“Vai
ficar tudo bem”
Não
te preocupes,
Vai
ficar tudo bem.
Os
mortos na Índia
(até
em Espanha)
Continuarão
a ser uma estatística
E
até que os membros te pesem
Sobre
essa carapaça que envergas
E
os olhos se te cerrem de tanta febre,
Poderás
continuar a construir
Esse
palanque a partir do qual proferes o teu discursozinho
E
vendes a tua arte ou uns sabonetes perfumados
Esse
palanque que te serve de palco para mostrares como és bom, útil
E
necessário.
“Morreu
uma criança devido a complicações causadas pelo novo coronavírus.”
Não
é possível! O vírus não afeta crianças.
Decerto
os senhores doutores se enganaram na autópsia.
Talvez
não exista, sequer, um coronavírus
-e
seja apenas uma gripe ou um mal de laboratório
com
consequências mais acentuadas
Para
os fracos, sobretudo para os idosos, que
também
não fazem grande falta.
-Regressemos
ao trabalho!
(o
meu amigo morreu)
-Não
paremos a produção!
(coitado,
já tinha outros problemas;
O
facto de ter estado ligado
Durante
três semanas ao ventilador
Foi
uma mera coincidência)
-
Contra os lorpas marchar, marchar!
Ah!
Sabe-se que “vai ficar tudo bem”
Muito
em breve…
Vende
os teus sabonetes, arte, danças, ideias, discursos, e o que mais puderes
É
aproveitar
Enquanto
choram
Antes
de ficar
Tudo
(realmente)
Bem.
O
resto é apenas uma estatística.
Sara
Timóteo
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