segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Cangalha do Vento (excerto VI) - LUIZ EUDES

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Dona Anna, a sua bênção,

A minha intenção em escrever estas linhas para a senhora é para dar-lhe a boa notícia de que irá ganhar o seu primeiro neto e para pedir para a senhora rezar, para Nossa Senhora do Bom Parto dar uma boa hora a sua filha Maria.
Como a senhora sabe, não tenho boas lembranças de partos. Minha saudosa mãe morreu nessa hora, quando trazia ao mundo o seu décimo filho.
Dona Anna, a coisa aqui não está boa. Os anos estão de chumbo, a barra está pesada18. A metalúrgica onde eu trabalho pertence a um deputado e estão a falar por aqui que ele está envolvido com os comunistas. Todos nós funcionários estamos a ser vigiados. Todas as vezes que eu vou para casa, sinto como se alguém me seguisse. Nada tenho a ver com isto e não quero pagar o preço que um amigo meu
pagou: nós íamos a sair do trabalho quando dois homens o pegaram, jogaram no banco de trás de um carro escuro e o levaram, ainda não se sabe para onde. Deus me livre que eu não quero isto para mim!

EM - CANGALHA DO VENTO - LUIZ EUDES - IN-FINITA

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