segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Cangalha do Vento (excerto XVII) - LUIZ EUDES

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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No meio do caminho havia uma casa, às margens da estrada, era da negra Esther, neta de escravos. Aos oitenta anos, ela não tinha mais forças para as duras tarefas da vida na roça. As suas pernas não respondiam mais ao desejo de manter-se de pé. Sentia- se velha e enfadada. 
Passava os fins de tarde a contemplar o sol pôr-se por trás das jaqueiras atrás da casa e quando chegava a noite e seus mistérios, ela rezava o rosário para afastar o medo e descansava o corpo pesado de mulher que pariu dezoito filhos numa cama de vara de cipó coberta por um colchão de palha seca de capim. Sempre que aparecia prenhe, o seu marido pedia-lhe; “me dê um filho homem, é melhor para ajudar-me nos roçados”. O marido foi-se e ela sentia a sua hora aproximar-se.

EM - CANGALHA DO VENTO - LUIZ EUDES - IN-FINITA

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