado desses que na mesma hora você já sabe que vão ficar com você para a vida toda. Ele diz assim: “Os homens não melhoram e matam-se como percevejos. / Os percevejos heróicos renascem. / Inabitável, o mundo é cada vez mais habitado. / E se os olhos reaprendessem a chorar seria um segundo dilúvio.”

4 - Os movimentos de integração da mulher influenciam no seu cotidiano?

Eu tenho algumas práticas diárias para me conectar com o meu feminino, um deles é a mandala lunar, um diário onde eu anoto as minhas emoções, os meus aprendizados, aquilo que eu consigo observar no meu corpo e na minha mente. Comecei há 1 ano e meio e mudou completamente a maneira como me entendo. Mas, falando de uma perspectiva mais social, ser mulher e viver direta ou indiretamente daquilo que a nossa caneta e os nossos dedos colocam no papel é um ato político imensurável, ainda hoje, e devemos isso a todas que lutaram antes de nós. Suas vozes estão dentro da minha, mesmo quando eu esqueço.

5 - Como você faz para divulgar os seus escritos ou a sua obra? Percebe retorno nas suas ações?

Esse é sem dúvida uma das minhas fragilidades - ou pelo menos pontos de atenção que me puxam a orelha o tempo todo. Sou muito tímida para mostrar publicamente não só o que escrevo mas principalmente a minha figura. Quando fui viajar para divulgar o meu livro no ano passado, o romance infantojuvenil “A coisa brutamontes”, eu tinha que lidar com meu próprio rinoceronte todo dia. Eu suo frio, gaguejo, invento coisas porque perco o controle do que estou dizendo quando me dão um microfone na mão. É um horror! Meus amigos já até sabem que precisam me aguentar totalmente nervosa nesses momentos. Mas paradoxalmente é maravilhoso também, porque eu me nutro demais desses encontros. A coisa mais emocionante pra mim foi quando uma pessoa, na fila do lançamento que fiz no Rio de Janeiro, disse que queria dar o meu livro para “uma pessoa que ainda não chegou”, e tirou um ultrassom do bolso. Aquilo me desmontou e eu fiquei sem palavras. O retorno pra mim é esse, não é nada além.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita para a mulher?

Acho que não tem um ponto negativo quando você se propõe a estar onde quer estar, mas tem sim inumeráveis dificuldades do ponto de vista do gênero, que sabemos bem quais são. Acho que só o que cabe a mim é honrar o espaço que me foi aberto por tantas outras que vieram antes. Quando eu lembro que a Cora Coralina precisou esconder poemas dentro de compotas e distribuir escondido junto com os doces que vendia trabalhando como doceira, eu agradeço pelo lugar onde podemos estar hoje. Há um caminho imenso ainda a percorrer, sobretudo no que diz respeito a conseguirmos vencer barreiras de classe, de raça e de uma falsa competitividade entre mulheres que ainda tentam nos vender como um produto fora do prazo de validade, sabe? Antes de qualquer coisa, eu penso que me reconhecer nesse caminho é honrar quem pisou esse chão primeiro. Salve Carolina Maria de Jesus, Cora Coralina, Cecilia Meireles, Hilda Hilst, Clarice Lispector e tantas outras.

7 - O que pretende alcançar enquanto autora? Cite um projeto a curto prazo e um a longo prazo.

Eita, que ousado! Meu pensamento é muito objetivo nesse sentido, sonho muito mais que planejo. Mas como desejo de curto prazo, eu poderia citar publicar um livro de poemas que me propus a escrever recentemente, centrado na temática da infância. A longo prazo, quero explorar outras formas de dizer, me sentir confortável tentando outras linguagens, gêneros e formatos. Ainda quero escrever um livro com o mínimo de palavras, por exemplo, a síntese é pra mim o maior desafio.

8 - Quais os temas que gostaria que fossem discutidos nos Encontros Mulherio das Letras em Portugal?

A poética das mulheres, a literatura de si, os limites entre os gêneros, a prosa contida na poesia.

9 - Sugira uma autora e um livro que lhe inspira ou influencia na escrita.

Uma? Ai. Hoje é a Sophia de Melo Breyner Andresen. Ontem era a Matilde Campilho. Amanhã pode ser a Alejandra Pizarnik. Eu levo muitas comigo e é uma sorte tremenda essas mulheres todas existirem.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

“O melhor lugar do mundo é aqui. E agora?”. É uma recriação de um verso do Gilberto Gil que está em um grafite de um muro na cidade onde eu nasci, no interior de São Paulo. Mas eu não faço a menor ideia da resposta. Acho que o tal do “hoje” é a nossa sina.

terça-feira, 26 de maio de 2020

DEZ PERGUNTAS MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL - LIZ RABELLO


Agradecemos à autora LIZ RABELLO pela disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Qual a sua percepção para essa pandemia mundial?

Vivemos o fim do “Capetalismo”, a degradação da humanidade. O lucro nefasto acima das vidas humanas. Sou da capital de São Paulo, Brasil. Estamos com mais de cem mil infectados e quase 9000 óbitos, mas o Presidente prega a teoria do negacionismo. Os governadores e prefeitos em plena guerra política ideológica contra o governo federal. E nós, o povo, no meio da tragédia. Meu estado é o mais afetado. Noventa por cento dos leitos em hospitais estão sendo usados. Minha percepção é a pior possível. Assustada, por vezes, esperanças desaparecem, mas a fé em Deus e na vida ainda prevalece.

2 - Enquanto autora, esse momento afetou o seu processo produtivo? Em tempos de quarentena, está menos ou mais inspirada?

Tenho escrito muito pouco, poemas contundentes e desesperadores.

3 - Quando isso passar, qual a lição que ficou?

Para mim, uma lição é básica. Preciso de muito pouco para ser feliz. Posso viver sem shoppings, sem roupas caras, sem viagens, sem maquiagens. Sem um montão de coisas que estão entulhadas num guarda-roupa sem uso. Mas não posso viver sem a música, sem a Arte, sem a Poesia, sem meus familiares e muito menos, sem amigos.

4 - Os movimentos de integração da mulher influenciam no seu cotidiano?

Sempre. Sou ativista. E me pego muitas vezes orando, (já que neste momento pouco posso fazer), pelas mulheres que sofrem, neste instante, violência doméstica.

5 - Como você faz para divulgar os seus escritos ou a sua obra? Percebe retorno nas suas ações?

Tenho um blog. Escrevo e publico. Participo de Antologias. Amigos do face book sempre me dão retorno. No momento, está tudo parado, mas antes participava de vários saraus poéticos.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita para a mulher?

Temos vários canais de divulgação, como o Mulherio das Letras. Isto é muito positivo. Mas ainda é difícil quebrar barreiras até mesmo dentre as mulheres. Percebo que quando um poeta homem publica, centenas vão ler e comentar. Não acontece o mesmo com as mulheres escritoras. Em lançamentos como em Feiras de Livros, Porto Alegre ou Bienais em São Paulo e Rio de Janeiro, homens escritores são muito mais badalados pelas mulheres do que as próprias escritoras. Ainda não alcançamos este patamar com os leitores comuns.

7 - O que pretende alcançar enquanto autora? Cite um projeto a curto prazo e um a longo prazo.

Tenho um Projeto em andamento: “ADOTE, DOE, NÃO ABANDONE!” A ideia é uma campanha: Antes de comprar um pedigree, adote um Vira Latinha. Tenho quatro livros já publicados, dentro deste Projeto. A curto prazo quero levar minha poesia para mais escolas, não só da minha região, como de outros estados do Brasil. Pretendo continuar com visitas a escolas, asilos, hospitais. O contato escritor x leitor é fundamental. Olho no olho. Poesia ao pé do ouvido. Magia.
A longo prazo, eu não sei. Tinha sonhos de viagens, principalmente ao exterior, Portugal, Itália. Mas após a pandemia, não sei como estarão minhas possibilidades financeiras para cobrir estes gastos.  Veremos.

8 - Quais os temas que gostaria que fossem discutidos nos Encontros Mulherio das Letras em Portugal?

Tenho acompanhado pela página do Mulherio das Letras. No momento, a pandemia é o teor central de todas as nossas preocupações. Penso que com esta entrevista estamos acolhendo o tema.

9 - Sugira uma autora e um livro que lhe inspira ou influencia na escrita.

Cora Coralina. Comecei a escrever tão tarde quanto ela. A obra que mais aprecio é póstuma: “O Tesouro da Casa Velha”, contos belíssimos! Prosa poética repleta de imagens vividas, costuradas com agulhas de sua imaginação.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

"Se tivesse outra oportunidade para recomeçar a sua existência aqui na Terra, você escolheria qual profissão?"
“Se isto me fosse dado de volta, eu escolheria novamente ser PROFESSORA, porque foi esta a atividade profissional que permeou os meus dias, que garantiu o meu pão e a minha sobrevivência. E, por pior que sejam os percalços, a realização que consegui superam todas as barreiras financeiras. Cada pedra que me jogaram me fez mais forte. Fiz parte de uma jornada de conquistas para a mulher valiosa e muito importante para a construção de uma sociedade melhor. Ser professor é cultivar sementes. Eu adoro jardins.”
Sou Liz Rabello, escritora por acaso. Professora por opção. Lecionei durante muitos anos e lia para meus alunos obras dos famosos e dos não tão famosos assim. Ao me aposentar já estava escrevendo. Pertenço a três Academias: ALPAS/RS, ALP/ Professores de SP e ANLPPB/Campinas/SP. Escrevo como quem salga páginas de tinta com lágrimas. Escrevo memórias, fatos reais ou fictícios quando a fantasia se une à realidade. Escrevo utopias, esperanças inatingíveis que só me servem para caminhar. Escrevo lutas, para me dar mais forças para guerrear. Uso armas palavras.

segunda-feira, 25 de maio de 2020

DEZ PERGUNTAS MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL - JOEMA CARVALHO


Agradecemos à autora JOEMA CARVALHO pela disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Qual a sua percepção para essa pandemia mundial?

Inconsequência ambiental em decorrência de uma infantilidade espiritual, mental e emocional humana. Parece que mesmo sabendo o que deve ser feito, a humanidade ainda teima em fazer errado. O que estamos vivendo é consequência

2 - Enquanto autora, esse momento afetou o seu processo produtivo? Em tempos de quarentena, está menos ou mais inspirada?

A pandemia está contribuindo com a minha produção literária. Tenho participado de projetos literários, de sarais literários virtuais e escrevendo muito.

3 - Quando isso passar, qual a lição que ficou?

Sinto muito pela oportunidade que a humanidade está perdendo.

4 - Os movimentos de integração da mulher influenciam no seu cotidiano?

Considero-me uma mulher integrada, não me sinto limitada por ser mulher.

5 - Como você faz para divulgar os seus escritos ou a sua obra? Percebe retorno nas suas ações?

Eu não tenho preocupação em divulgar minha obra. Participo de projetos, saraus, coletâneas visando o movimento. O que aparece e acho interessante, participo. Uma amiga disse que não é bom quando se tem uma determinada produção que fica parada... concordei com ela. Isto motivou-me a entrar em movimento. Estou tendo retorno sim, muito além do que esperava... não esperava nada do que escrevo (!!!)... logo, é fácil ter retorno!!!

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita para a mulher?

De um modo geral e ao longo da história, se a mulher não se movimenta, ninguém lembra que ela existe. Existem trabalhos belíssimos realizados por mulheres e por homens, assim como o contrário.

7 - O que pretende alcançar enquanto autora? Cite um projeto a curto prazo e um a longo prazo.

Curto: como sou formada em engenharia florestal, estou unindo a literatura com a questão ambiental. Tenho um projeto grande, já contemplado pela Lei Rouanet e com empresa interessada, mas a Secretaria de Cultura ainda não autorizou a captação. Escrevi 10 histórias infanto-juvenis que ocorrem nos biomas e ecossistemas do Brasil, é literatura, mas tem conceitos técnicos diluídos nas histórias. Espero iniciar este projeto ainda neste ano. Foram mais de dez anos trabalhando neste projeto.
Longo prazo: Realizar um projeto literário, também com a pegada ambiental, vinculado a viagens por biomas e ecossistemas.

8 - Quais os temas que gostaria que fossem discutidos nos Encontros Mulherio das Letras em Portugal?

Ecopoesia / Ecocrítica. Faço parte de um grupo que estuda a Ecopoesia / Ecocrítica, parceria entre a UFPR.

9 - Sugira uma autora e um livro que lhe inspira ou influencia na escrita.

São muitas... não tenho uma autora em específico... não consigo responder...
Minhas autoras guias são: Clarice Lispector, Isabel Aliende, Clarice Pinkola Estés, Marguerite Duras, Emily Bronte, Marina Colassanti...

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

O que é diferente no que você escreve?
Eu escrevo poemas ambientais desde pequena, desde antes de saber escrever, quando meus pais escreviam os meus poemas. Além disto, a partir do momento que entrei em contato com termos técnicos, comecei a escrever poemas com este vocabulário, no caso, no ensino médio. Adoro os termos técnicos, tanto de exatas como de biologia. Meus poemas acabam sendo esta mistura e não é intencional, acontece. A engenharia florestal é importante neste sentido.