segunda-feira, 1 de novembro de 2021

O Muro - ISABEL SOFIA DOS REIS-FLOOD

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O DIA EM QUE A EUROPA SE DESUNIU SOB O SIGNO DA INTOLERÂNCIA E VOLTOU A UNIR-SE MAIS TARDE: FOI A 9 DE NOV. DE 1938 E 1989
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Muro. Entrave à re e conciliação. Monumento que nos leva a acreditar que o homem pode ser insaciável na procura de resguardar o que possui ou encontrou. É dele. Apenas dele e de mais ninguém. Como ele, só mesmo o muro inacessível, constante, imperturbável, erguido de ódios e sussurros de ameaças. O medo que supera o outro, em mostrar o sol, mas não o dó, nem o si, nem outra nota musical.

Sentado no muro, o homem perscruta em redor da sua construção. Outros muros se erguem. A paisagem assim é labiríntica e pouco nobre. A luz penetra a atmosfera e cai por entre muros apressada. Cada muro reflete o seu dono. Há para todos os gostos. Novos de betão. Gastos pelo tempo que os cravos salvaram de balas perdidas. Madeira fugidia, como as florestas tropicais que em sonhos sarapintam as águas que caem em sobressalto das cascatas omniscientes. Arbustos onde pousam soldadinhos de chumbo que algum filho do homem perdeu em sua batalha infantil. Pedra. Fria dura.

Esverdeada pelo tempo que tudo sara, menos o homem que regride, erguendo o muro da vergonha que nos separa em dois, quando tem duas faces e depois há o yin e o yang que explicam tudo tão bem. Muro para que te quero? Sempre haverá uma fronteira invisível entre nós? Talvez não. Assim basta eu ter mais tu, um olhar de uma mão cheia de esperança num amanhã onde a pomba anunciará a mensagem libertadora que se despede da era das muralhas. Para que tal suceda, no entanto, há que esperar, porque agora reina a confusão e confuso ninguém pensa direito. O mundo gira, a Babilônia ruiu. Falamos inúmeras línguas, muros transparentes, não cerne, mas parte do problema. Não há comunicação em estar-se só, e à nossa volta, um muro.

EM - MULHERES A UMA SÓ VOZ - COLECTÂNEA - IN-FINITA

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