segunda-feira, 20 de julho de 2020

DEZ PERGUNTAS MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL... ANAMARIA ALVES


Agradecemos à autora ANAMARIA ALVES pela disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Qual a sua percepção para essa pandemia mundial? 

Horrenda. E no caso do Brasil, pior que horrenda. Covas coletivas sendo abertas e o fosso da desigualdade se intensificando. Estamos todos doentes. Medo e raiva vêm se tornando doenças no Brasil.

2 - Enquanto autora, esse momento afetou o seu  processo produtivo? Em tempos de quarentena, está menos ou mais inspirada? 

Menos. Mas tenho mais tempo em casa, o que me possibilita responder em verso ou prosa a todo chamado da inspiração. 

3 - Quando isso passar, qual a lição que ficou?

A de lutar ainda mais por mim e pelos meus, respeitando a todos os outros seres. A de fraternidade real. A de cuidado e carinho. A de olhar com atenção à volta e perceber o mínimo. A de ver beleza em quase tudo que me cerca. 

4 - Os movimentos de integração da mulher, influenciam no seu cotidiano?

Muito. Somos e temos que ser umas pelas outras. Essa semana tive um exemplo clássico de como alguns homens tentam nos colocar umas contra as outras e nos ensinam a ter medo e ódio por nossas irmãs e consequentemente por nós mesmas. Cabe a nós revertermos isso amando e cuidando cada vez mais umas das outras. Amor cura.

5 - Como você faz para divulgar os seus escritos ou a sua obra? Percebe retorno nas suas ações?

Atualmente as mídias sociais têm sido a maior arma. Mas enquanto pesquisadora de Literatura, morro de saudades das Jornadas e Congressos acadêmicos onde em quase todas as vezes fui falar da minha escrita e inspiração. 

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita para a mulher?

Ser mulher é o ponto positivo. O ponto negativo é o cerceamento masculino que, desde Rachel de Queiroz, vem nos invisibilizando na literatura. Explico: quando saiu "O quinze", da célebre autora, um escritor disse: "Rachel de Queiroz? Uma mulher não teria escrito um livro como esse! Isso deve ser pseudônimo de um barbudo!" Veja que até nisso, que pode ser entendido como piada, há descrença na competência feminina. É isso que enfrentamos todos os dias.

7 - O que pretende alcançar enquanto autora? Cite um projeto a curto prazo e um a longo prazo.

Enquanto escritora Quilombola quero que meus contos e poemas rodem o mundo. E sei que merecemos isso, pois nós, Quilombolas somos parte importante da História do Brasil. Meus contos e poemas são histórias reais do Quilombo. Esse é meu projeto de curto, médio e longo prazo. Escrever. Alguns dizem que sou boa nisso! Acredita? Mundo louco esse! Rs

8 - Quais os temas que gostaria que fossem discutidos nos Encontros Mulherio das Letras em Portugal?

Falar de escrita feminina e da jornada de cada uma de nós. É sempre uma riqueza e uma dádiva poder dividir essas experiências.  

9 - Sugira uma autora e um livro que lhe inspira ou influencia na escrita.

Elisa Pereira e o "Memórias da pele", livro forte e inspirador que me gestou enquanto pesquisadora. É minha vida esse livro.
Dra. Constância Lima Duarte, procurem no Google e leiam TUDO que encontrarem dessa escrita que é cirúrgica, mas também musical e poética, gostosa como canção de ninar criança e necessária a toda mulher. No "portal literafro" há artigos e ensaios dela. O livro "Falas do outro" também traz esta maravilha.
Bruna Kalil Othero mudou a minha vida com o "Anticorpo".
Simone Teodoro e o "Também estivemos em Pompéia" me arrebatou. 
Ana Paula Sobrinho e os "Beijos de Marfim" que, resumindo, fizeram carinho na minha alma.
Perdão, gente, são muitos! MAS LEIAM!

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia

Pergunta: Que tal mimir?
Resposta: Sim. Ja. Yes. Oui. Vou até sonhar em quatro idiomas. E agradecer a Deus porque o impossível é logo ali. Caminhemos só mais um pouco…

Obrigada, leitor!

Adendo: Obrigada, Adriana Mayrinck! Vc é fonte inspiradora! 

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