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Nunca tive muita empatia por crianças, não era daquelas jovens
que desde sempre sonhava em ser mãe, que já sabia o nome da
criança se fosse menina ou menino. Durante a minha juventude
disse muitas vezes que eu seria uma mulher independente, sem
filhos e sem casamento.
A vida, no entanto, tinha outros planos e aos vinte e quatro
anos estava casada com uma filha a chegar. Tive a gestação mais
tranquila que se pode ter, trabalhei até o fim, engordei pouco e
me sentia bem, apesar de ter passado o verão de 2003 grávida,
não me custou nada. Eu me sentia mais pesada e cansada, mas
nada daquilo que ouvia de outras pessoas com enjoos e afins.
Achei que, afinal, não havia nada a temer e que tudo era menos
complicado do que pensava…
Foi com esse espírito tranquilo que numa madrugada, por
volta das seis e meia, acordei o meu marido para irmos para a
maternidade. E foi nessa manhã que tudo mudou…
As dores começavam a apertar e eu achava que não iria aguentar.
Quando estava perto do nascimento da criança, chamaram o meu
marido, pensei que seria mais fácil com o seu apoio, estava errada.
A única coisa que eu dizia era que: “Dói, isto dói muito!!!”, ao
que o meu marido se limitou a responder: “És uma medricas! Tens
que aguentar.”.
Aquela frase dita com uma frieza que jamais esperava de quem,
era suposto estar ali para me apoiar, me deixou sem chão. Depois
disso, retraí tudo o que sentia: a ansiedade, as lágrimas, as dores
e nada mais disse.
Quando a colocaram em cima de mim não me controlei mais
e chorei, o meu corpo começou a tremer como nunca tremera
antes. Sei hoje que era o libertar emocional de tudo o que tinha
bloqueado até a criança nascer, mas na altura nada sabia. Não
conseguia controlar o corpo, como se estivesse na rua em pleno
mês de dezembro com frio e totalmente despedida. Foi algo que
só anos mais tarde consegui estudar e entender/perceber aquela
reação, que igualmente passou despercebida ao meu marido.
EM - MÃES - COLECTÂNEA - IN-FINITA
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