Agradecemos à autora MARIA ELIZABETE NASCIMENTO OLIVEIRA pela disponibilidade em responder ao nosso questionário
1
- Como se define enquanto pessoa?
Andarilha.
Um ser incompleto e desajustado, repleto de dúvidas, de loucuras e de sonhos
quase impossíveis de serem realizados numa única vida. Um “eu múltiplo feito de
histórias singulares”.
2 - Escrever é uma necessidade ou um passatempo?
Escrever é uma necessidade. O jeito que encontrei de
fazer visita às outras que moram em mim, sair do lugar comum, viajar por lares
desconhecidos e andar em areias movediças.
3 - O que é mais importante na escrita, a espontaneidade
ou o cuidado linguístico?
Os dois são importantes. Porém, sempre opto pela
espontaneidade, pelas singularidades que completam as lacunas do ser e que,
muitas vezes, não vêm ao encontro de normas e/ou convenções.
4 - Em que género literário se sente mais
confortável e porquê?
Na poesia. Ela me possui, faz morada em mim, atinge-me
do jeito mais sublime e necessário porque “[...] preciso me navegar para não
morrer afogada”. Penso que “em poesia explode rizomas de existência” que
permitem viver/sonhar algumas liberdades.
5 - O que pretende transmitir com o que escreve?
Apenas me permitir a vida em exaustão, nunca
transmitir. Sei muito pouco para transmitir ou ensinar. Um pouco repleto com fagulhas
de nadas e com silêncios absurdos. “Na vida, o que não te ensina, te aprende”.
6 - Quais as suas referências literárias?
Adélia Prado. Cecília Meireles. Clarice Lispector.
Conceição Evaristo, entre outras mulheres que rechearam seus medos com coragem,
com resistência e com ousadia.
7 - O que acredita ser essencial na divulgação de
obras literárias?
Cuidado, tanto com a elaboração discursiva, quanto
com a imagética. É um tipo de trabalho onde as linguagens precisam ter
musicalidade.
8 - O que ambiciona alcançar no universo da escrita?
Escrevo e, o resto, o cosmo se encarrega. Penso que
a escrita é fio que viaja entre os tempos. Portanto, quando menos se espera,
retorna. Sem necessidade de prévias e/ou antecipações, “o tempo da razão
esvaindo e feito só de água de rio”.
9
- Porque participa em trabalhos colectivos?
O
estar com outras pessoas é divino, especialmente, em sonhos coletivos relacionados
à poesia que enchem-nos de utopias, de esperanças e de bem querer. Os trabalhos
coletivos são encontros que nos permitem fugir da realidade e/ou da sociedade
hipócrita, excludente e mesquinha em que vivemos.
10
- Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?
Quais
as três coisas essenciais na sua vida? Família. Poesia. Mar. Combustíveis que
alimentam a minh’alma e potencializam o meu viver.
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