Papaguear cultura
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Mesmo sendo uma era de pedra e osso, a história fazia-se, entre peregrinações instintivas e paragens para sustento. Também havia espaço para registos toscos do dia-a-dia, em tons quentes, porque únicos, mas ninguém grunhia opinião.
Salto no tempo…
Da necessidade fez-se luz e o progresso gerou conforto e ideias novas. A paleta de cores, agora alargada aos tons frios e neutros, já originava comentários, mas, acima de tudo, justificava erudição elitista, porque religiosa e abastada.
Salto no tempo…
A evolução contínua quebrou algumas barreiras invisíveis, substituindo-as por outras - nem melhores nem piores, apenas outras. O arco-íris, com as suas tonalidades e outras que são meios-termos, universalizou-se e ramificou-se, dando origem a múltiplas referências. Nasceu a crítica, o contraponto e os opostos assumidos, mas nada entendido como mais sério que o momento.
Salto no tempo…
Hoje, como em tempos idos, a história constrói-se e desvaloriza-se a arte. No entanto, são poucos aqueles que entendem que só sabemos sobre o passado porque os ociosos gravadores primitivos, os escrivães medievais e os revolucionários aristocratas oitocentistas – para falar apenas nestes – deixaram as referências artísticas fundamentais para a compreensão dos seus quotidianos.
Quer se queira, quer não, o mundo só conhece a sua história porque nos legaram arte rupestre, literatura científica, ensaios, crónicas, poesia e ficções.
Por muito que resistam, a verdade é só uma: não fosse a arte de cada tempo jamais saberíamos nomear os estágios do passado que nos conduziu até este nosso tempo.
EMANUEL LOMELINO