O tempo. A vida. A invisualidade. A poesia. A imortalidade. E tudo o que envolve e está inserido nesses elementos, o livro POLICROMIA PARA CEGOS traz em todo o contexto da obra e além das entrelinhas. Um trabalho bem elaborado e lapidado por quatro mãos. As mãos que direcionam as palavras que bailam na não visão, mas que fazem ecos no sentir. A percepção dos poetas que atrevem-se a vivenciar experiências que não lhe são comuns para despertar a atenção para aqueles que nos rodeiam e diferem por estarem em paralelo e, ao mesmo tempo, em um mundo íntimo e desconhecido para nós, que temos um sentido a mais.
A liberdade de expressar o que supostamente é percebido de um modo diferente, em forma de poesia, com palavras utilizadas em completude e sintonia por dois poetas que fizeram da arte da escrita, e de vivências distintas, uma pequena e significativa obra que enternece e alimenta a alma, a cada página virada. O lirismo que escorre por entre as linhas e por nossos olhos úmidos, ao depararmos com a harmonia e a leveza poética de um estado não comum em nosso pensar. Perceber o outro, a vida e os seus significados além do que se vê. Entrar em um mundo tão particular, se deixar ficar, explorar e vivenciar sem pré-conceitos ou resistências.
Jesús Recio Blanco e Emanuel Lomelino mergulharam a fundo nessa escuridão que antevê a luz, a sensibilidade do olhar para o que não se vê, o tempo de construção poética, a arte intrínseca no mundo que se faz descoberto sem a experimentação, a percepção do sentido do outro, com suas vivências, dificuldades, agonias e libertação, a essência individual na análise cotidiana e a visão de quem está do lado de fora olhando para o não comum, convida o leitor a apurar os sentidos e desnudar-se do habitual.
POLICROMIA PARA CEGOS fala do tempo com ou sem limitações, fala da vida interior, do seu transbordar e da lição que ela nos traz, fala dos invisuais e de suas percepções, fala da imagem de uma escuridão iluminada, das experiências do outro que se faz oculto por um limite imposto, da imensidão do sentir dos poetas, da solidariedade e atenção, fala das diferenças. Fala da arte das palavras, desde a imagem da capa, ao pulsar inerente de cada poema, que transforma o instante da leitura em um fio condutor para o despertar da imortalidade, de uma outra visão, a interior, que ultrapassa a última página.
DRIKKA INQUIT
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