terça-feira, 7 de julho de 2020

DEZ PERGUNTAS CONEXÕES ATLÂNTICAS A... DANIEL BRAGA


Agradecemos ao autor DANIEL BRAGA pela disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Como se define enquanto pessoa?

Alguém que ama o que faz profissionalmente (professor de matemática), muito solidária, culturalmente evoluída, que respeita as opiniões de cada um mesmo discordando delas e que acima de tudo respeita e considera a liberdade e a cidadania cívica como algo indissociáveis à sua personalidade. Odeia qualquer forma de discriminação, mas não pactua com formas de violência como modo de protesto e de condenação. Tudo se resolve pela reconciliação e pela paz e com diálogo pois esta a forma mais eficaz de se afirmar o contraditório e a discordância.
Sou timorense de nascimento, adoro e respiro Timor-Leste e digo sempre que tenho duas Pátrias: Portugal e Timor.

2 - Escrever é uma necessidade ou um passatempo?

Escrever é uma necessidade e uma das formas de expressão e comunicação que considero essenciais na vida de qualquer pessoa e ainda por cima quando sou um Educador. A escrita e a oralidade não se podem dissociar nunca na profissão que exerço com muito carinho, crença e determinação: a docência.

3 - O que é mais importante na escrita, a espontaneidade ou o cuidado linguístico?

Penso que as duas vertentes andam intimamente ligadas para mim. A espontaneidade é um fator importantíssimo na poesia e na escrita (nem sempre estamos inspirados) mas o cuidado e o rigor linguístico também. Não concebo alguém que escreve a dar erros ortográficos grosseiros e faz-me muita impressão aqueles que dizem tudo o que lhes apetece sem terem o cuidado de ir ver ao léxico gramatical da internet (google, por exemplo) quando têm dúvidas ou não sabem escrever qualquer palavra. E nas redes sociais vê-se muito isso o que me faz muita impressão.

4 - Em que género literário se sente mais confortável e porquê?

A forma de escrever é só minha e acima de tudo descrevo os meus estados d’alma. Escrevo poesia com uma simplicidade não de um poeta (que o não sou) mas de um escrevinhador de poesia, procurando descrever sentimentos e sensações que me vão na alma.  Na prosa acontece o mesmo. Descrevo histórias e falo de temas que acho importantes abordar sob o meu ponto de vista. Não sou propriamente um contador de histórias, mas gosto de falar e contar tudo o que me vai no íntimo sobre qualquer assunto seja ele atual ou não. Fiz parte e faço parte de vários projetos ou espaços de cidadania e, por isso, também abordo muito temas que têm a ver com a política e o estado de coisas que se vai assistindo. Fiz parte durante cerca de 10 anos de um espaço cívico muto importante - o CLUBE DOS PENSADORES (que já não existe) – e aí fui manifestando as minhas opiniões enquanto cidadão ativo e atento do que se passava. Um dia farei um livro de crónicas (a pensar e já em andamento…). Não espero concordância com tudo o que digo, mas apenas liberdade de pensamento e respeito (é isso que faço com os outros. As críticas devem ser sempre manifestadas e aconselhadas, mas como formas construtivas de troca de conhecimento e outros olhares e perspetivas.

5 - O que pretende transmitir com o que escreve?

Já respondi atrás um pouco sobre esta questão. Transmitir os meus olhares, as minhas perspetivas e os meus estados d’alma. Gostar do olhar do outro e do que me transmitem e veem. Mesmo as críticas são sempre bem-vindas desde que construtivamente e sob a forma de melhorias para uma evolução que se quer e se deseja.

6 - Quais as suas referências literárias?

As minhas referências vão muito para o olhar de autores menos modernos entre os autores portugueses. Autores com Eça, Camilo, Fernando Namora, Pessoa, Natália Correia, Florbela Espanca, José Cardoso Pires, Luís de Sttau Monteiro, Ary dos Santos, Miguel Torga e Saramago dizem-me muito. Ultimamente também me debruço muito sobre os autores lusófonos nomeadamente o timorense Luís Cardoso de Noronha (meu antigo companheiro de escola), um autor consagrado em Portugal,  Fernando Sylvan (também poesia e já falecido) , Alda Lara Mia Couto, Pepetela, Ondjaki e também José Luís Peixoto, Valter Hugo Mãe e Lobo Antunes, para dizer apenas aqueles que me vêm à memória no momento. Obras que mais marcaram – destes autores referidos – são muitas e seria fastidioso estar aqui a mencioná-las, mas as minhas primeiras leituras foram: A cidade e as Serras (Eça), A tragédia da Rua das Flores (Eça), A balada da praia dos cães (Cardoso Pires), Retalhos da vida de um médico (Fernando Namora). Mais tarde e ao longo do tempo, Ensaio para a cegueira e Memorial do Convento (Saramago)e ainda as obras de Luís Cardoso, a últimas das quais “Para Onde vão os Gatos quando morrem” (excecional). Pelo meio existem muitas outras leituras de autores já mencionados.

7 - O que acredita ser essencial na divulgação de obras literárias?

O olhar íntimo do autor e a mensagem que pretende transmitir através de uma prosa e /ou poesia bem cuidada e clara. Há obras que depois de lidas merecem ser relidas e aprofundadas para um melhor conhecimento da mensagem que numa primeira analise não foi totalmente compreendida ou assimilada. O importante está naquilo que o autor pretende transmitir na sua escrita que deve ser cuidada, clara e muito bem expressa linguisticamente. A apresentação da obra também é importante porque é usual dizer-se que os olhos também emitem opinião.

8 - O que ambiciona alcançar no universo da escrita?

Nada de especial. Escrevo por gosto. Como já disse não sou escritor, nem poeta, apenas gosto de escrever por prazer e de transmitir aquilo que sinto. Os meus olhares, as minhas perspetivas e os meus estados d’alma. Apenas e só. Não é ser-se humilde porque até acho que não escrevo mal. Mas sem pretensiosismos de qualquer espécie. A minha vida é a docência, mas se puder juntar-lhe umas pitadas do que escrevo, sinto-me realizado. Mas gostaria de escrever e ver publicado o que transmito. Mas sem exageros e com uma dose de equilíbrio. Se gostarem ótimo, senão muito bem na mesma, pois quem escreve seja por veia  artística inata, seja apenas por gosto deve estar aberto às críticas desde que venham no sentido da melhoria e da evolução.

9 - Porque participa em trabalhos coletivos?

Porque aprecio e acho que é mais o meu mundo. Gosto de conhecer outros autores, o que fazem e o que transmitem. Faz parte da minha aprendizagem. E nas várias coletâneas participadas ou não, vi sempre gente de muito valor artístico e poético com quem me identifico. Acho que nos faz melhores pessoas e melhores autores. Aprendemos uns com os outros. Revelam-se neste tipo de participações muitos talentos e Portugal não é só o País dos Eças, Pessoas e Saramagos. É muito mais do que isso. E em cada um de nós há uma veia poética ou prosadora que merece ser conhecida e partilhada. E isso as várias coletâneas fazem muito bem essa partilha e divulgação.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

Se alguma vez me dedicaria exclusivamente à escrita e à poesia. Redondamente a resposta seria não! Gosto muito da escrita, da poesia, da opinião literária, mas gosto fundamentalmente do que faço – ser professor e ensinar. Um dia, reformando-me continuarei a escrever, mas em simultaneamente dedicar-me-ei a outras atividades como a solidariedade, a pintura e os jogos lúdicos matemáticos, a minha área preferida. Sonho com um dia poder, já fora do ensino, ter, eventualmente um centro didático de exploração da área didática e lúdica dos jogos- essencialmente de tabuleiro, principalmente para miúdos e jovens carenciados. Mas isto é apenas um sonho, que se poderá concretizar, ou não…, mas “estúpido” e sem nada fazer não ficarei com toda a certeza. Tenho muito por onde escolher e manter-me ativo.

2 comentários:

  1. Muito obrigado pela oportunidade. Um abraço de muito sucesso.

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    1. Gratos pelo apoio através da sua participação poética.

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