quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

24 Setembro 2018 (excerto) - FRANCIS RAPOSO FERREIRA

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Mel não sente vontade nenhuma em se continuar a martirizar com o passado, ainda que seja o seu. Pousa o diário, levanta-se, deixa voar o olhar para lá do Tejo e volta a recordar o primeiro 25 de Abril após voltar a ser dona da sua vida, pois o anterior, embora já viúva, apanhara-a ainda prisioneira de todo o sofrimento que o marido lhe impusera.
Ao lembrar-se como sua mãe odiava o dia da revolução, Mel, tomara a decisão de fazer algo que tinha a certeza a iria deixar indisposta se ainda fosse viva e pudesse sonhar com o que a filha fazia. Assim, indo, uma vez mais, contra rudo o que o bom senso lhe ordenaria, resolveu espicaçar Lourenço, dizendo-lhe que já que não se queria desfazer dos seus olhos cor de mel, ao menos podia convidá-la para almoçar.
Ri-se, agora a bom rir, só de imaginar o que não diria Diamantino se alguma vez a tivesse sonhado a propor a um homem, um puro desconhecido, que a convidasse para almoçar. Tanto a acusara, injustamente, de ser uma oferecida e agora ali estava ela, descaradamente, a oferecer-se para que um desconhecido qualquer a convidasse para almoçar.
Lourenço limitara-se a responder-lhe que adoraria poder convidá-la, pois sentia que se tratava de alguém muito especial, mas o problema é que não podia meter-se em extravagâncias, o mês fora longo, o ordenado curto e quase não lhe restara dinheiro nenhum, pois para além das contas normais em qualquer casa, tinha de pagar a pensão de alimento dos filhos.

EM - DIÁRIO DE MEL - FRANCIS RAPOSO FERREIRA - IN-FINITA

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