quinta-feira, 2 de setembro de 2021

O tornar-se mulher no novo milênio - ELENI SYMBAN

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“Ninguém nasce mulher, torna-se mulher.” Pensando na grandiosa frase de Simone de Beauvoir, comecei a me perguntar em qual momento me tornei mulher. E vou além, indagando quantas de nós temos a possibilidade de nos tornamos mulheres. E quantas de nós têm realmente esse desejo. Pois em meio as minhas adquiridas convicções, pelos livros e pela vida, para torna-se mulher é preciso ter coragem, é necessário desconstruir todo protótipo estabelecido desde a tenra infância. É olhar dentro de si e retirar a punhos os moldes machistas incumbidos ao gênero.
Pode parecer mentira, mas existe uma gama de mulheres machistas que julgam, oprimem e desfrutam. A culpa é delas? Não. Nem todas conseguem a liberação das amarras socioculturais. E as que assim o fizeram, foram queimadas em fogueiras, tiveram seus nomes escondidos da história mundial. Porque para a maioria o nosso papel social sempre foi divido em ser como Maria ou ser como Eva! E talvez por medo, nos dividiram, entre mulheres de verdade e aquelas de mentira. "As que são boas para casar, as que só são boas para amar" e as feministas.
Baseado sempre no sexo frágil, submisso e delicado. "Ah! Mulher não fuma, não bebe e não arrota, muito menos chama palavrões!" é o que é dito. Mulher tem que ser família, cuidar da casa, e começamos desde cedo se não com a boneca é nos cuidados com um irmã(o) menor.
E quando conseguimos conquistar nossos direitos cíveis, descobrimos que na realidade não é assim. A misoginia cresce e é tolerada; o tráfico de mulheres em todo mundo; meninas que se casam antes da adolescência e tantas outras formas de abusos dentro de casa, nas ruas e nos campos de refugiados. As que são violentados em período de guerra, e as que são violentadas nas faculdades e nas festas.
Ser mulher é guerrear todos os dias, é se libertar dessas amarras históricas, é pensar no plural, reivindicando por ela e por tantas outras. E após todos esses anos de vida, eu descobri que me tornei mulher há bem pouco tempo, mas me tornei. E que todas nós possamos nos perguntar se realmente nos tornamos mulheres, qual nosso verdadeiro papel dentro e fora de casa, e acima de tudo, mais união e menos julgamentos.

 EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (PROSA E CONTOS) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

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