LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
Saibam mais do projecto Mulherio das Letras Portugal neste link
Conheçam a IN-FINITA neste link
O nó na garganta não se desfez com o gelado de chocolate. O calor do verão não lhe é capaz de aquecer a alma outonal. A respiração pesa. Sente-se presa numa torre que não é de marfim. Não está à espera de príncipe algum. Não necessita ser resgatada. Apenas queria que o mundo não lhe pesasse sobre os ombros. Gostava de ser leve como as raparigas da sua idade, mas não era possível.
Nascera velha. Tinha a certeza disso. Não era uma velhota resmungona, mas resignada. O senso de responsabilidade era o seu carrasco e, quando queria ser borboleta, escrevia, escrevia e escrevia.
Qualquer dia, metia-lhe uma mochila às costas e iria a conquistar os reinos. Tinha pena, não medo.
Precisava de crescer as asas para levar os que ainda não sabem voar. Não sabe explicar a dor do crescimento, aliás não gosta de falar de dores, apenas planos de voo a compartilhar. Não completamente. Tampouco com todos. Reparte vislumbres mais verossímeis. Se a dor não é fácil de explicar, ainda menos o é a força que a faz superar. Não é heroísmo. Na vida, os heróis sempre morrem prematuramente. Ela simplesmente vive. A vida é que não é simples em lugar algum.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Toca a falar disso