quinta-feira, 30 de junho de 2022

Gênero e Imigração (excerto 6) - GABRIELLA MORENA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Realizar uma análise que considere estas perspectivas permite-nos complexificar ainda mais os fenômenos migratórios e suas consequências psíquicas para as pessoas, contribuindo para que percebamos a migração a partir do lugar social em que determinado sujeito está inserido. Ou seja, em nosso contexto contemporâneo – e não só – um homem italiano branco e heterossexual imigrante em Lisboa terá uma experiência marcadamente distinta de uma mulher brasileira negra e LGBTQIA+ que migrou para a mesma cidade. Contudo, esta diferença não se dá apenas num âmbito subjetivo, por serem pessoas distintas, mas amplia nosso debate para a percepção dos contextos, indicando que há atravessamentos comuns nas experiências das pessoas que ocupam lugares sociais não normativos.

Retorno à história da família foco deste artigo para considerar o conceito da interseccionalidade, cunhado no âmbito do feminismo negro por Kimberlé Crenshaw (1989; 2002). A autora propõe que a análise das opressões seja feita de forma sobreposta, o que significa dizer que uma mulher negra sofre uma opressão específica, atravessada pelo seu pertencimento de gênero e também de raça. Ainda que a família narrada aqui não seja composta por mulheres negras, utilizo a categoria para analisar a confluência de violências que sofrem por serem mulheres, imigrantes não europeias em Portugal e trabalhadoras precarizadas, incluindo a perspectiva de classe. Perceber essas múltiplas camadas nas experiências que conversamos nos atendimentos mostrou-se de extrema importância.

EM - GÊNERO E IMIGRAÇÃO - PLATAFORMA GENI - IN-FINITA

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