Agradecemos à autora SARAH pela disponibilidade em responder ao nosso questionário
1
- Como se define enquanto pessoa?
Desde pequena, que o fascínio pela leitura e pela
escrita me assoberba de sobremaneira. Recordo-me desde cedo, que "bebia" os
livros infanto-juvenis ofertados pelos meus pais, durante as tardes de verão na
nossa casa de férias em Portimão (Algarve). Deliciava-me com a leitura, a minha
companheira, a amiga, a irmã dos meus tempos livres. Sem a leitura sentia-me
amputada naquelas tardes quentes de sol escaldante.
Hoje, mulher, mãe e Engenheira Química; amo a
ESCRITA e a CIÊNCIA, tal como Álvaro de Campos (Fernando Pessoa). Juntas, andamos de mãos dadas num
complemento consistente, numa incessante construção interior mergulhada numa
simplicidade crua.
Sou um ser humano simples que ama a sua família, o
seu POVO e que gera vocábulos e expressões que doam a sua essência de forma
gratuita.
2 - Escrever é uma necessidade ou um passatempo?
Da azáfama diária, nasce a minha vontade de dizer em
verso. Digo, com a veracidade que me assiste; que esta ARTE nasceu comigo!
A minha vontade de “gritar ao Mundo” brota com a vontade
de dizer…! Quando o cansaço aperta é a ESCRITA, o meu refúgio e a inquietude
que me conduz à paz interior. Abro a janela da minha alma e digo de mim e do
mundo. Fico aliviada… é uma NECESSIDADE!
3 - O que é mais importante na escrita, a espontaneidade
ou o cuidado linguístico?
A escrita é um RIO que desagua no MAR e quem escreve
porque gosta, tudo flui à imagem do vento que passa. A espontaneidade embutida
em purpurinas linguísticas concede um contexto apropriado, acoplado à
disseminação precisa da PALAVRA.
A mensagem deve atingir todos os que veem na escrita
uma mensagem a reter para construir ou para modificar.
4 - Em que género literário se sente mais
confortável e porquê?
Sinto-me “aconchegada” no dizer de Fernando Pessoa
expressa na ambiguidade dos sentimentos mais obscuros. Com Sophia de Mello
Breyner Andresen, vejo-me na praia e no mar, assoberbada pelo encanto das
PALAVRAS. Bebo incessantemente os apelos do Homem da Palavra – Eugénio de
Andrade; que me faz meditar e repensar antes de influir…!
São estes génios da Literatura que me presenteiam
com a imaginação, que tento guardar dentro de mim sempre. Creio que a minha
composição literária é matizada em prosa e poesia; que irrompe dizendo o que me
aflige, que me conserta e me faz FELIZ.
5 - O que pretende transmitir com o que escreve?
ESCREVER é pintar o cosmos com letras embutidas em
mensagens/odes, expressando o que me vai na Alma!
Não conjeturo que viva sem dizer o que sinto.
Preciso da escrita como do ar que respiro. É ela, a seiva de nutrientes que me instiga,
sustenta e fortalece.
Careço de cantarejar em pautas de palavras soltas,
tocando levemente nos que se revêm na minha escrita.
6 - Quais as suas referências literárias?
Tal como já referi, Fernando Pessoa – o Mestre
reconhecido além-mar com a sua Ode Triunfal.
Se eu te quisesse…
de Luísa Ramos (a minha mãe), um romance que versa o tema dos órfãos de pais
vivos numa sociedade que se tem vindo a degradar, diariamente e ao compasso do
próprio tempo que passa. Lisboa é a urbe onde tudo acontece e até o Tejo
chorou, quando o João foi capaz de refutar aquela que sempre o rejeitou.
Outro livro, O Ano da Morte de Ricardo Reis de
José Saramago (o nosso nobel da literatura) onde um EU encontra outro EU e só
percebe que viveu porque escreveu sobre ele. Tanta gente que à imagem de
Ricardo Reis não vive, vegeta. As mulheres chamadas a intervir são personagens
da nossa sociedade com as quais nos cruzamos diariamente, mas delas pouco
conhecemos, porque ou não interessa ou estão a mais…!
7 - O que acredita ser essencial na divulgação de
obras literárias?
A enfatização do sentimento – do ESCRITOR/AUTOR - pautado
em palavras soltas concertadas. É
primordial a sua disseminação, uma vez que são estes os detentores e
anunciantes de pensamentos enclausurados de muita GENTE. São a Voz da Humanidade sôfrega e afortunada!
8 - O que ambiciona alcançar no universo da escrita?
Ambiciono fruir do prazer em escrever e a escrita é
ARTE e só a consome quem gosta. Se a sociedade hoje vive entretida com as redes
sociais e se não lê o artista da palavra não pode fazer nada, logo urge que se
escreva, mais que não seja para gosto próprio e para equilíbrio emocional –
dever cumprido (sensação).
9
- Porque participa em trabalhos colectivos?
É um júbilo a participação, uma vez que me dou a
conhecer ao MUNDO na forma “desnudada” de princípios, desalgemada de preceitos
rígidos. É desta forma que entorno o líquido da minha alma e apresento-me na
forma crua, fruto de uma batalha dorida e vencida!
10
- Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?
Uma pergunta que já me foi feita: “O seu
livro é a sua obra de arte, o que o distingue dos outros?”
Resposta: Não. O meu livro é um filho feito de
mensagens. Nada o distingue dos outros porque cada artista diz do que vê, sente
ou pressente; logo não há livros iguais porque somos são todos diferentes.
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