sexta-feira, 29 de abril de 2022

O fantasma do fantasma (excerto) - VÍTOR COSTEIRA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Há um chavão popular que diz que todos nós temos os nossos fantasmas! A sabedoria do povo é proverbialmente conhecida como acertada (às vezes…) e assim continuaria a ser se eu não conhecesse alguém que não tem fantasmas, de nenhuma espécie, que adormece bem a qualquer hora, que não pensa naquilo que já passou, que convive bem com a história ou, simplesmente, pouca atenção lhe dá! A vida faz-se de trás para a frente e não o oposto! Acho que esta pessoa é feliz, bem mais do que aquilo que eu consigo ser, nas mesmas condições.
Mas eu não. Eu não sou assim. Vivo muito com as pessoas que já cá não estão e, para além destes, não consigo viver sem os “meus” fantasmas! Aqueles que eu concebo, dependendo de cada situação. Devo dizer já, que tenho imensos, diria, até, que tenho alguns de estimação e em grande estima: alguns vivem comigo desde sempre e outros… invento-os! Para quê? Não há um objectivo para existirem, há antes uma causa que me leva a criá-los. E a causa está em mim, logo, o fantasma está em mim, eu sei-o. Provavelmente, por muito menos, já terá havido alguém considerado louco…
No entanto, mesmo sendo eu a criá-los, ou talvez por isso mesmo, não acredito em fantasmas. Não! Eu não acredito em fantasmas! É paradoxal, mas é a minha posição perante eles, logo perante mim próprio: aqueles que eu invento, invento por necessidade, mas não me fio neles. É como um sistema de auto-defesa!

EM - CONTOS E CRÓNICAS (IN)TEMPORAIS - VÍTOR COSTEIRA - IN-FINITA

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