quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Cangalha do Vento (excerto XVI) - LUIZ EUDES

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Somente agora José Paulo sentia que haveria de voltar às lides rurais e este era o seu desejo. Não ia àquela região desde quando deixou o Junco, fugindo da seca num pau de arara cheio de ilusões e sonhos, naquele ano em que o Junco parecia querer ocupar um lugar no inferno, de tão quente. Somente agora sentiu a vontade invadir-lhe a alma, iria às lides rurais sim. É a sua sina, lidar com a terra. “Terra é sempre terra” dizia-lhe o pai, Aristeu, o herói do lugar. Cavar a terra, plantar as sementes, adubar, fazer a limpa, adubar de novo, colher o feijão, pendurar nos moleques para secar ao sol e esperar a noite de lua cheia para fazer a bata, regada a cachaça e cantos populares:
“Coragem, coragem,
Por cima do medo...
Coragem”.

EM - CANGALHA DO VENTO - LUIZ EUDES - IN-FINITA

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