terça-feira, 26 de maio de 2020

DEZ PERGUNTAS MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL - LIZ RABELLO


Agradecemos à autora LIZ RABELLO pela disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Qual a sua percepção para essa pandemia mundial?

Vivemos o fim do “Capetalismo”, a degradação da humanidade. O lucro nefasto acima das vidas humanas. Sou da capital de São Paulo, Brasil. Estamos com mais de cem mil infectados e quase 9000 óbitos, mas o Presidente prega a teoria do negacionismo. Os governadores e prefeitos em plena guerra política ideológica contra o governo federal. E nós, o povo, no meio da tragédia. Meu estado é o mais afetado. Noventa por cento dos leitos em hospitais estão sendo usados. Minha percepção é a pior possível. Assustada, por vezes, esperanças desaparecem, mas a fé em Deus e na vida ainda prevalece.

2 - Enquanto autora, esse momento afetou o seu processo produtivo? Em tempos de quarentena, está menos ou mais inspirada?

Tenho escrito muito pouco, poemas contundentes e desesperadores.

3 - Quando isso passar, qual a lição que ficou?

Para mim, uma lição é básica. Preciso de muito pouco para ser feliz. Posso viver sem shoppings, sem roupas caras, sem viagens, sem maquiagens. Sem um montão de coisas que estão entulhadas num guarda-roupa sem uso. Mas não posso viver sem a música, sem a Arte, sem a Poesia, sem meus familiares e muito menos, sem amigos.

4 - Os movimentos de integração da mulher influenciam no seu cotidiano?

Sempre. Sou ativista. E me pego muitas vezes orando, (já que neste momento pouco posso fazer), pelas mulheres que sofrem, neste instante, violência doméstica.

5 - Como você faz para divulgar os seus escritos ou a sua obra? Percebe retorno nas suas ações?

Tenho um blog. Escrevo e publico. Participo de Antologias. Amigos do face book sempre me dão retorno. No momento, está tudo parado, mas antes participava de vários saraus poéticos.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita para a mulher?

Temos vários canais de divulgação, como o Mulherio das Letras. Isto é muito positivo. Mas ainda é difícil quebrar barreiras até mesmo dentre as mulheres. Percebo que quando um poeta homem publica, centenas vão ler e comentar. Não acontece o mesmo com as mulheres escritoras. Em lançamentos como em Feiras de Livros, Porto Alegre ou Bienais em São Paulo e Rio de Janeiro, homens escritores são muito mais badalados pelas mulheres do que as próprias escritoras. Ainda não alcançamos este patamar com os leitores comuns.

7 - O que pretende alcançar enquanto autora? Cite um projeto a curto prazo e um a longo prazo.

Tenho um Projeto em andamento: “ADOTE, DOE, NÃO ABANDONE!” A ideia é uma campanha: Antes de comprar um pedigree, adote um Vira Latinha. Tenho quatro livros já publicados, dentro deste Projeto. A curto prazo quero levar minha poesia para mais escolas, não só da minha região, como de outros estados do Brasil. Pretendo continuar com visitas a escolas, asilos, hospitais. O contato escritor x leitor é fundamental. Olho no olho. Poesia ao pé do ouvido. Magia.
A longo prazo, eu não sei. Tinha sonhos de viagens, principalmente ao exterior, Portugal, Itália. Mas após a pandemia, não sei como estarão minhas possibilidades financeiras para cobrir estes gastos.  Veremos.

8 - Quais os temas que gostaria que fossem discutidos nos Encontros Mulherio das Letras em Portugal?

Tenho acompanhado pela página do Mulherio das Letras. No momento, a pandemia é o teor central de todas as nossas preocupações. Penso que com esta entrevista estamos acolhendo o tema.

9 - Sugira uma autora e um livro que lhe inspira ou influencia na escrita.

Cora Coralina. Comecei a escrever tão tarde quanto ela. A obra que mais aprecio é póstuma: “O Tesouro da Casa Velha”, contos belíssimos! Prosa poética repleta de imagens vividas, costuradas com agulhas de sua imaginação.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

"Se tivesse outra oportunidade para recomeçar a sua existência aqui na Terra, você escolheria qual profissão?"
“Se isto me fosse dado de volta, eu escolheria novamente ser PROFESSORA, porque foi esta a atividade profissional que permeou os meus dias, que garantiu o meu pão e a minha sobrevivência. E, por pior que sejam os percalços, a realização que consegui superam todas as barreiras financeiras. Cada pedra que me jogaram me fez mais forte. Fiz parte de uma jornada de conquistas para a mulher valiosa e muito importante para a construção de uma sociedade melhor. Ser professor é cultivar sementes. Eu adoro jardins.”
Sou Liz Rabello, escritora por acaso. Professora por opção. Lecionei durante muitos anos e lia para meus alunos obras dos famosos e dos não tão famosos assim. Ao me aposentar já estava escrevendo. Pertenço a três Academias: ALPAS/RS, ALP/ Professores de SP e ANLPPB/Campinas/SP. Escrevo como quem salga páginas de tinta com lágrimas. Escrevo memórias, fatos reais ou fictícios quando a fantasia se une à realidade. Escrevo utopias, esperanças inatingíveis que só me servem para caminhar. Escrevo lutas, para me dar mais forças para guerrear. Uso armas palavras.

2 comentários:

  1. Liz Rabello é uma,autora que cresce com sua,arte. Só nos tem dado bons livros e alegrias, com um texto leve e ima poesia de sentimentos profundos, ela diz que como Cora, começou escrever tarde, mas tem tirado o 'atraso' com uma poesia excelente!
    Parabéns Liz!

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  2. Amiga e escritora que admiro e torço pelo seu sucesso. Parabéns!

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