segunda-feira, 31 de agosto de 2020

DEZ PERGUNTAS MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL... ENAIDE ALENCAR VIDAL PIRES


Agradecemos à autora ENAIDE ALENCAR VIDAL PIRES pela disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Qual a sua percepção para essa pandemia mundial?

Tenho, sobre esta pandemia, duas opiniões: pelo lado humano, como uma pessoa de fé, acho que essa pandemia é um grito de BASTA para a humanidade, dado por Deus ou pela Natureza, pela correria humana desenfreada, em busca de conquistas, dinheiro, poder, prestígio e tantas outras coisas, que nem sempre são dignas de luta para conquistá-las;  pelo lado cientifico, concordo com os cientistas, que esta Pandemia foi causada por mais um vírus a fugir do seu “habitat”, para invadir o “habitat” humano, que sempre invade as “searas alheias”, de acordo com seus interesses. E assim, estamos pagando um preço muito alto pela nossa própria impotência e ganância.

2 - Enquanto autora, esse momento afetou o seu processo produtivo? Em tempo de quarentena está mais ou menos inspirada?

Não me considero escritora e poeta. Apenas escrevinho o que vem à minha velha cabeça de oitenta e cinco anos, ainda muito lúcida e antenada com o mundo. Não é fácil ter inspiração e disposição para escrever, nessa fase angustiante e triste, que estamos vivenciando. Infectados, mortos, governos inoperantes, inescrupulosos, panaceia de remédios, fake news, promessa de vacina, inundam dia e noite nossos olhos e ouvidos. É difícil produzir bons textos, ou poesias nessas circunstâncias. Mas, como sou teimosa, escrevo. Se valer à pena esses escritos, só o tempo dirá. Temas e assuntos  não faltam.

3 - Quando isso passar, qual a lição que fica?

Que o nosso país é a terra, que somos todos filhos dela, e, consequentemente, irmãos, nas alegrias e dores, na pandemia e nos tempos saudáveis, nas guerras e na paz e que as fronteiras são apenas linhas traçadas pelo homem para exercer seu poder sobre os outros; que a FRATERNIDADE, deve ser o lema de todos que nela habitam, e, que  a GENEROSIDADE prevaleça entre os povos.
Que saiamos dessa pandemia melhor e mais humanos.
        
4 - Os Movimentos de Integração da Mulher influenciaram ser solidário?

Sempre apoiei, dentro das minhas possibilidades, todos os movimentos pela integração da mulher. Apesar da minha idade, fui sempre adepta da mulher participativa, com direitos e deveres iguais aos dos homens, consciente das suas responsabilidades, quer como mulher, como mãe, esposa, profissional, em quaisquer das opções que ela, escolher.
O meu cotidiano foi, sempre, pautado nessas responsabilidades.  Sempre gozei de liberdade de fazer e escolher, mesmo casada, por quarenta e seis anos, e mãe de oito filhos, dezassete netos e quatro bisnetos.

5 - Como você faz para divulgar seus escritos ou sua obra? Percebe retorno nas suas ações?

A minha obra literária é modesta e não busco voos muito altos para ela. Tenho quatro livros publicados, mais conhecidos por amigos e familiares, pois as editoras e distribuidoras não têm lugar para os pequenos e iniciantes na literatura. Ganhei um prêmio da Academia Pernambucana de Letras ACPL, com o livro de poesias, contos, crônicas, e cartas que escrevi, para comemorar meus oitenta anos – RETALHOS DE VIDA COSTURADOS DE SAUDADE. Tenho um livro infantil pronto para ser publicado e escrevo atualmente, um livro de memórias sobre minha cidade natal. Participo de um Grupo Literário e de Antologias, inclusive do Mulherio das Letras / 2020.        Pretendo publicar um livro de poesias, se Deus e a pandemia permitirem. Gostaria muito de ver mais divulgada a minha escrita.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita para a mulher.

Nós mulheres, avançamos muito nesse ponto. Fomos à luta, não esperamos acontecer e conseguimos dizer: nós mulheres escrevemos, e bem, modéstia à parte.
O lado negativo melhorou, mas persiste. O homem escritor tem mais destaque por grande parte de leitores, editoras, distribuidoras e até da mídia. Mas, não esmorecemos. Estamos avançando, sempre.

7 -  O que pretende alcançar enquanto autora? Cite um projeto a curto e um a longo prazo.

Não pretendo alcançar os píncaros da glória literária. Sou modesta. Quero apenas, merecer a aceitação e o respeito no meio literário e entre meus familiares e amigos. A curto prazo, desejo publicar o que tenho pronto e o livro que estou escrevendo. A longo prazo, na minha idade, não se pode fazer projetos para muito distante, visto que nosso tempo já é muito exíguo. Mas, confiante na bondade de Deus, espero continuar viva e lúcida por mais um bom tempo e quem sabe, ocupar um dia, uma cadeira na Academia Pernambucana de Letras. Já pertenço à Academia Literária Virtual do Clube da Poesia Nordestina – ALCPN. Sonhar não nos é proibido, não é mesmo?

8 - Quais os temas que gostaria que fossem abordados nos Encontros Mulherio das Letras, Portugal?

Temas sociais como, a realidade durante e pós-pandemia, a fragilidade humana diante desta, a fraternidade entre os homens, críticas construtivas para medidas tomadas pelo poder público, defesa dos direitos conquistados e a conquistar pelas mulheres, a educação e os efeitos da pandemia sobre a humanidade.

9 - Sugira um autor e um livro que lhe inspira na escrita.

O que escrevo, é, talvez, fruto de uma mistura de livros, de poetas, e escritores que li durante esta minha longa caminhada. Tive duas irmãs professoras, que faziam versos e nos faziam ler e recitá-los, nas festas escolares. Gosto muito dos poetas do passado e de alguns da atualidade, e dos poetas nordestinos que cantam e choram as belezas e dores da nossa região. Escrevo versos também. Mas não me considero poeta, apenas, nasci, na terra da poesia, a Paraíba, como dizia o conterrâneo Alcides Carneiro. O que escrevo tem um pouco do que escreveram Graciliano Ramos, Clarice Lispector, Zélia Gatai, Jorge Amado, Machado de Assis, Flaubert, J.Cronin, José Saramago, Fernando Pessoa, Florbela Espanca. Talvez, Cora Coralina me inspire mais. Depois de idosa, depois de exercer a missão de educar, sobrou-lhe tempo para escrever, como também aconteceu comigo. Não sei dizer qual o livro que me inspirou mais. Escrevo aquilo que sinto vontade de escrever e me vem à cabeça. Sou portanto, uma escrevinhante que admira todos que escrevem.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem e qual a sua resposta?

- Você conhece Lisboa?
- Sim. Há mais de quinze anos estive aí. Mas gostaria de voltar ainda, conhecer cidades que não conheci e suas lindas aldeias.

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