Lomelinices
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A vida tem-me escamado os sentidos como se a minha existência fosse um cúmulo de estações que se repetem ciclicamente.
Sinto-me um objecto renascentista, nas mãos do destino, quando os dias revelam ser dejá vu em looping, uma e outra e outra e outra vez.
A aspereza vulcânica, que pensava ter exterminado e dera lugar ao reinado de uma gentil suavidade, nascida de uma necessária e útil cordialidade, e que me impedia de reagir em impulsos nefastos, regressou ainda mais explosiva, como quem retorna ao ponto de partida após uma ausência consciente, deliberada e com horas contadas.
A tolerância escoa-se em animalescas correntezas de impaciência, tal como o rio mais feroz e indomável.
Conclusão… por mais que embelezemos os cenários a essência jamais se altera porque as pedras serão sempre pedras, por mais que alisemos as rudes arestas pontiagudas.
EMANUEL LOMELINO
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