sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Um domingo musical - ITANIRA SOARES

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Era um dia musical feito domingo na mata.
Circo armado em dias de pandemia. Trapezistas, malabaristas, dançarinos, palhaços...
De galho em galho o soim se joga, e um assobio comprido atravessa os ares.
A cigarra deixa sua carcaça entre as árvores. Seu vestido preto do luto que foi deixado para trás, os restos mortais da vida que levou a cantar.
Onde está o beija flor que deixou beijos em cada pétala que lhe deixou beijar. Silencioso é o sugar de seu bico comprido, querendo entrar no âmago da flor que lhe inspirou o beijo doce e demorado da sua própria essência de vida.
Formigas de roça na luta pela sobrevivência, Bagagem no lombo, patinhas ligeiras, caminho desenhado numa procissão de fé na faina diária.
A passarada é o coral mais harmonioso desse domingo.
O cupido, o pássaro preto, deixa o dia findar e da palmeira de garganta afiada, encerra o sarau das cinco horas do todo dia.
A galinha d`angola dança na palha seca e faz charme aos seus seguidores.
O galo canta e se joga de gogó altivo no terreiro o seu cocorococó dominante.
A noite vem e o coaxar dos sapos no riacho ao lado encerra o domingo musical desmentindo as falácias do cri cri cri de um grilo irritante e repetidas vezes canta o Foi não foi! Foi não foi! de seu concerto musical.
Só falta o meu canto poético nesse domingo musical que essa pandemia me oprime cantar.

EM - PELOS CAMINHOS DO MEU UNIVERSO - ITANIRA SOARES - IN-FINITA

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