sexta-feira, 4 de junho de 2021

DEZ PERGUNTAS MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL... MEIRE PEDROSO DA SILVA

Agradecemos à autora MEIRE PEDROSO DA SILVA pela disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Poesia, prosa, ou conto, porquê?

Poesia. Porque é a reverberação de um desejo e da necessidade de que através dela posso gritar minha indignação. Foi ela que nutriu minha energia vital, e me fez ultrapassar a barreira do tempo.

2 - Quase um ano de pandemia, o que mudou na sua rotina, enquanto autora?

Tudo. Fiquei entre a luz e a escuridão. As “fendas de minhocas” foram a minha saída para o universo paralelo. E lá no convívio solitário com os portais virtuais, eu ressignifiquei a potência de minha paixão pela palavra. A poesia foi o meu respiro, foi ela que me deu fôlego para dialogar com o mundo nesse contexto inesperado.

3 - O que faz para manter-se produtiva e dar continuidade aos projetos em tempos restritos?

Deixo fluir. Caminho sem expectativas de resultados. Às vezes despenco no vazio. No Brasil vivemos outra pandemia, estranhamente estranha. Tempos sombrios. Tá pesado demais da conta. Tem gás lacrimogêneo em terras indígenas. Tem gente morrendo todo dia. Um genocídio. E os arquitetos desse abismo social fumam em paz os seus cachimbos.

4 - Pontos positivos e negativos na sua trajetória na escrita.

Considero como ponto positivo o fato da escrita chegar a mim através da leitura, com forte influência de minha mãe, que me ensinou a leitura da palavra e do mundo. Não sei se existem pontos negativos na minha trajetória. Talvez o fato de só conseguir publicar um livro com 65 anos.

5 - O que pensar sobre essa nova forma de estar, onde tantas pessoas começaram a utilizar LIVES e vídeos para promover atividades?

É o caminho que temos agora. Não dá pra fugir disso. Então, porque não usá-lo. Eu de mãos dadas com meu bando transmutei o espaço virtual das redes sociais em território de resistência. Nesse quilombo eu vomitei o patriarcado e toda opressão que sofri desde menina. Entoamos o coro dos descontentes e abraçamos a arte como forma de vingança coletiva contra essa bestialidade humana que se instaurou no meu país.

6 - Acredita que o virtual, veio ocupar um espaço sobrepondo-se aos encontros literários presenciais pós-pandemia?

Não. Ele veio pra ficar, mas estamos sedentos de encontros presenciais. Eu estou com fome de gente, abraços, beijos e poesia, olho no olho. As pessoas estão cansadas de distanciamento.

7 - Se pudesse mudar um acontecimento em sua vida literária, qual seria?

Teria investido mais na caça das palavras para propalar que é possível sonhar.

8 - Indique um livro que lhe inspirou.

Quarto de despejo – Carolina de Jesus.

9 - Quem é Meire Pedroso no reflexo do espelho? 

Ponha os olhos em cima de mim. Sou Meire Pedroso da Silva. Sou indígena, sou negra, sou mulher.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

Até onde vai Meire Pedroso?

Daqui pra frente o remo de minha canoa toma o rumo que a poesia apontar.

Meire Pedroso da Silva.64 anos, RG 37564902-5, CPF 380718436-87, natural de Cuiabá/MT.

Professora, poeta, atriz. Na área de literatura está na expectativa de publicação do primeiro livro de poesia com o título de Tempos Tchapequara. Nos últimos anos realizou intervenções poéticas em saraus presenciais e virtuais.Participou do evento Mulherio das letras Portugal online/2020 com o trabalho Trinca de Manas em parceria com a poeta Elisabeth Brait Alvin e a cantora Ana Maria Carvalho.

1 comentário:

Toca a falar disso