quarta-feira, 16 de março de 2022

27 Setembro 1995 (excerto) - FRANCIS RAPOSO FERREIRA

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Querido amigo, desculpa por, ontem, ter não te ter procurado, mas não consegui. Acredita, ainda o tentei, mas estava mesmo de rastos, além de que tive medo de ser descoberta a desabafar contigo e que isso pudesse significar teres o mesmo fim que o teu irmão mais novo, ou seja, uma morte precoce.
É verdade, confesso que tive medo, tal como tenho medo de não conseguir aguentar tudo o que estou a viver neste momento e para o qual não consigo vislumbrar uma porta de saída, nem uma que seja. Sei que estás a olhar para mim, tal como meu adorado pai o estará a fazer, esteja ele onde estiver, e a dizer-me que sou demasiado nova para tais pensamentos, mas é a verdade.
Como te dizia anteontem, a minha festa dos 18 anos, se é que posso dizer “minha”, foi mesmo uma festa de fazer inveja a muitas das festas mais badaladas nas revistas ditas cor-de-rosa da altura, até mesmo em muitas das que hoje em dia enchem as prateleiras dos quiosques e papelarias.
Minha mãe, sem pedir autorização a ninguém, e perante o meu espanto, bem como o de meu pai, talvez de acordo com os seus queridos amigos e futuros compadres, decidiu aproveitar a presença de tanta gente badalada, para oficializar o meu namoro com Diamantino, o Tininho, como ela tanto gosta de o tratar.
Senti-me a desfalecer, pois se é verdade que namorávamos, também não o é menos, que tínhamos decidido dar tempo ao tempo, até que ele fizesse o pedido formal a meus pais. O Diamantino é que me pareceu não estranhar tudo quanto ali se passou, o que, agora, passado todo este tempo e depois de tudo o que tem vindo a acontecer, já me leva a concluir que ele sabia de tudo e nada me contara.

EM - DIÁRIO DE MEL - FRANCIS RAPOSO FERREIRA - IN-FINITA

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