terça-feira, 22 de novembro de 2022

A Alma das Coisas (excerto 2) - FERNANDO ROSENDO

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Quantas feridas... Quanto cansaço...
Ao longo dos anos, se pensarmos no tanto de pés e de passos que já pisotearam, quantos tropeços, quantas chuvas já lavaram, quanto peso e malho suportaram...
Isso é história... Isso é a alma das coisas... Nesse caso, a alma dessa rua, ou a alma dessas pedras que carrega uma multidão de recados, desejos, credos, açoites, conquistas...
Quantos calos secaram nas mãos dos calceteiros... Quantos calos nas ruas desfilaram... Quantos passados reunidos formaram esse presente...
Quantos passos hoje vem desfrutar de sua elegância única, de seu esmero e de sua trajetória...
Quantos operários se machucaram? Quantas lágrimas vertidas? Quantos dissabores embargaram na voz esses heróis anônimos, esquecidos no tempo...
Quantos costumes, quanta fome saciada pelo trabalho, ou quanto trabalho saciado pela fome...
Isso é a alma dessas pedras... O que escuto por entre essa multidão que passa e que trafega sem pressa... A voz dos alheios... A canção dos sofridos... O riso das infâncias, a saudade... O grito das esperanças... O olhar de contemplação de um dia de Domingo, onde toda essa gente transita maravilhada pelo sossego de uma paisagem que leva a um pôr do sol inesquecível...
Isso é a alma dessas coisas, à qual devemos todo o respeito sagrado e gratidão...

EM - SOMBRAS - TEMPOS DE ESCURIDÃO. TEMPOS DE LUZ - COLETÂNEA - IN-FINITA

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