sábado, 13 de junho de 2020

DEZ PERGUNTAS MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL - ANIETE GOES

Agradecemos à autora ANIETE GOES pela disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Qual a sua percepção para essa pandemia mundial?

A consciência de que somos interligados e a essência da humanidade está presente em cada pessoa que habita este planeta, esteja perto ou distante.
A constatação de que a ação local interfere no movimento global, por isso a necessidade da responsabilidade ambiental, solidariedade e respeito pela vida em todas as suas dimensões, é imprescindível.
Estamos sendo obrigados a repensar em nossos valores e atitudes, o que temos de pior está visível e o melhor está em ação economizando e salvando vidas. Afinal o que fazemos com a nossa curta e passante existência? O que somos e como lidamos com o outro, o convivente, o oponente, o diferente?

2 - Enquanto autora, esse momento afetou o seu  processo produtivo? Em tempos de quarentena, está menos ou mais inspirada?

No meu caso já entrei nesta pandemia com uma perda recente de um ente querido, lidar com o luto num isolamento social está sendo um desafio emocional e espiritual. Em alguns momentos consigo estar inspirada, em outros me sinto bloqueada, mas refletindo, lendo e exercitando a minha resiliência.

3 - Quando isso passar, qual a lição que ficou?

Que tudo passa e deixa marcas, provoca mudanças transformadoras, indica que o nosso processo como humanos é coletivo, e este está ancorado no comprometimento individual com a existência. A tão decantada empatia e alteridade é um imperativo de sobrevivência, ou nos compreendemos no conjunto ou seremos dizimados. Amar é uma escolha de quem está sensibilizado com a convivência. Equilíbrio emocional, tolerância, aceitação e gentileza são pré-requisitos para o bem-estar comum. A paz integrada a atitudes constantes de sensibilidade social é uma necessidade vital.

4 - Os movimentos de integração da mulher influenciam no seu cotidiano?

Com certeza, a sororidade é uma bandeira sem a qual não existe defesa do feminino no mundo masculinizado. Participo como voluntária em ações educativas de combate a violência doméstica, como profissional de desenvolvimento humano faço palestras sobre autoestima da mulher, participo de um grupo de mulheres que se orientam, se informam e se unem em defesa das instituições no pandemônio da atual conjuntura política e social do nosso país.

5 - Como você faz para divulgar os seus escritos ou a sua obra? Percebe retorno nas suas ações?

Sou professora, palestrante, e treinadora tenho oportunidade de divulgar e vender meus livros com alunos, participantes de trabalhos de capacitação, e nas mídias sociais assim como tenho participado de antologias e concursos nacionais. A produtora cultural dos meus escritos é jornalista e facilita a divulgação sempre que necessário.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita para a mulher?

Acredito que atualmente temos muitos movimentos favoráveis à escrita da mulher que tem facilitado bastante a produção e divulgação do pensamento feminino, embora estejamos ainda em grande desvantagem em relação ao escritor masculino.

7 - O que pretende alcançar enquanto autora? Cite um projeto à curto prazo e um a longo prazo.

A produção de dois trabalhos de escrita poética, já concluídos, “Autoconhecimento em Poemas” e “Poesia no Cotidiano”. Um canal no Youtube sobre o comportamento humano no trabalho e na vida, dialogar a questão essencial da autoestima, processo relacional, autoconhecimento, relaxamento mental e físico bem como temáticas do cotidiano feminino.

8 - Quais os temas que gostaria que fossem discutidos nos Encontros Mulherio das  Letras em Portugal?

A busca do autoconhecimento, a poesia como resistência do pensamento feminino.

9 - Sugira uma autora e um livro que lhe inspira ou influencia na escrita.

“De Coração a Coração”, Cora Coralina...

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

O que significa a escrita no processo evolutivo da minha existência como mulher?
Além de ser uma terapia, é uma forma de fazer valer o que penso, acredito e realizo. É um ato de resistência, liberdade, um hábito salutar de exercício mental, emocional, espiritual. Uma atividade de desprendimento e autoconhecimento afinal “quando escrevo, eu existo”.  

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Toca a falar disso