sexta-feira, 29 de maio de 2020

DEZ PERGUNTAS MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL - VALLDA


Agradecemos à autora VALLDA pela disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Qual a sua percepção para essa pandemia mundial?

Estou consciente de que estamos perante uma das maiores calamidades de todos os tempos, a maior do nosso tempo. Olhei muito para isto como um castigo. Vejamos, o Humano mata, destrói, estraga... Generalizando o humano é um vândalo do planeta, enquanto uns estão a cumprir pena domiciliária outros, infelizmente, estão a sucumbir.

2 - Enquanto autora, esse momento afetou o seu processo produtivo? Em tempos de quarentena, está menos ou mais inspirada?

Prejudicou. Tenho uma tendência estranha. No início de cada ano tenho sempre uma quebra na inspiração que penso ter a ver com o facto de que o mês de janeiro para mim é enfadonho mas recupero sempre após essa fase. Este ano a quebra prolongou-se e claro, devido à situação atual até porque quem escreve, normalmente, precisa das emoções, das pessoas  e sobretudo da não-monotonia para conseguir conteúdo para os seus relatos, se bem que o poeta, por norma, é solitário e introspectivo e podíamos muito bem nos adaptar às circunstâncias, porém, o factor ansiedade provocou em mim um bloqueio autêntico.

3 - Quando isso passar, qual a lição que ficou?

Ficará uma lição, certamente para a humanidade. Espero sinceramente que se mude alguns comportamentos, porque este vírus também veio para ensinar! Quem for inteligente perceberá e saberá o que tem de fazer e o que tem que deixar de fazer. Quando tudo passar temos mesmo que olhar para trás como uma lição de vida. Pessoalmente, vou pôr em prática os planos que fiz nestes tempos difíceis e abdicar de outros que seriam supérfluos. Acredito que muitas pessoas mudarão.

4 - Os movimentos de integração da mulher influenciam no seu cotidiano?

Claro que sim. Se estou aqui hoje a responder a estas perguntas e ao ter acesso às redes sociais para publicar o que escrevo de forma livre e espontânea é porque a mulher se emancipou e ganhou um lugar de igualdade.

5 - Como você faz para divulgar os seus escritos ou a sua obra? Percebe retorno nas suas ações?

Os únicos meios que uso para divulgar os meus textos são a vulgar plataforma digital designada Facebook onde tenho uma página, no meu blog criado em 2012 onde vou publicando textos em prosa mais extensos, nas coletâneas em que vou participando, a publicação esporádica no jornal local e eventuais participações em saraus poéticos. Há um retorno na publicação de inéditos mas continuo ativamente a preencher esses espaços com poesia escrita doutros tempos, com desafios que me propõem, com projetos de criatividade com feedback sempre positivo.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita para a mulher?

Não consigo assimilar pontos negativos. Acho a mulher um ser com uma sensibilidade notável, capaz de partilhá-la com outras mulheres com muita facilidade, .

7 - O que pretende alcançar enquanto autora? Cite um projeto a curto prazo e um a longo prazo.

Como autora pretendo alcançar a publicação de, pelo menos, um livro pessoal. Não tenho um projeto ainda definido a curto, médio ou a longo prazo, até pode ser a médio.  Há um livro pronto a editar mas por várias razões, que por descuido ou por mera desmotivação, acaba sempre ficando pendente.

8 - Quais os temas que gostaria que fossem discutidos nos Encontros Mulherio das Letras em Portugal?

Há um assunto sobre o qual sempre busco saber algo e que me é curioso. A ligação da escrita com a depressão ou a ansiedade e o impacto que a doença psicológica tem numa mulher que escreve.

9 - Sugira uma autora e um livro que lhe inspira ou influencia na escrita.

Dizem que os meus sonetos são muito ao género de Florbela, realmente é uma referência e para mim uma grande inspiração.
Contudo, posso referir As Ondas, de Virginia Woolf, um livro intimista narrado por 6 monólogos onde a autora serve-se da natureza e da água para compôr um excelente jogo existencialista. Entranhou-me de tal forma que tive recorrer à escrita.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

Porque escreve poesia? E eu responderia: Não faço a mínima ideia.

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