quinta-feira, 6 de agosto de 2020

DEZ PERGUNTAS CONEXÕES ATLÂNTICAS A... SARAH


Agradecemos à autora SARAH pela disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Como se define enquanto pessoa?

Desde pequena, que o fascínio pela leitura e pela escrita me assoberba de sobremaneira. Recordo-me desde cedo, que "bebia" os livros infanto-juvenis ofertados pelos meus pais, durante as tardes de verão na nossa casa de férias em Portimão (Algarve). Deliciava-me com a leitura, a minha companheira, a amiga, a irmã dos meus tempos livres. Sem a leitura sentia-me amputada naquelas tardes quentes de sol escaldante.
Hoje, mulher, mãe e Engenheira Química; amo a ESCRITA e a CIÊNCIA, tal como Álvaro de Campos (Fernando  Pessoa). Juntas, andamos de mãos dadas num complemento consistente, numa incessante construção interior mergulhada numa simplicidade crua.
Sou um ser humano simples que ama a sua família, o seu POVO e que gera vocábulos e expressões que doam a sua essência de forma gratuita.

2 - Escrever é uma necessidade ou um passatempo?

Da azáfama diária, nasce a minha vontade de dizer em verso. Digo, com a veracidade que me assiste; que esta ARTE nasceu comigo!
A minha vontade de “gritar ao Mundo” brota com a vontade de dizer…! Quando o cansaço aperta é a ESCRITA, o meu refúgio e a inquietude que me conduz à paz interior. Abro a janela da minha alma e digo de mim e do mundo. Fico aliviada… é uma NECESSIDADE!

3 - O que é mais importante na escrita, a espontaneidade ou o cuidado linguístico?

A escrita é um RIO que desagua no MAR e quem escreve porque gosta, tudo flui à imagem do vento que passa. A espontaneidade embutida em purpurinas linguísticas concede um contexto apropriado, acoplado à disseminação precisa da PALAVRA.
A mensagem deve atingir todos os que veem na escrita uma mensagem a reter para construir ou para modificar.

4 - Em que género literário se sente mais confortável e porquê?

Sinto-me “aconchegada” no dizer de Fernando Pessoa expressa na ambiguidade dos sentimentos mais obscuros. Com Sophia de Mello Breyner Andresen, vejo-me na praia e no mar, assoberbada pelo encanto das PALAVRAS. Bebo incessantemente os apelos do Homem da Palavra – Eugénio de Andrade; que me faz meditar e repensar antes de influir…!
São estes génios da Literatura que me presenteiam com a imaginação, que tento guardar dentro de mim sempre. Creio que a minha composição literária é matizada em prosa e poesia; que irrompe dizendo o que me aflige, que me conserta e me faz FELIZ.

5 - O que pretende transmitir com o que escreve?

ESCREVER é pintar o cosmos com letras embutidas em mensagens/odes, expressando o que me vai na Alma!
Não conjeturo que viva sem dizer o que sinto. Preciso da escrita como do ar que respiro. É ela, a seiva de nutrientes que me instiga, sustenta e fortalece.
Careço de cantarejar em pautas de palavras soltas, tocando levemente nos que se revêm na minha escrita.

6 - Quais as suas referências literárias?

Tal como já referi, Fernando Pessoa – o Mestre reconhecido além-mar com a sua Ode Triunfal.
Se eu te quisesse… de Luísa Ramos (a minha mãe), um romance que versa o tema dos órfãos de pais vivos numa sociedade que se tem vindo a degradar, diariamente e ao compasso do próprio tempo que passa. Lisboa é a urbe onde tudo acontece e até o Tejo chorou, quando o João foi capaz de refutar aquela que sempre o rejeitou.
Outro livro, O Ano da Morte de Ricardo Reis de José Saramago (o nosso nobel da literatura) onde um EU encontra outro EU e só percebe que viveu porque escreveu sobre ele. Tanta gente que à imagem de Ricardo Reis não vive, vegeta. As mulheres chamadas a intervir são personagens da nossa sociedade com as quais nos cruzamos diariamente, mas delas pouco conhecemos, porque ou não interessa ou estão a mais…!

7 - O que acredita ser essencial na divulgação de obras literárias?

A enfatização do sentimento – do ESCRITOR/AUTOR - pautado em palavras soltas concertadas.  É primordial a sua disseminação, uma vez que são estes os detentores e anunciantes de pensamentos enclausurados de muita GENTE.  São a Voz da Humanidade sôfrega e afortunada!

8 - O que ambiciona alcançar no universo da escrita?

Ambiciono fruir do prazer em escrever e a escrita é ARTE e só a consome quem gosta. Se a sociedade hoje vive entretida com as redes sociais e se não lê o artista da palavra não pode fazer nada, logo urge que se escreva, mais que não seja para gosto próprio e para equilíbrio emocional – dever cumprido (sensação).

9 - Porque participa em trabalhos colectivos?

É um júbilo a participação, uma vez que me dou a conhecer ao MUNDO na forma “desnudada” de princípios, desalgemada de preceitos rígidos. É desta forma que entorno o líquido da minha alma e apresento-me na forma crua, fruto de uma batalha dorida e vencida!

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

Uma pergunta que já me foi feita: “O seu livro é a sua obra de arte, o que o distingue dos outros?”
Resposta: Não. O meu livro é um filho feito de mensagens. Nada o distingue dos outros porque cada artista diz do que vê, sente ou pressente; logo não há livros iguais porque somos são todos diferentes.

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