sábado, 26 de março de 2022

27 Setembro 1995 (excerto) - FRANCIS RAPOSO FERREIRA

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Foi um ano esquisito, talvez até o mais esquisito de todos quantos já vivera. Se soubesses as vezes que me arrependi da promessa de me manter virgem até esse dia. Não porque o desejo me andasse a consumir, até porque sempre ouvi dizer que enquanto não provamos o fruto, não sentimos a sua falta, mas sim porque acredito que quanto mais cedo me tivesse entregado aos desejos do Diamantino, mais cedo teria descoberto o ser desumano que ele realmente era, pois não acredito que assim que me fizesse sua, portanto me sentisse segura, quem sabe até grávida, ele continuasse a fingir como fingiria até ao dia do nosso casamento.
É verdade, meu bom amigo, ele foi tão hipócrita e fino no seu disfarce, que nunca me passaria pela cabeça o monstro que viria a descobrir nele. O Diamantino, não só fazia questão de cumprir a jura que me fizera, como até ia mais longe, quase que me agradecendo por lhe dar toda a liberdade para poder continuar a fazer a vida dupla que só vim a descobrir já depois de casada. Confesso-te, ainda cheguei a pensar que algo se passava com ele, o que associado à insistência dele em nos casarmos quanto antes, me levou ao erro de pensar que ele poderia ser maricas, ou pelo menos pouco interessado nos assuntos do sexo. Puro engano.
Certo dia, imbuída de toda esta minha desconfiança e aproveitando a ausência de minha avó e meu pai, atraí-o até casa e quase o obriguei a quebrar aquilo que para mim era uma jura, mas para ele não passava do alibi perfeito para poder estar dois ou três dias sem aparecer. Estava quase a atingir os meus intentos, ou a descobrir a verdade, quando a chegada, inoportuna de minha avó o salvou, ou me salvou a mim, já nem sei. O que sei é que me enchi de coragem e falei de tudo quanto me andava a preocupar, a meu pai. Desculpou-o, dizendo que talvez fosse por ser um rapaz muito dado às ideias da igreja.

EM - DIÁRIO DE MEL - FRANCIS RAPOSO FERREIRA - IN-FINITA

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