sábado, 17 de dezembro de 2022

Uma vez um grande amor (excerto 1) - TEREZINHA PEREIRA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Que ele se foi para sempre em agosto posso jurar. O ipê-amarelo estava carregado. Um tapete amarelo cobria o gramado verde. Sentada na porta da casa eu olhava as flores caídas no chão sendo deslocadas pelo vento que às vezes soprava forte, às vezes calmo, como se quisesse recuperar forças. O bordado amarelo do tapete ondulava-se, a mudar de forma a cada instante.
Ele chegara de manso quando o sol jogava seus derradeiros raios que acentuavam o amarelo das flores. Nos olhos, trazia um brilho que não dei conta de traduzir. No rosto, uma expressão que nem de longe decifrei. Ele foi chegando e eu fiquei de pé e fui correndo a seu encontro para envolver-lhe os ombros com meu abraço.
Durante todos aqueles dias havia eu ficado sozinha na fazenda. E em cada cair de tarde ficava a olhar o voar alegre dos pássaros, o andar paciente do gado no pasto, o rebuliço das galinhas procurando poleiro na coberta do galinheiro e a dança das delicadas flores amarelas no chão. Ele saíra numa madrugada de céu ainda estrelado para negociar mais uma carrada de meus herdados bois. Como de outras vezes, após cada uma de suas partidas, eu havia ficado só e sem ponto algum de referência de onde ele pudesse estar.

EM - CONTOS E CASOS - TEREZINHA PEREIRA - IN-FINITA

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