Agradecemos à autora VALLDA pela disponibilidade em responder ao nosso questionário
1 - Qual a sua
percepção para essa pandemia mundial?
Estou consciente de que
estamos perante uma das maiores calamidades de todos os tempos, a maior do
nosso tempo. Olhei muito para isto como um castigo. Vejamos, o Humano mata,
destrói, estraga... Generalizando o humano é um vândalo do planeta, enquanto uns
estão a cumprir pena domiciliária outros, infelizmente, estão a sucumbir.
2 - Enquanto autora,
esse momento afetou o seu processo produtivo? Em tempos de quarentena, está
menos ou mais inspirada?
Prejudicou. Tenho uma
tendência estranha. No início de cada ano tenho sempre uma quebra na inspiração
que penso ter a ver com o facto de que o mês de janeiro para mim é enfadonho
mas recupero sempre após essa fase. Este ano a quebra prolongou-se e claro,
devido à situação atual até porque quem escreve, normalmente, precisa das
emoções, das pessoas e sobretudo da
não-monotonia para conseguir conteúdo para os seus relatos, se bem que o poeta,
por norma, é solitário e introspectivo e podíamos muito bem nos adaptar às
circunstâncias, porém, o factor ansiedade provocou em mim um bloqueio
autêntico.
3 - Quando isso passar,
qual a lição que ficou?
Ficará uma lição,
certamente para a humanidade. Espero sinceramente que se mude alguns
comportamentos, porque este vírus também veio para ensinar! Quem for inteligente
perceberá e saberá o que tem de fazer e o que tem que deixar de fazer. Quando
tudo passar temos mesmo que olhar para trás como uma lição de vida.
Pessoalmente, vou pôr em prática os planos que fiz nestes tempos difíceis e
abdicar de outros que seriam supérfluos. Acredito que muitas pessoas mudarão.
4 - Os movimentos de
integração da mulher influenciam no seu cotidiano?
Claro que sim. Se estou
aqui hoje a responder a estas perguntas e ao ter acesso às redes sociais para
publicar o que escrevo de forma livre e espontânea é porque a mulher se
emancipou e ganhou um lugar de igualdade.
5 - Como você faz para
divulgar os seus escritos ou a sua obra? Percebe retorno nas suas ações?
Os únicos meios que uso
para divulgar os meus textos são a vulgar plataforma digital designada Facebook
onde tenho uma página, no meu blog criado em 2012 onde vou publicando textos em
prosa mais extensos, nas coletâneas em que vou participando, a publicação
esporádica no jornal local e eventuais participações em saraus poéticos. Há um
retorno na publicação de inéditos mas continuo ativamente a preencher esses
espaços com poesia escrita doutros tempos, com desafios que me propõem, com
projetos de criatividade com feedback sempre positivo.
6 - Quais os pontos
positivos e negativos do universo da escrita para a mulher?
Não consigo assimilar
pontos negativos. Acho a mulher um ser com uma sensibilidade notável, capaz de
partilhá-la com outras mulheres com muita facilidade, .
7 - O que pretende
alcançar enquanto autora? Cite um projeto a curto prazo e um a longo prazo.
Como autora pretendo
alcançar a publicação de, pelo menos, um livro pessoal. Não tenho um projeto
ainda definido a curto, médio ou a longo prazo, até pode ser a médio. Há um livro pronto a editar mas por várias
razões, que por descuido ou por mera desmotivação, acaba sempre ficando
pendente.
8 - Quais os temas que
gostaria que fossem discutidos nos Encontros Mulherio das Letras em Portugal?
Há um assunto sobre o
qual sempre busco saber algo e que me é curioso. A ligação da escrita com a
depressão ou a ansiedade e o impacto que a doença psicológica tem numa mulher
que escreve.
9 - Sugira uma autora e
um livro que lhe inspira ou influencia na escrita.
Dizem que os meus
sonetos são muito ao género de Florbela, realmente é uma referência e para mim
uma grande inspiração.
Contudo, posso referir
As Ondas, de Virginia Woolf, um livro intimista narrado por 6 monólogos onde a
autora serve-se da natureza e da água para compôr um excelente jogo
existencialista. Entranhou-me de tal forma que tive recorrer à escrita.
10 - Qual a pergunta
que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?
Porque escreve poesia?
E eu responderia: Não faço a mínima ideia.
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