Finito.
E foi assim, com uma simples palavra, que sentenciaste a nossa ainda breve história, que nos sentenciaste. De repente, sem mais nem menos e sem dizer água vai, simplesmente chegaste ao pé de mim e disseste-me… aquilo… e ala moço que se faz tarde: nunca mais te pus a vista em cima. Foste embora e saíste da minha vida. Fugiste. De mim, de ti, de nós.
Confesso que na altura me apanhaste completamente de surpresa e que fiquei sem pinga de sangue quando me disseste aquilo friamente, que tinha acabado, numa voz tão gélida que tiveste o condão de arrefecer até abaixo de zero o ambiente à nossa volta e, em consequência disso, o meu sangue enregelar nas veias.
Mas para ser completamente sincera, tenho que aqui esclarecer que a minha surpresa já anunciada, não deveria ser assim tão… surpreendente. Tu não só já me tinhas deixado pistas, como até já me tinhas tentado dizer que a nossa suposta perfeição não era assim tão… perfeita. Era até muito falível… Eu é que escolhi não ver. Preferi enterrar a cabeça na areia e continuar a acreditar em arcos-íris e unicórnios e a tentar convencer-me de, do que eu já sabia bem no mais fundo de mim ser verdade, não ser bem assim. Pode-se dizer que tive medo. Tive medo e deixei-me dominar pelo mesmo. Recusei-me a ver o que estava mesmo à frente do meu nariz e optei antes por uma alegre e abençoada cegueira. Mais do que isso, uma voluntária ignorância. Na altura não percebi, mas eu estava a fazer uma escolha, a MINHA escolha. E com isso, também estava a escolher as minhas consequências: tudo o que daí pudesse advir. Para o bem e para o mal.
Quer dizer, quando eu fiz a minha escolha, é claro que eu não estava a escolher este fim. Mas estava a acolher essa possibilidade, não sei se me faço entender… Não é o que eu queria, longe disso – conscientemente, quem, no seu mais perfeito juízo, escolheria a tristeza e o sofrimento?... E eu digo: ninguém. Mas eu sabia, mesmo sem querer saber, que isso podia acontecer. Pois bem, aconteceu.
E eu não posso culpar ninguém por isso. Ou melhor, poder, até posso: eu. Afinal, fui eu quem não viu, ou melhor dizendo, não quis ver. E agora?... Agora, olha, agora só me resta carpir as minhas mágoas e esperar pela bonança, depois da tempestade. Sempre ouvi dizer «Quem está mal, muda-se». Tu decidiste que estavas mal, mudaste e mudaste-te. E contra factos, não há argumentos. É como disseste: finito.
EM - VERSO & PROSA - COLECTÃNEA - IN-FINITA
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