sexta-feira, 13 de maio de 2022

Grinalda de emoções (excerto 9) - MARIA ANTONIETA OLIVEIRA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Até que ao virar para a Rua dos Brancos, onde tinha nascido o meu falecido pai, dei de caras com a Paulinha, filha da Dona Lisete, da loja, que abrindo a boca de espanto, se agarrou a mim, rindo e chorando, ao mesmo tempo, enquanto dizia: - “ai a minha querida amiga, tanta saudade que tinha de ti” – e repetia – “ai a minha querida amiga, tanta saudade”. Retribuí aquele abraço e senti em mim aquela saudade. Paulinha tinha sido criada comigo, andáramos na mesma escola a aprender a ler e a escrever. Ela ficou apenas pela 4ª classe e eu segui. Fui para Lisboa, onde tirei o meu curso, tendo regressado aqui para casar, pois quando de cá saí, já namoriscava o Miguel, o meu grande amor, o único homem que me soube fazer feliz. A Paulinha estava na mesma, quer dizer, um pouco mais forte e os fios brancos do cabelo já eram mais do que os louros de nascença! À parte isso, estava igual, igual a si mesma, pois de imediato me contou a vida dela, os casamentos fracassados, já ia no terceiro, os filhos que sonhou, mas que nunca teve, felizmente, senão seriam uns coitados, sem pai, palavras dela ao contar-me as histórias e o regresso à vila para tentar viver uma vida calma e recatada, sem homens que a chateassem. Eu, pouco ou nada disse de mim, pois ela absorveu todo o tempo para desabafar. Era tarde e cada uma de nós tinha de regressar a casa. Combinámos encontro no café do senhor António, agora explorado pelo filho, o Carlitos, quer dizer, o Carlos, agora já é um homem de respeito, o miúdo ficou para trás.

EM - GRINALDA DE EMOÇÕES - MARIA ANTONIETA OLIVEIRA - IN-FINITA

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