segunda-feira, 23 de agosto de 2021

As Gueixas - CARLA DE SÀ MORAIS

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
Saibam mais do projecto Mulherio das Letras Portugal neste link
Conheçam a IN-FINITA neste link

Sigam-me na leitura destas linhas e descubram comigo o mundo das gueixas. Um mundo rico em cores e tradições, mas também em hierarquias.
Sempre me fascinou e intrigou, de certa forma, o papel que elas desempenharam e ainda desempenham na sociedade japonesa.
Frequentemente associadas à prostituição, as relações íntimas não eram sistematicamente acordadas entre elas e os seus clientes.
Bastante numerosas nos seculos 18 e 19, as gueixas eram mulheres extremamente refinadas e cultas, que ofereciam os seus serviços aos homens de posição social elevada como damas de companhia, dedicando o essencial do seu tempo à prática das artes tradicionais japonesas. Aliás, o termo - “gueixa” - significa literalmente: - “pessoa das Artes” -.
É preciso dizer que, aquando do seu aparecimento, no princípio dos anos 1710, as gueixas eram principalmente homens. Eles eram uma espécie de bobos das cortes locais, encarregados de divertir através do canto, e da música, os clientes dos salões de chá.
Foi pouco a pouco, que as mulheres começaram a invadir este meio e se vê então aparecer um número de gueixas que se tornaram célebres e depois, muito rapidamente, a partir de 1800, só elas existiam.
No decorrer dos anos, elas obtiveram não só um estatuto oficial, mas também uma regulamentação das suas atividades (onde a prostituição estava recomendada) e uma tarifa fixada pelo governo.
Um elemento indissociável da gueixa é o seu kimono de seda, atado atrás com um grande laço, também em seda: o “obi”. Por baixo, a gueixa veste uma combinação com uma gola que deve ser cosida ao kimono e descosida para o poder despir. É uma operação complexa que necessita de ajuda exterior.
A maquilhagem e o penteado duma gueixa, são perfeitas obras de arte que variam em função do estatuto de aprendiz ou profissional. A tez branca e os olhos maquilhados de preto, são para as aprendizas, a quem se dá o nome de - “maiko” -. Aquelas com mais experiência, maquilham-se muito menos e se as suas bocas ostentam um batom vermelho, as - “maiko” - só o passam no lábio inferior.
O penteado, não é idêntico entre as - “maiko” - e as gueixas e de ser realizado por mãos experimentadas, pois, terá de durar uma semana e,para não se despentearem enquanto dormem, têm de dormir com um apoio para nucas – takamakura -. Nos dias de hoje, algumas delas usam perucas para ganharem tempo quando se preparam.
As gueixas, foram consideradas como estando sempre no topo da moda até ao princípio do século 20, antes de se tornarem nas guardiãs da tradição japonesa até aos dias de hoje.
Ser uma gueixa, é sinónimo de sacrifício, pois desde a infância elas devem ligar os pés para que estes não cresçam demais e sejam considerados inestéticos.
Atualmente, as gueixas não são muito mais que 200 e a maior parte sediadas em Kyoto.
Todavia, tem-se notado um forte interesse por esta profissão, talvez devido a uma forte mediatização na televisão e também na Internet. Assim, cada vez mais, jovens mulheres postulam para aprendizas – maiko -, ao lado das célebres gueixas de Kyoto.
Muito mais haveria para dizer sobre este mundo das gueixas, ícones importantíssimos da cultura japonesa.

 EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (PROSA E CONTOS) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Sem comentários:

Enviar um comentário

Toca a falar disso