LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
Conheçam a IN-FINITA neste link
Tudo começou aos 36 anos com a minha primeira gestação. Em
meio ao silêncio daquela notícia ensurdecedora de que a gestação
não tinha evoluído, ouvi o grito de um desejo até então desconhecido:
eu queria ser mãe!
Precisei de tempo para entender. Eu já era mãe. Pouco importava
se estava com o bebê nos braços, ou se ele havia apenas passado
pelo meu ventre, a transformação já havia começado. Essa
criança cumpriu sua missão. Vivenciei o luto, me recolhi, busquei
respostas, me acolhi e me despedi dela, agradecendo por ter me
ensinado tanto em tão pouco tempo.
Celebrei meus trinta e sete anos com um misto de sentimentos:
a alegria da boa nova e o pavor de uma nova perda. Outro
aprendizado, essa tal maternidade é cheia de ambiguidades. E
assim, de mãos dadas com a alegria e com o medo vivenciei a
gestação.
Minha filha nasceu junina, numa noite chuvosa e fria. Quando
a vi, lembro de ter sentido como se o meu coração tivesse parado
por alguns instantes e do tremor que tomou conta do meu
corpo inteiro. Ela nascia, e eu renascia.
Começamos a escrever uma nova história, saímos da maternidade
não só com os braços preenchidos, mas com o coração
transbordando. Recordo-me que quando entramos em casa, nossas
paredes pareciam ter ganhado novas cores, estavam mais intensas,
vibrantes, como a gente! Novamente senti medo, medo
de não dar conta, medo de não bastar para ela. Aos poucos, fui
reconhecendo os dias cinzas que fazem parte de todo maternar.
Fundamental foi dar espaço para a cura.
Os meses foram passando e com eles, pequenas realizações e
grandes frustrações, frutos de uma expectativa inatingível que
criei. Por diversas vezes, me senti cansada, exausta, esgotada física
e mentalmente, logo deixei de lado minha meta de querer dar
conta de tudo.
EM - MÃES - COLECTÂNEA - IN-FINITA
Sem comentários:
Enviar um comentário
Toca a falar disso