Independentemente das temáticas, existe uma questão
que é, quase sempre, aflorada nas tertúlias, ou em conversas sobre poesia, e
exemplo perfeito para abordar uma tese que defendo há algum tempo.
Quando se fala da rima na poesia, muitos autores, para
justificar a sua não utilização, dizem não ter paciência para escrever com
rimas e que a maioria, daqueles que as usam, só faz rima forçada. Mas depois,
para consubstanciar essa opinião, dizem que são usadas sempre as mesmas, como
por exemplo: amor/dor, paixão/coração, carinho/caminho, lua/tua/nua, etc.
Se, por um lado, concordo que muitos escrevem versos
de forma forçada, por outro, discordo nos exemplos que são dados porquanto a
rima forçada tem muito pouca relação com as combinações utilizadas. Aquilo que
provoca a rima forçada é o caminho que se faz para chegar à rima. Por essa
razão é que existe uma ligação muito forte entre a rima e a métrica. Escrever
com esses dois elementos é meio caminho andado para se escrever rimas não
forçadas (vejam-se os sonetos de Florbela e Bocage). No entanto, também é
possível rimar de forma natural sem utilizar a métrica (atente-se em Torga).
Quando digo "caminho que se faz para chegar à
rima" estou a falar das enormes assimetrias que se criam entre os versos
de um poema para que a rima possa aparecer. Muitas vezes lêem-se poemas
mesclados com versos curtos e longos e logo se percebe que isso se deve à
tentativa de usar uma determinada rima. A rima não é forçada por si mesma mas
por tudo o que a antecede.
Usar o argumento das "mesmas combinações" é
errado. Quanto muito, a utilização sistemática das mesmas combinações é uma
falta de originalidade.
E, cá entre nós que ninguém nos ouve, acho que, quem
usa o argumento da falta de paciência para escrever poemas rimados, está apenas
a ocultar o facto de não saber escrever rimas sem que elas saiam forçadas.
MANU DIXIT
Olá amigo, uma boa representação sobre a rima, beijinhos
ResponderEliminarGrato pela visita comentada.
EliminarBeijos.