segunda-feira, 27 de abril de 2020

Em tempos de quarentena - LUIS M. GUERREIRO


Transportas o coldre
Pejado de munições

Não és guerreiro
Nem herói 
Não és força 
Nem bravura

És anjo negro
Calado
À toa
Pela rua

Assassino
Ignorante 
Inconsciente

O tiro a ti não mata
Mas dizima à tua frente 

Fazes da morte cliente
Que se ri
E alimenta
Com a morte de quem matas
Com as tábuas que tu pregas

Negas
Tu ser o culpado
Mas és tu e outros cem
Que sem
Qualquer cuidado
Fazem o outro refém 

Ninguém! 
Ninguém! 
Mas ninguém! 

Pode matar asssim! 

Ninguém! 
Ninguém! 
Mas ninguém! 

Pode viver assim! 

És tu! 
Que não és risco

Serves tu! 
És tu o isco
Para a rede cheia voltar
De corpos que antes 
Nadavam livres
em qualquer mar

Acorda Assassino! 

Acorda!

Antes que os tiros que dás 
Matem… 

A ti também! 

Luís M Guerreiro

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