terça-feira, 4 de junho de 2024

Diário do absurdo e aleatório 329 - Emanuel Lomelino

Diário do absurdo e aleatório 

329

Deste lugar privilegiado, o horizonte é céu, terra, um rio navegado por inúmeras embarcações, uma ponte percorrida por uma infinitude de veículos, e todo o tempo que o meu olhar demora a perceber a totalidade da paisagem.

Igual extensão temporal existe na construção de puzzles, na leitura de dois capítulos dos Maias, ou na elaboração dos exercícios de escrita que, indiferente, partilho.

A mesma cadência existe no entrançar de pensamentos desta mente irrequieta, que se dedica (de corpo e alma; de fio a pavio) a dar voz à esquizofrenia que me define.

Não há nada mais nefasto para um ser-escrivão do que a ociosidade das mãos e a preguiça de uma pena.

Por isso, quando não escrevo sinto-me inútil e faço das tripas coração para que as folhas de papel (ou a tela do PC) estejam de bom humor e aceitem receber as palavras que nascem de mim.

EMANUEL LOMELINO

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