Devaneios sarcásticos
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Um dos maiores flagelos da actualidade é a ignorância. Não no sentido ingénuo do termo, mas sim no mais arrogante - porque erradamente pretensioso.
São tantos os exemplos que seria exaustivo enumerá-los todos. Por isso, vou apenas cingir-me aos que ignoram, com consciência, a diferença que existe entre culto, erudito e inteligente.
Estes três adjectivos, que muitos consideram sinónimos, são três níveis distintos de intelectualidade.
O culto é uma pessoa instruída e informada, com conhecimento multitemático.
O erudito é aquele que conhece, em profundidade e detalhe, por via do estudo e leitura, uma miríade de assuntos.
O inteligente é aquele que entende e raciocina sobre os conhecimentos adquiridos, conseguindo encontrar-lhes utilidade e aplicação no exercício de outras actividades.
Para que entendam melhor as diferenças usarei como exemplo o mundo automóvel.
O culto conhece quase todas as marcas. Sabe distinguir as diferentes caraterísticas de cada veículo. Tem noções do funcionamento mecânico e as potencialidades de cada viatura.
O erudito já leu sobre todas as marcas ao ponto de conhecer a história de cada uma delas. Sabe diferenciar, em detalhe técnico, de manual, os diferentes componentes mecânicos e a lógica de funcionamento de cada porca e parafuso. Conhece, em pormenor, o processo de combustão, os circuitos eléctricos e de refrigeração, para que servem e como funcionam.
Inteligente é o mecânico, que na sua oficina consegue identificar, pelo som do motor, as deficiências mecânicas de um veículo; descobrir qual a válvula danificada; qual a porca mal apertada; aumentar a potência de um motor; etc.
Assim sendo, deixem de ser ignorantes e não menosprezem as capacidades daqueles que têm as mãos sujas de óleo. Esses serão sempre os mais inteligentes.
EMANUEL LOMELINO
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