sexta-feira, 17 de julho de 2020

A casa da discórdia - LÚCIA ENEIDA FERREIRA MOREIRA

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Hospedaram-se, na casa da Discórdia, a Inveja, o Ciúme e a Traição. Viviam em pé de guerra, medindo forças e competindo para ver quem conseguia se superar no quesito maldade.
O pároco daquele vilarejo soube que acabara de chegar esses habitantes inconvenientes e que haviam se instalado na “Rua dos Horrores”. Ninguém se atrevia a passar em frente com medo de receber maledicências.
Havia murmurinhos por toda a vila. As fofoqueiras corriam de casa em casa contando as novidades; as crianças estavam amedrontadas; os homens não sabiam o que fazer e as mulheres meteram o pau a rezar...
O prefeito, descontente com a chegada desses impostores, pediu ajuda à igreja para tentar torná-los pessoas melhores. O padre reuniu os fiéis e sugeriu formar um “Esquadrão do Amor” para enfrentar o “Esquadrão do Terror”. Na homilia ele falava:
“Que a terra se abra ao amor e germine o Deus Salvador”. Assim nascia mais um novo ano e com ele foram plantadas as sementes da solidariedade e da fraternidade no coração da população. A luz da esperança iluminava cada rua, cada casa, com exceção da casa da Discórdia. Por quê? Com o tempo perceberam que havia uma nuvem escura que saía dali e que era capaz de gerar os conflitos.
O esquadrão do amor era formado pela Bondade, a Felicidade, o Perdão e, claro, o Amor. Todos muito bonitos, de bem com a vida, felizes, amorosos e bem resolvidos espiritualmente. Eles passavam em cada rua com um sorriso largo no rosto distribuindo simpatia. Finalmente quando chegaram à casa da Discórdia, viram logo na entrada várias placas com os dizeres: “Você não é bem-vindo!” “Não entre!” “Saia daqui!”
Decidiram, então, montar acampamento em frente àquela casa a espera que saísse alguém. Quem primeiro saiu foi o Ciúme. Estava enfurecido pois achava que tinha sido traído pela Inveja pois soubera, através da Discórdia, que a Traição estava de caso com ela. O Esquadrão do Amor cercou-o e cada vez que ele se lamentava, a bondade o aconselhava a ser melhor; a felicidade sorria alegremente e o perdão ensinava que ele iria se sentir em paz se conseguisse deixar de lado as emoções negativas e passasse a desejar o bem ao outro. O Amor dizia que ele é o sentimento mais sublime e citava a Bíblia: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.”
O ciúme viu que ele poderia ter mais confiança nas pessoas e ser feliz. Foi confiante e segurando a mão do Amor que ele conseguiu mudar seus colegas. A Inveja passou a ter abnegação; a Discórdia era mais amiga; e a Traição conheceu o que era dignidade.
A nuvem pesada que sobrevoava aquele ambiente desapareceu e a paz reinou naquele lar. Desde então todos ficaram mais felizes e passaram a conviver em harmonia entre si.
Nas missas, aos domingos, todos os habitantes do pequeno vilarejo se encontravam, louvavam ao Senhor, celebravam a paz e viam que a graça de Deus crescia em cada um deles, através do Espírito Santo de amor que Jesus enviava. E foi assim que a união, a harmonia, a felicidade e o amor reinaram absolutos em cada lar daquele lugarejo.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (PROSA E CONTOS) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

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