LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Conheçam a In-Finita neste link
Não, não sou de grandes exigências. Um ovo, uma crosta de terra e pão, a partida, a simples ida e vinda ao inferno com os braços estafados, mutilados pelo trabalho sem hora, a construção em curso que nunca termina e vozes sonâmbulas nascidas através de um sol da meia-noite.
O sono satisfeito nos seios serenos e frescos de uma serra granítica a descer para o sul dos trigais e um cinto de couro velho a segurar o puído às calças e à vida, e as calças a serem presas à pele – que se deixaram envelhecer e perderam a idade própria da insónia e inocência.
As margens do rio a conversarem a nitidez das ervas puras e depois um céu vazio a encher-se da justiça das aves, ou uma pedra circuncisa e roliça que é atirada às águas pela luz viva que só há nos olhares interiores de uma e outra criança. Um silêncio milenar a responder-me de repente. Logo eu que não sou, nunca fui, de grandes exigências.
EM - ECOS PORTUGAL - COLECTÂNEA - IN-FINITA
Sem comentários:
Enviar um comentário
Toca a falar disso