terça-feira, 7 de julho de 2020

A jovem heroína - FLAVIA ALICE

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A cidadela estava cercada pelos invasores. Homens bárbaros vindos de regiões que os aldeões mal conseguiam pronunciar nome. Do norte diziam alguns, tão gélidas que no inverno só o branco da neve se via por toda parte. A invasão era eminente. Bravos soldados já estavam mortos pela praça principal perto da Igreja. Uma mulher se aproxima e reconhece o corpo de seu marido acertado por uma flecha bem no coração. Revoltada com o ocorrido. Começou a crescer uma raiva, uma coragem sem igual precisava fazer algo para defender seus amigos e vizinhos que eram considerados, para ela, como sua família, já que não tinha herdeiros e seu único companheiro se fora nesta batalha sangrenta.
Ela não sabe de onde veio essa força que a arrebatou de tal forma, que agarrou a espada do marido e seu escudo e subiu para a torre mais alta que defendia a muralha contra os inimigos. Empunhou a espada com a mão ereta e o escudo protegendo seu corpo com a outra. Com um olhar fixo para o céu como se chamasse pela ajuda de algo Superior Divino a ela. Uma faixa de luz do sol a irradiou com uma intensidade tão forte que não tinha como não perceber aquela imagem na torre. Os invasores ao vê-la nessa posição tão expressiva e corajosa pararam e ficaram por alguns minutos sem saber o que fazer. Quem era ela? O que pretendia fazer? Seria algo divino ou um demônio pensavam alguns. Para outros, seria um aviso de que havia centenas como ela a espera dentro do vilarejo para o ataque final. Estavam confusos. Aquela imagem realmente era uma mulher ou um homem disfarçado? Reuniram-se para discutir o que fazer diante daquela situação inesperada. Cautela dizia um bárbaro experiente, melhor atacar outro dia. Vamos trazer mais homens por precaução.
Por fim, resolveram ir embora. Não estavam seguros sobre o que poderia acontecer se invadissem. E não retornaram mais, pois aquela imagem ficou em suas mentes como uma mensagem de não atacar mais este lugar estranho para eles. Assim, o pequeno povoado se libertou daquela agonia de sobrevivência: viver ou morrer.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (PROSA E CONTOS) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

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