segunda-feira, 27 de abril de 2020

Em tempos de quarentena - ANA MARTA


Estávamos em Julho de 2019, quando foi dado o veredicto: a Humanidade tinha um prazo de 18 meses para reverter os efeitos nefastos da sua pegada ecológica.
Após essa data, seria impossível.
Dezoito meses.
Cerca de 547 dias que muitos contariam com receio e descrença, vaticinando um apocalipse crescente que, aos poucos, mas cada vez mais depressa, iria transformar o planeta azul num paraíso de desgraças.
A humanidade estava no limbo, condenada pela sua própria inconsciência, enganada pelos Senhores de Mundo que negavam veementemente o futuro expectável, cegos pela ganância, convencidos de que o papel verde de tudo os protegeria.

Mas o destino gritou.
A mãe natureza decidiu que não.
"Basta! Se vocês não conseguem perceber..."
Surgiu o milagre, mascarado de vírus.
Mais uma vez, o Homem foi confrontado com a sua insignificância e, recolhido em casa, num isolamento físico sem precedentes, acabou por ter de socializar, trabalhar e viver completamente dependente de uma tecnologia e de um desenvolvimento que não os protegeu contra o inimigo invisível.
Medidas de confinamento, mais e mais teorias, economia estagnada, pessoas estressadas, hospitais lotados e o número de mortos a crescer.
Uma nova realidade para aquele mundo industrializado e desenvolvido que se julgava invencível e impenetrável.
Tudo ruiu...
Ruíram as crenças e as descrenças...
O valor do ouro negro...
E ruiu a fé no futuro.
Cresceu, finalmente, a consciência global de um futuro incerto, de um futuro difícil.

E o Planeta Azul ficou mais azul, ganhou cor e tempo.
Até quando?
Que este susto seja uma lição.
Que esta horrível realidade permita que o relógio não acelere, novamente, e que a Humanidade entenda o que nunca quis entender!

Ana Marta

Todos os textos publicados na rubrica EM TEMPOS DE QUARENTENA são da responsabilidade exclusiva dos autores e os direitos respectivos apenas a eles pertencem.


Sem comentários:

Enviar um comentário

Toca a falar disso