LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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A sala de entrada está desocupada. Não há mobiliário, nem cortinados, nem quadros ou fotografias, nem carpetes ou tapetes, nem candeeiro, nada… nada, excepto este ar que me enleia e me segreda que a sala está repleta. Os meus passos lá perduram, as minhas mãos, que tantas vezes passaram pelas paredes, lá estão, e o meu olhar permanece em cada ponto para onde eu agora olho. A sala tem-me, a mim, e eu permito-lhe isso. Sabe-me bem ser bem recebido, por ela e por mim mesmo…
Lentamente, para melhor viver o momento, percorro as outras partes da casa. Em frente à sala de entrada, directamente voltada para a porta, está outra divisão a que eu chamei, em tempos, o quarto de dormir. Tem uma pequena e funda janela para as traseiras da casa e assemelha-se às janelas dos cárceres. A memória asfixia-me. Também esta divisão está vazia e também ela está repleta!
Silenciosamente, peregrino de mim próprio, percorro o espaço da pequena casa, na penumbra que a pouca luz me permite e a memória transporta-me, de uma sala a outra, de momento em momento, até me encontrar em frente à janela da frente da casa.
EM - CONTOS E CRÓNICAS (IN)TEMPORAIS - VÍTOR COSTEIRA - IN-FINITA
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